sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

FELIZ ANO VELHO!

Jorge Vieira*

Parafraseando o presidente Lula, entre tsunami e marola, o Brasil vive um período de turbulência econômica e social, sem sobressalto político. Apesar das dificuldades que enfrenta, a maioria da população brasileira conseguiu um leve patamar de bem-estar e estabilidade na organização familiar. Mas, pelo cenário que se avizinha, põe em risco a permanência dessas pequenas conquistas.
No campo macro-econômico se ressalta os pontos positivos da atual política implantada pelo governo brasileiro. Visto que, na onda neoliberal internacional, os gestores mesclaram a política smithiana com a keynesiana, utilizando o discurso do clássico liberalismo econômico com o bem-estar social. Por um lado, incentivando e apoiando financeiramente o mercado; por outro, com mitigada distribuição de renda para as classes excluídas.
As políticas compensatórias conseguiram criar um ambiente positivo na renda familiar, facilitando o amortecimento das demandas e reivindicações históricas dos movimentos sociais. O que não seria possível sem o auxílio e conivência da grande mídia, sempre de plantão para acolitar os grandes interesses do capital internacional.
A chave de leitura da alta popularidade presidencial está na articulação dessa política econômica com uma base política conservadora, corroborada pela desmobilização das organizações e movimentos populares. A sociedade, envolta no consumismo imediatista, encontra-se amortecida e apática diante dos acontecimentos, incapaz de pensar um projeto a médio e longo prazo.
Como conseqüência direta da política interna e em nível internacional, percebe-se uma sinalização de mutação do bem-estar social para o mal-estar social, afetando o tecido social, econômico e psicologicamente. É possível que, assim, a população se dê conta da crise que já está batendo os mares tropicais.
Em nível imediato, percebe-se um comércio ainda aquecido, impulsionado pelo 13º salário, mas a economia sinaliza com férias coletivas e demissão de operários no setor industrial. Mas, do ponto de vista estrutural, o desemprego, a falta de assistência à saúde e educação continuam assolando parte significativa da população. Neste contexto, destaca-se a violência que impera nas ruas e favelas das cidades.
Uma seqüência de marolas pode gerar um tsunami. E aí, a sociedade pode ter saudade de 2008. Feliz ano velho!

* é jornalista e professor do CESMAC

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Aumentam vendas dos sapatos jogados contra Bush



Fabricante turco contratou 100 pessoas para aumentar produção.Em pouco mais de uma semana, ele recebeu 370 mil encomendas.
Da France Presse

Serkan Türk, diretor de vendas da empresa que fabrica os sapatos atirados contra o presidente americano. (Foto: AFP)
O fabricante turco dos sapatos jogados por um jornalista iraquiano contra o presidente George W. Bush afirmou nesta segunda-feira (22) ter contratado 100 pessoas para enfrentar o aumento das encomendas vindas do mundo inteiro.
"Entre o dia do incidente (14) e hoje, recebemos um total de encomendas de 370 mil pares", declarou Serkan Türk, diretor das vendas dos sapatos Baydan, acrescentando que a companhia vendia normalmente 15 mil pares do modelo em questão por ano.

Aumento da demanda
"No setor de calçados, temos de saber reagir rapidamente. Contratamos 100 operários para responder à demanda", continuou Türk, indicando que as encomendas vieram primeiro do Iraque, depois do resto do Oriente Médio e finalmente do resto do mundo.
Uma empresa americana encomendou 19 mil pares do "modelo 271", recentemente rebatizado pela firma de "Bush Shoes", dos sapatos de sola em poliuretano que, afirmou Türk, "parecem mais pesados do que realmente são". Eles pesam 300 gramas cada.
Depois de garantir que a empresa não se aproveitou na nova notoriedade do "Bush Shoes" para aumentar seus preços (US$ 27) na fábrica, o comerciante se disse feliz "do ponto de vista" do lançamento de sapatos contra Bush.

Sapatadas
Muntazer Al Zaidi, um jornalista iraquiano de 29 anos, se tornou famoso ao lançar seus sapatos no dia 14 de dezembro contra George W. Bush durante uma entrevista à imprensa em Bagdá.
Considerado um "herói" por alguns no mundo árabe, ele está sendo julgado e pode pegar até 15 anos de prisão.

domingo, 14 de dezembro de 2008

A crise impressa

Publicado em Carta Capital

Eduardo Graça, de Nova York
12/12/2008

Para onde vai a imprensa escrita norte-americana? Enquanto os canais de tevê de notícias 24 horas celebram espetaculares índices de audiência desde o início da prolongada campanha presidencial e a internet se revelou fundamental ao fenômeno Barack Obama, jornais e revistas seguem perdendo leitores. A Tribune Company, que publica dois dos mais importantes títulos do país, o Los Angeles Times e o Chicago Tribune, entrou com um pedido de falência e o New York Times anunciou que vai hipotecar seu edifício-sede, um belo prédio de 52 andares projetado pelo arquiteto italiano Renzo Piano, inaugurado com pompa no ano passado. A melhor ilustração para entender a que ponto chegou a indústria jornalística dos EUA talvez seja a já famosa reunião do bilionário Samuel Zell com a equipe do Orlando Sentinel no início do ano. Magnata do mercado imobiliário, Zell arrematou o já combalido conglomerado de jornais Tribune por 8,5 bilhões de dólares. Em seu primeiro encontro com os editores do jornal da Flórida, foi direto: “Estava cá pensando como poderia descrever meu trabalho para vocês. Creio que, grosso modo, meu desafio é levantar uma instituição de 126 anos, não? Pois bem, pensem em mim como um Viagra”. Tempos depois, em reunião com a equipe do Los Angeles Times, o mesmo Zell teria garantido “não ter vindo para ser o capitão do Titanic”. As infelizes metáforas de Zell, que se transformaram em anedotas em capítulo infeliz de uma das mais ricas tradições jornalísticas do país, não pararam nos domínios do Tribune. Em entrevista à NPR, a corporação pública de rádio dos EUA, o editor-executivo do jornal mais influente do país, Bill Keller, disse na terça-feira que, se tivesse de escolher uma manchete para definir a atual situação do seu The New York Times, esta seria “Nós sobreviveremos”, em caixa altíssima. Ironicamente, a mesma NPR, apesar de manter uma audiência sólida de 26,4 milhões de ouvintes por mês, anunciaria dois dias depois o corte de 7% de sua força de trabalho e o cancelamento de dois programas, o Day to Day, com audiência de 2 milhões de ouvintes, e o News & Notes, voltado para a comunidade negra. A revista Newsweek, uma das mais influentes semanais e parte do grupo The Washington Post, também estaria, de acordo com o Wall Street Journal, preparando uma “remodelação”, diminuindo de formato, e aumentando o espaço para fotos e opinião, reduzindo as mais custosas reportagens. A revista cortaria entre 500 mil e 1 milhão dos 2,6 milhões de exemplares semanais. Analistas afirmam que a Newsweek seria a primeira revista de notícias norte-americana a seguir a receita da britânica The Economist, transformando-se em um fórum de discussão, deixando grandes reportagens e denúncias em segundo plano. Neste ano, as duas principais revistas semanais do país, a Time e a Newsweek, perderam, respectivamente, 17% e 21% em anúncios em relação ao ano passado.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O futebol brasileiro da Globo


Essa polêmica, sobre a mudança do nome do maior estádio de futebol de Alagoas de Rei Pelé para Rainha Marta, tem ocultado questões mais relevantes sobre o futebol brasileiro

O próprio futebol feminino, que levou a jogadora Marta ser premiada como a melhor do mundo, vive o paradoxo de não ter campeonato brasileiro e nem alagoano da sua categoria. 

Se os poderes públicos, legislativo e executivo querem mesmo interferir no futebol, que o façam por atacado discutindo as questões fundamentais. 

Como não é essa a prática mais adotada, sei que estamos muito longe de abordarmos os problemas nas suas raízes, contudo, acho que vale a pena dar uma opinião.


Como torcedor do CSA e palpiteiro, identifico que os problemas do futebol brasileiro têm origem, principalmente, no modelo de gestão adotado pelos cartolas da CBF e pelo Clube dos 13: para eles futebol não é esporte; futebol é um negócio a ser explorado, quase sempre sem pagar impostos. 

Como negociantes, seus lucros se realizam quando abrem as bilheterias, vendem o direito de arena – transmissão e retransmissão por rádio e TV – e negociam os passes dos atletas. Com a exceção da bilheteria, que tem como comprador o torcedor, o mercado do direito de arena e dos passes de atletas envolve interesses de grandes investidores, principalmente das empresas de comunicação.

A Rede Globo, por exemplo, só tem interesse de comprar o direito de arena de campeonato que coloque em disputa clubes de grandes torcidas, o que garante altos índices de audiência e, conseqüentemente, o lucro oriundo dos anunciantes, das retransmissões e dos assinantes dos canais fechados, já que a Globo também explora a Sky. 

Em alguns clubes, na hora das contratações do jogadores estrelas, as opiniões dessas emissoras são levadas em conta. Os grandes campeonatos do país são, assim, definidos pelas empresas de comunicação. 

A fórmula do sucesso é manter competições com poucos clubes de grandes torcidas. E como ficam os campeonatos estaduais? Já ouvi de um desiludido ex-dirigente do CRB a avaliação de que deveriam acabar. Esses campeonatos não interessam à lógica dos lucros das empresas de comunicação que compram o direito de arena. 

Os campeonatos estaduais do eixo Rio-São Paulo ainda conseguem negociar os direitos de transmissão de suas partidas, mas não acredito que esse acordo envolva grandes quantias. Pelo menos é o que indica um acerto entre uma emissora de TV e os clubes alagoanos, que pagou R$ 20 mil para transmitir o campeonato local e ainda saiu no prejuízo. 

O pior dessa situação é que os pequenos clubes, excluídos do banquete, em vez de esboçarem alguma reação, vivem às cotoveladas na disputa pelas migalhas. No fundo, concordam com esse sistema e querem participar dele.

O futebol como esporte, envolvendo os clubes e suas torcidas, não pode esperar deitado que a Rede Globo, a CBF e o Clube dos 13 resolvam abandonar esse modelo para serem agentes da promoção dos campeonatos estaduais. 

É preciso que o Governo Federal proponha uma política para garantir que os campeonatos de futebol, principalmente os regionais, voltem a ter importância no calendário esportivo brasileiro. 

A própria Globo sabe como resolver isso. Quando ela quer comprar um bom filme da indústria norte-americana de cinema, é obrigada a adquirir um pacote de filmes. Lá ela não escolhe só os mais lucrativos.

E o nome do estádio vazio e precisando de reformas? É Pelé ou Marta? É melhor deixar Trapichão mesmo, pelo menos teremos um aumentativo "ÃO" no futebol alagoano.

domingo, 30 de novembro de 2008

FHC e Lula na mídia: dois pesos, duas medidas

Pesquisador diz que imprensa isentou o tucano dos escândalos de seu governo, enquanto associa o petista diretamente às denúncias que recaem sobre sua gestão
http://congressoemfoco.ig.com.br/

Uma análise sobre a cobertura da imprensa revela que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi tratado com condescendência pela mídia brasileira, ao longo de seus oito anos de mandato, e passou incólume mesmo quando os escândalos batiam à sua porta. A mesma sorte não tem o presidente Lula, sempre retratado com desconfiança pelos principais jornais do país e associado diretamente às denúncias de irregularidade de seu governo.

Essa avaliação é feita pelo professor da Universidade de Brasília (UnB), David Renault da Silva, autor da tese de doutorado Nunca foi tão fácil fazer uma cruz numa cédula? A Era FHC nas representações da mídia impressa.

“Mesmo quando se fala mal do governo do Fernando Henrique, tenta-se preservar sua figura do presidente”, diz o diretor da Faculdade de Comunicação (FAC) da UnB. “O presidente Lula não adianta dizer que ‘não sabe’. Mas o FHC podia dizer, porque ele era um intelectual. O raciocínio é que ele não se metia nessas coisas menores. O Lula, o PT, não é um candidato da imprensa nacional. A grande imprensa nacional não é petista, não tem interesse que o PT se mantenha no poder”, acrescenta.

Jornalista com passagem por cargos de chefia nas principais redações da capital federal e professor universitário há 15 anos, David atribui a “boa vontade” da imprensa brasileira com o tucano a uma espécie de “pacto de elites”. Esse acordo, segundo ele, foi tacitamente construído em 1994 para tentar barrar o favoritismo eleitoral de Lula naquele ano e frear o eventual retrocesso do então recém-lançado Plano Real.

Pai do Real

“Do ponto de vista nacional, as chamadas elites nacionais, as classes econômicas sociais dominantes, não tinham candidato que pudesse fazer frente ao Lula. O Fernando Henrique surgiu um pouco como esse candidato”, analisa David. “E houve um claro apoio da mídia a FHC. Ele foi apontado como o ‘pai do Real’ e sempre ocupou mais espaço no noticiário do que Lula”, observa.

Para concluir seu doutorado, David se debruçou sobre três mil notícias de jornais e revistas publicadas entre 1995 e 2002. Ao observar o noticiário político do período, constatou que o presidente não teve sua imagem diretamente associada a escândalos mesmo quando as denúncias resvalavam em seu gabinete.

Como exemplo, ele cita o caso da denúncia de compra de votos para a aprovação da emenda da reeleição e o do envolvimento de autoridades do governo com lobistas para favorecer determinados grupos no leilão das teles. Um grampo telefônico mostrava, inclusive, que o presidente foi consultado sobre o assunto.

Restrições

“Se você pega o balanço final dos dois governos de Fernando Henrique, você percebe que na Era FHC tenta-se preservar a figura do presidente, no sentido de ‘o presidente está fora de escândalos, ele é um homem íntegro’. A Folha de S. Paulo, por exemplo, teve um editorial de primeira página muito significativo que dizia: ‘presidente bom, governo nem tanto’”, lembra David.

Para o pesquisador, FHC só teve sua imagem abalada quando, em 1999, em meio a uma crise internacional, alterou a política cambial e afetou os negócios dos grandes veículos de comunicação. “Nessa época, as empresas, inclusive de comunicação, perderam muito dinheiro, pois tinham dívidas e projetos de investimentos em dólar. Todos os jornais que tinham apoio bastante significativo ao presidente parecem romper.”

Mas esse rompimento, segundo ele, não chegou a se concretizar. Em parte, avalia, por causa da resistência da mídia ao PT. “Eu não vejo, digamos assim, essa condescendência da mídia com Lula que você via com o governo passado. Há sempre uma desconfiança de que pode mudar a qualquer momento. Sempre alerta”, afirma.

Embora critique o tratamento dispensado pela mídia ao governo petista, David Renault também não poupa o Partido dos Trabalhadores. “Ele está pagando e tem que pagar mesmo. O PT tinha todo aquele discurso de ‘éticos somos nós’. Aquele discurso ético existiu na retórica, mas na prática não foi isso que se viu”, critica.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Da rainha Marta ao Papa do Conjunto João Sampaio


De uma hora para outra saiu de pauta, da Assembléia Legislativa de Alagoas, a polêmica sobre os mandatos dos deputados taturânicos, e entrou na ordem do dia a discussão sobre uma homenagem à “rainha” Marta, que passaria a ter o seu nome associado ao nosso maior estádio de futebol, o Trapichão. É bom lembrar que o projeto de lei aprovado, de autoria do deputado Temóteo Correia, cassa o “mandato” do rei Pelé, uma homenagem que nunca foi reconhecida pelo povo alagoano. Para o torcedor é Trapichão. Infelizmente essas homenagens são pródigas nessa característica: não ouvir a voz das ruas.
Mas nem sempre a voz do povo é a voz de Deus, mesmo quando alguns se esforçam para usar o poder divino. Em meados dos anos 80, eu exercia o mandato de vereador em Maceió, quando fui procurado por diretores da Associação dos Moradores do Conjunto João Sampaio, recém inaugurado, para que apresentasse projeto denominando as ruas daquele loteamento. Devolvi a bola para eles, pedindo que encontrassem nomes de pessoas ou datas que tivessem alguma relação com o bairro ou com a cidade. Uma semana depois eles voltaram e trouxeram uma relação de nomes. Li com cuidado e percebi que eles tinham relacionado para as homenagens eles mesmos, diretores da associação. Ponderei que aquilo não era permitido: pessoas vivas não poderiam ser homenageadas. Indiquei a possibilidade de escolherem nomes de santos católicos, já que eles estavam encontrando dificuldades em identificar alagoanos ilustres. Dias depois retornaram com uma relação de santos totalmente desconhecidos: eles simplesmente colocaram o “São” antes dos seus nomes. Todos os diretores tinham sido canonizados. Não aceitei ouvir a “voz de Deus” e, até hoje, o endereçamento do Conjunto João Sampaio é feito por indicação de quadras e ruas em projeto.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Moacyr Luz na Roda de Samba

O amigo Felipe Olegário convida para as comemorações do Dia Nacional do Samba em Maceió. A data é lembrada pela primeira vez e a agenda de eventos é a seguinte:

- Dia 05 de dezembro às 19h, no Cine Sesi Pajuçara - Conversa com Moacyr Luz, sambista carioca, parceiro de Beth Carvalho, Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro, Zeca Pagodinho, Hermínio Bello Carvalho, João Nogueira, Guinga... conhecedor profundo da obra de Cartola, Nelson Cavaquinho, Noel Rosa, Pixinguinha, Carlos Cachaça e tantos outros. Ingresso 1kg de alimento não perecível.

- Dia 06 de dezembro às 21:00h - Roda de Samba com Moacyr Luz no Jurerê (antigo Bar do Alípio, no Pontal da Barra), mesa p/4 pessoas, R$ 80,00.

Bom programa! Mais informações no 9921-0323.

Me engane mais que eu pago o seu lanche!

Não deixa de ser inteligente a forma como a Câmara de Maceió tem enfrentado o debate sobre a Lei Orçamentária Anual para 2009. De uma hora para outra os nossos edis resolveram travar o bom combate em defesa de uma melhor utilização dos recursos públicos no âmbito do município de Maceió. Cobram do prefeito Cícero Almeida relatórios da execução orçamentária e detalhamentos da gestão fiscal. Seria uma boa iniciativa do poder legislativo, se não estivesse associada a esta ação fiscalizadora a tentativa de manter a Câmara recebendo anualmente seus quase R$ 36 milhões. O problema dos senhores vereadores é que a Lei Orçamentária para 2009 estabelece uma redução de mais de R$ 6 milhões na fatia da Câmara.
Como o objetivo é desviar a atenção para a discussão somente do Orçamento Municipal, um vereador conclamou a sociedade a exercer os seus direitos na aprovação da lei: “O orçamento é uma peça fundamental para o crescimento de uma cidade, nele o Poder Executivo apresenta um pré-retrato de como vai administrar, suas ações e prioridades. Por isso é preciso a presença da população e de toda sociedade civil organizada”. E a pergunta que não quer calar é: como a população faz para discutir os gastos da própria Câmara? Como são gastos os R$ 36 milhões? A caixa preta continua fechada, embora tentem aparecer como arautos da transparência, no que diz respeito ao orçamento municipal. Diante de tais situações, a malandragem diria: me engane mais que eu pago o seu lanche!

domingo, 26 de outubro de 2008

De volta

Passado o processo eleitoral estamos de volta com o blog. Nos próximos dias estaremos comentando alguns episódios da campanha e analisando os possíveis desdobramentos do quadro político alagoano. Esperamos continuar a receber a sua atenção.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

O toucinho subversivo

Blog do Ricardo Mota - Tudo na Hora - 17/08/2008

A célere passagem do calendário tratou de tornar a cena tão ridícula quanto ela sempre mereceu ser. De um lado, este malsucedido compositor; do outro, o agente da Polícia Federal que exercia o papel de censor oficial, em tempos não tão remotos. Era o ano de 1981, e o DCE da Ufal, presidido por Ediberto Ticianeli, retomava os festivais universitários de música. A minha canção de "guerra" (Legião dos Condenados), uma marcha-rancho, já era conhecida dos freqüentadores assíduos das noites de sábado, no auditório da antiga Reitoria. Os versos da discórdia cantavam que o "filho ingrato, cospe o prato/Não canta o Hino Nacional".
-E por que não canta?
-Não canta porque não sabe. É um homem pobre, analfabeto, blá blá blá...
-E não é um protesto?
-De jeito nenhum.


E a música foi liberada por aquele meu ex-colega do curso de Psicologia. Claro que ali ninguém havia enganado ninguém. O constrangido servidor público, a quem encontrei recentemente e que me lembrou o embate, apenas buscava uma desculpa razoável que pudesse apresentar aos seus superiores caso fosse necessário - e não foi.

Quem era dono das melhores artimanhas para driblar a censura, este, sim, chama-se Chico Buarque de Holanda, um grande gozador e unanimidade da MPB (contrariando Nélson Rodrigues, a quem Chico desancou pelo seu elogio a "Carolina"). Abusava dos palavrões nas letras, que, claro, os atentos guardiães da moral e dos bons costumes riscavam com caneta vermelha sem nem pestanejar. As metáforas? Estas seguiam seu legítimo caminho rumo ao público. Foi assim que "Apesar de você" pareceu aos "homens" uma singela canção de amor (veio a ser, depois, censurada. Mas já estava colada nos ouvidos mais atentos).

Menos sorte teve Edu Lobo (para mim, o sucessor de Tom Jobim). Sua música "Casa Forte", instrumental e sem letra, foi vetada porque o título pareceu, aos especialistas, subversivo!! O critério era o humor do dia dos responsáveis pelo Departamento de Censura Federal.

Mas a estupidez não parava por aí. Eles quiseram, nos anos de chumbo, prender Sófocles, o autor de "Antígona", um perigo revolucionário, então. Os agentes da "dura" chegaram ao teatro onde a peça era encenada, com alguns séculos de atraso - e o grego continuou livre e sem ser incomodado no seu túmulo.

Coisas piores fizeram os agentes da lei vigente. Proibiram a filha de seis meses de um médico paulista, acusado de ser comunista, de freqüentar a creche em que estava matriculada, tamanho era o risco de contaminação aos engatinhantes do local.

Do risível ao absurdo - ou ao contrário - era um passo. A exemplo do episódio que ficou conhecido como o "IPM (Inquérito Policial Militar) da Feijoada", este o prato principal do almoço oferecido pelo editor Ênio Silveira ao ex-governador Miguel Arraes, em maio de 1965. Cassado e caçado pela ditadura, Arraes havia passado uma "temporada" em Fernando de Noronha - um paraíso que funcionava como prisão.

O respeitado proprietário da Editora Civilização Brasileira foi um bom anfitrião, que se tornou mais um prisioneiro dos militares por ter recebido em seu apartamento, antes do seu exílio na Argélia, o temido líder de esquerda - bom de povo, mas péssimo orador. O coronel indignado, que arrastou para as masmorras o homem das letras, não se satisfez. Levou junto com ele o que lhe era de "direito": além do dono do apartamento, as duas cozinheiras de Ênio Silveira, e, para completar o grupo subversivo, deu ordem de prisão - cumprida - ao porteiro do "edifício-aparelho".

Conta-se que o feirante que vendeu pé de porco, carne salgada e outros acepipes conseguiu sumir a tempo. Que tempo!

domingo, 3 de agosto de 2008

II SEMINÁRIO CIENTÍFICO TEORIA POLITICA DO SOCIALISMO

II SEMINÁRIO CIENTÍFICO TEORIA POLITICA DO SOCIALISMO

SEMINÁRIO INTERNACIONAL

MARXISMO E MOVIMENTOS SOCIAIS NA VIRADA DO MILÊNIO

Data: de 25 a 27 de agosto de 2008.

Local: Anfiteatro I da Faculdade de Filosofia e Ciências

UNESP – Universidade Estadual Paulista (campus de Marilia).

Promoção:

Departamento de Ciências Políticas e Econômicas

Grupo de Pesquisa Cultura e Política do Mundo do Trabalho

Instituto Astrojildo Pereira

Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais: Linha Trabalho e Sociabilidade

Programa
Dia 25:

08:30 h.:

Mesa redonda 1: Marxismo e socialismo no século XXI

Esta mesa deverá tratar de temas teóricos e programáticos, partindo da análise crítica do marxismo do século XX e das experiências políticas que nele se inspiraram (socialistas ou pseudo-socialistas) para avaliar as possibilidades e caminhos tanto do marxismo como corrente cultural e política, como do socialismo como movimento.

Dr. Antonio Carlos Mazzeo (UNESP-FFC)

Dr. Valério Arcary (CEPHET-SP)

Dr. Raul Mordenti (Università di Roma 2)

Mediação de Geraldo Magella Neres

14: 00 h.

Sessão de Comunicações 1

18:30:h.

Apresentação de livros e revistas

19:30 h.:

Mesa redonda 2: Marxismo e movimentos sociais

Esta mesa deverá apresentar uma análise de alguns dos "novos" movimentos sociais classistas, tanto no campo como na cidade, destacando o legado das experiências do século XX e indicando os novos questionamentos que eles apresentam relativamente à economia e ao Estado nesta nova fase da acumulação capitalista.

Dr. Jair Pinheiro (UNESP-FFC)

Dra. Maria Orlanda Pinassi (UNESP-FCLAr)

Dr. Gonzalo Adrian Rojas (UNICAMP-IFCH)

Mediação de Débora Goulart

Dia 26,

08:30

Mesa redonda 3: Marxismo e militares

Essa mesa deverá apresentar uma análise da inserção do pensamento marxista nas Forças Armadas brasileiras e procurar apreender a atuação à esquerda de muitos de seus personagens e organizações políticas neste processo, temática que está a exigir uma reavaliação.

Dra Marly Vianna (UFSCar)

Dr João Quartim de Moraes (UNICAMP-IFCH)

Dr. Paulo Ribeiro da Cunha (UNESP-FFC)

Mediação de Marcos Del Roio

14:00: Seminário especial: Attorno a Gramsci, com Andrea Catone e Raul Mordenti

16:30

Filme: Adeus Lênin. Debatedora: Dr. Célia Tolentino

19:30 h.:

Mesa redonda 4: Marxismo e questão nacional

Esta mesa trata da relação entre o marxismo e a questão nacional em perspectiva histórica e avalia a atualidade ou particularidade da questão nacional nesse início século, inclusive a relação possível entre questão nacional e transição socialista.

Dr. Lucio Flavio de Almeida (PUC-SP)

Dra. Arlene Clemesha (USP-FFLCH)

Dr. Andréa Catone (Università di Bari - Itália)

Mediação de Jefferson Barbosa

Dia 27

08:30 h.

Mesa redonda 5: Marxismo e movimento operário

Esta mesa deverá tratar da crise do movimento operário que ocorre a partir das últimas décadas do século passado, discutir as suas origens e razões, assim como enfocar elementos e problemas da atualidade para a sua recomposição, abordando particularmente o vínculo entre marxismo e classe operária.

Dr. Ramon Peña Castro (UFSCar)

Dr. Armando Boito Jr. (UNICAMP-IFCH)

Dr. Marcos Del Roio (UNESP-FFC)

Mediação de Anderson Deo

14:00

Sessão de Comunicação 2

19:30 h.:

Mesa redonda 6: Marxismo e novo internacionalismo

Essa mesa analisa a multiplicidade de manifestações políticas e culturais surgidas ou reforçadas desde a virada do século, e que ficaram conhecidas como "antiglobalização". São movimentos de estampo étnico cultural, organizações não-governamentais, movimentos sociais autônomos os mais variados (que tendem a se encontrar no FSM). A questão a ser enfocada é a capacidade de o marxismo explicar esses fenômenos e de incidir sobre eles do ponto de vista cultural e político.

Dr. Eliel Machado (UEL)

Dr. Carlos Montanõ (UFRJ)

Dr. Gilberto Lopez y Rivas (INAH -Instituto Nacional de Antropología e Historia, México)

Mediação de Alex Hinsebeck


Inscrições:

Alunos de Graduação: 10,oo

Alunos de Graduação (com trabalho): 15,oo

Alunos de Pós-Graduação: 15,oo

Alunos de Pós-Graduação (com trabalho): 20,oo

Profissionais: 20,oo

Profissionais (com trabalho): 25,oo

Inscrições de trabalhos:

Textos de 140 a 150 linhas (resumo expandido) de pesquisas completas ou em andamento, sobre objetos pertinentes ao tema geral e aos temas específicos do seminário. Do resumo deve constar título, autor, curso / faculdade / universidade de origem, objeto, método e conclusões parciais. Corpo 12

Local e prazo: SAEPE / saepe@marilia.unesp.br

www.marilia.unesp.br

até 15 de agosto para inscrição de trabalhos

25 de agosto para participação nos debates

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Baigon e seus SONS DA MADRUGADA


Após 30 anos de carreira acompanhando artistas locais e nacionais, Felix Baigon apresenta seu primeiro show autoral.

Felix Baigon iniciou sua carreira como diversos músicos de sua geração: dominando o instrumento de forma autodidata e tocando com os amigos em bares, boates e festivais universitários. Depois de várias temporadas no eixo Rio - São Paulo, de dividir o palco com renomados artistas nacionais e de produzir trabalhos de cantores alagoanos, ele apresenta pela primeira vez, em 30 anos de carreira, um show com as composições que produziu nesse período. No repertório de “Madrugada”, estão canções que dialogam com o Jazz, a Bossa Nova e a música produzida em Alagoas. O show será realizado no Teatro de Arena, no dia 03 de julho, como parte do projeto Instrumental no Arena.

Em sua trajetória, Felix Baigon atuou em orquestras como a Orquestra Tabajara, do maestro Severino Araújo, Orquestra Cuba Libre e Rio Jazz Orquestra. Com a Tabajara, fez temporada no Cassino Estoril, em Portugal. No Rio de Janeiro, durante a década de 1980, acompanhou artistas conhecidos nacionalmente, a exemplo de Jamelão, Nelson Gonçalves, Eliana Pitman, Jorge Vercilo, Rita Mansur, Suzy Quintella e da primeira formação da banda Celebrare. Participou ainda de musicais com os atores Luiz Armando Queirós e Beth Faria.

De volta à Maceió, nos anos 1990, passou a produzir os trabalhos de artistas alagoanos como Leureny, Mácleim, Júnior Almeida, Ricardo Mota, Chico Elpídio, Sóstenes Lima, Lucy Serralvo, Clarice Barreiros, Fernanda Guimarães e Irina Costa. Fora do Brasil, participou da Festa du Suds em Marselha/FR e apresentou-se nas cidades de Aix Provence e Montpelier, com os cantores alagoanos Júnior Almeida e Ricardo Mota. Viajou à Suíça, onde se apresentou no Montreaux Jazz Festival com a Maceió Jazz Orquestra do Maestro Ivanildo Rafael. Participou ainda do IIº encontro de arte e cultura na cidade de Serpa em Portugal, com o cantor baiano Del Yrerê.

Em 2007, voltou a atuar no eixo Rio/São Paulo. Participou do espetáculo Bibi Pop III, com a atriz e cantora Bibi Ferreira, realizando shows em Goiânia, Aracaju e Salvador, e fez parte da banda no espetáculo “Obra Viva de Baden Powell” no SESC Pompéia/SP, tocando com diversos artistas, como Yamandu Costa, Marcel Powell, Duofel, Paula Morelembaun, Dalilla Coult, Chico Pinheiro, Natan Marques e Paulo César Pinheiro. Atualmente, apresenta-se em espaços na noite de Maceió, tocando Jazz e Bossa Nova com os músicos Ricardo Lopes e Nailton Miranda Bateria, no Takê Rox; com Fernanda Guimarães, na Barraca Lopana e com o Power Jazz, no Bristô do Palato.

Sobre esse primeiro show, Felix Baigon fala: “Essas músicas traçam um painel da minha carreira. Considero esse show como o lançamento do meu primeiro projeto de música instrumental e um divisor de águas do trabalho do músico que sempre esteve acompanhando diversos artistas em quase trinta anos de carreira e o compositor que em alguns momentos pára para exercitar o seu processo de criação”.

O QUÊ: Show “Madrugada”, do baixista Felix Baigon

QUANDO: 03 de julho de 2008, 20h

ONDE: Teatro de Arena

QUANTO: R$ 10 (inteira) / R$ 5 (estudante)

VENDA ANTECIPADA: Studio Poker, na Rua Lourenço Moreira da Silva, 48 – Jatiuca. Vindo pela Avenida Jatiuca no sentido Praia / Shopping é a 2ª Rua à esquerda, próxima ao Colégio Santa Úrsula. Telefone 8812 2142 com Saulo.

Músicos:

Nailton Miranda – Bateria

Jiuliano Gomes – Piano

Ricardo Lopes – Guitarra

Everaldo Borges - Saxofone (convidado especial)

Advogado Sávio Martins também vê ilegalidade no nome do viaduto

Parabéns por sua página na internet e pelo artigo que faz crítica ao nome do NOVO VIADUTO.
Esclareço, na condição de jurista, que a Lei n.º 6.454/97, que proíbe a atribuição de nome de pessa viva a qualquer bem público, LIMITA-SE EXCLUSIVAMENTE À ESFERA FEDERAL, ou seja, a bens e obras públicas da União e da Administração Pública Indireta (autarquias etc.), assim, NÃO SE APLICA AOS MUNICÍPIOS E ESTADOS, salvo se existirem Leis Estaduais ou Municipais a este respeito.
Por outro lado, a Constituição Federal de 1988, imbuída do espírito da fase de redemocratização do Brasil, estatui no seu art. 37 que a "A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA TEM POR PRINCÍPIO O DA IMPESSOALIDADE", desta forma, entendo, exclusivamente pelo lado técnico (deixando qualquer posição ideológica ou partidária de lado), que pelo fato do Sr. João Lyra ter sido deputado, candidato ao governo de Alagoas e ser influente na vida política, tal atribuição, embora entenda ser merecedora pelo referido empresário por ser o mesmo gerador de emprego e renda, OFENDE AO REFERIDO PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE, por isso, é contrário ao ordenamento jurídico. Tal ilegalidade pode ser atacada pelo Ministério Público.
SAVIO L. A. MARTINS - Advogado

Lei Municipal também proibe homenagens a pessoas vivas

Não esperava que o assunto abordado no artigo anterior despertasse tanta polêmica. Mas foi o que aconteceu. Recebi várias mensagens -- muitas por e-mail --, comentando a idéia do rebatismo de vias e viadutos. Destaco o comentário do Daniel Moura por lembrar da lei municipal, que também proibe a homenagem a pessoas vivas, e por analisar a necessidade de viadutos. Eis o comentário:

Caro Ticianeli,

Há também a lei municipal n.º 5.593, de 08/02/2007, sancionada pelo próprio prefeito Cícero Almeida, chamada Código de Edificações e Urbanismo, disponível em www.maceio.al.gov.br. Segundo a lei:

Art. 85. Na denominação dos logradouros públicos, vias e obras de arte integrantes do sistema viário urbano, é proibido:
I – adotar nomes pertinentes a pessoas vivas;
II – adotar denominação igual à estabelecida a outro já existente;
III – alterar a denominação histórica tradicional.

Caros colegas leitores do blog,

Não sei quem foi que colocou na cabeça do brasileiro (e especialmente do maceioense) que as cidades precisam de viadutos? São Paulo está cheia de viadutos e é a cidade mais congestionada do país. Imagino que ainda seja resquício da época do Governo Juscelino, quando foi dado incentivo para que a indústria automobilística se instalasse no Brasil e foi inaugurada Brasília (cidade construída em função do automóvel e tida, por muitos, como exemplo de “cidade planejada” no Brasil).

Estamos andando na contra-mão daquilo que o resto do mundo vem realizando para melhorar a mobilidade urbana. As cidades ditas desenvolvidas estão investindo em transporte coletivo, em bicicletas e adotando medidas de "traffic calming", com o intuito de reduzir a velocidade dos veículos. As obras realizadas aqui em Maceió (não apenas por essa gestão) visam justamente o contrário. A própria SMTT justifica estar buscando “aumentar a velocidade média dos veículos” e para amenizar dizem que também pretendem “melhorar a segurança dos pedestres”. Onde é que um viaduto melhora a segurança dos pedestres?

Vide os atropelamentos que ocorreram próximo à Igreja Bonfim, na subida do viaduto do Poço. Como solução, a SMTT instalou um semáforo para que os pedestres pudessem atravessar. Aí, voltou ao que era antes. Para que servem os viadutos então?

domingo, 22 de junho de 2008

O nome do viaduto

Os jornais deste domingo anunciam que o prefeito de Maceió, Cícero Almeida, inaugurará um viaduto próximo ao Shopping e o batizará com o nome do industrial João Lyra. Como todos sabem o usineiro JL já foi deputado federal e candidato derrotado ao governo de Alagoas. É um cidadão em plena militância política e que, a partir desta segunda-feira, 22 de junho de 2008, terá uma propaganda permanente em uma via pública, conferindo-lhe uma vantagem para os próximos pleitos.

O estranho nisso tudo é que existe uma lei federal proibindo claramente a homenagens aos vivos por parte dos poderes públicos. A lei nº 6.454, de 24 de outubro de 1977, não deixa margens para a dúvida:

“Art 1º É proibido, em todo o território nacional, atribuir nome de pessoa viva a bem público, de qualquer natureza, pertencente à União ou às pessoas jurídicas da Administração indireta”.

E qual é a punição para esse delito?

“Art 4º A infração ao disposto nesta Lei acarretará aos responsáveis a perda do cargo ou função pública que exercerem, e, no caso do artigo 3º, a suspensão da subvenção ou auxílio”.

Pode-se achar que esta é mais uma lei que não “pegou”, mas não é não: ela vem sendo aplicada em várias situações. O desembargador baiano Antonio Pessoa Cardoso, publicou no site da Associação dos Magistrados Brasileiros – AMB, a seguinte informação: “No Rio de Janeiro, a pedido do Sindicato dos Advogados, o Corregedor Geral da Justiça do Trabalho, ministro Rider de Brito, impediu, em abril/2004, a colocação do nome do presidente do TRT/RJ na inauguração do prédio da Justiça Trabalhista. A placa com o nome do homenageado foi encoberta com tarja e posteriormente retirada”.

No município baiano de Piritiba, por determinação da Justiça, nomes de pessoas vivas que intitulavam ruas, avenidas, logradouros e órgãos públicos foram retirados. O promotor de Justiça José Carlos Rosa de Freitas ajuizou uma ação civil pública contestando as alterações promovidas pela câmara municipal de vereadores.

Em Sergipe, o juiz Leonardo Souza Santana Almeida, da 1ª Vara Cível da Comarca de Lagarto, atendendo a uma ação civil pública impetrada pelo promotor de Justiça Antônio César Leite de Carvalho, determinou que sejam encaminhados para a Câmara Municipal projetos de lei no sentido de dar outros nomes aos prédios e logradouros públicos, vedando-se o uso de nomes de pessoas vivas.

Sei que muitos dos homenageados fizeram por merecer. Para quem tem serviço prestado à sociedade é uma honraria ter seu nome imortalizado em um bem público. O problema é que vai se deixando acontecer porque o reconhecimento é justo e não demora as homenagens são transformadas em campanhas políticas. Não sei qual o entendimento do Ministério Público alagoano sobre essa questão, mas se for igual ao dos seus colegas de outros estados muitas homenagens teriam que ser desfeitas em Maceió, em compensação não correriamos mais o risco de vermos injustiças sendo cometidas pelo poder público.

Em tempo: faço a proposta de denominar o viaduto inaugurado de Silvio Vianna. É mais justo.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Resolução da ANS proibe caução em hospitais

Os operadores do direito costumam dizer que algumas leis não "pegam" porque não refletem um verdadeiro anseio popular. Não é o caso da questão tratada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS em uma Resolução de junho de 2003. A norma estabelece claramente que é vedada a exigência de caução no ato da prestação do serviço por parte dos planos e assistências de saúde. Se a lei não "pega" por falta de divulgação, então vamos fazer um esforço para que não se aceite mais esse abuso contra a cidadania. Divulgue.

RESOLUÇÃO NORMATIVA - RN N.º 44, DE 24 DE JULHO DE 2003.

Dispõe sobre a proibição da exigência de caução por parte dos Prestadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referenciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde.

A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS, no uso das atribuições que lhe confere o inciso VII do art. 4º da Lei n.º 9.961, de 28 de janeiro de 2000, considerando as contribuições da Consulta Pública nº 11, de 12 de junho de 2003, em reunião realizada em 23 de julho de 2003, adotou a seguinte Resolução Normativa e eu, Diretor-Presidente, determino a sua publicação.

Art. 1º Fica vedada, em qualquer situação, a exigência, por parte dos prestadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referenciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde e Seguradoras Especializadas em Saúde, de caução, depósito de qualquer natureza, nota promissória ou quaisquer outros títulos de crédito, no ato ou anteriormente à prestação do serviço.

Art. 2º Fica instituída Comissão Especial Permanente para fins de recepção, instrução e encaminhamento das denúncias sobre a prática de que trata o artigo anterior.

§ 1º As denúncias instruídas pela Comissão Especial Permanente serão remetidas ao Ministério Público Federal para apuração, sem prejuízo das demais providências previstas nesta Resolução.

§ 2º Os processos encaminhados ao Ministério Público Federal serão disponibilizados para orientação dos consumidores no site da ANS, www.ans.gov.br.

Art. 3º A ANS informará à operadora do usuário reclamante quanto às denúncias relativas a prestador de sua rede, bem como a todas as demais operadoras que se utilizem do referido prestador, para as providências necessárias.

Art. 4º Esta Resolução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

JANUARIO MONTONE
Diretor – Presidente

Manifestantes antitaturânicos fecham Avenida





O colega Alan Celso, do Curso de Comunicação Social do Cesmac, flagrou esta manhã o início da manifestação que o MSCC promoveu na Av. Durval de Goes Monteiro, imediações do Parque das Flores. O protesto tem como segmento social mais mobilizado os sem terra e cobra uma punição mais efetiva contra os deputados envolvidos em crimes pela Operação Taturana. Veja as fotos do Alan Celso.

terça-feira, 17 de junho de 2008

KALANKÓ RETOMA TERRA NO ALTO SERTÃO DE ALAGOAS

Jorge Vieira – Cimi/NE

As 77 famílias Kalankó retomaram parte de sua terra tradicional. Desde as 23 horas do dia 12 de junho, carregando crianças, animais, vasilhas e alimentação, estão ocupando parte da terra onde seus antepassados plantavam, caçavam e faziam roças. Depois de 10 anos de espera pelos órgãos públicos para identificar o território tradicional, os Kalankó cobram da Funai a demarcação da terra. Sem ter onde trabalhar, os indígenas estão preocupados com a omissão dos órgãos públicos e com os fazendeiros que querem desmatar o que resta da vegetação nativa para o desenvolvimento da pecuária.

A aldeia está localizada na zona rural, entre os municípios de Água Branca e Mata Grande, alto Sertão de Alagoas e limite com os estados de Pernambuco e Bahia, a cerca de 380 km de Maceió. As 338 pessoas estão distribuídas nas aldeias Lajeiro do Couro, Januária, Gregório, Gangorra, Quixabeira e Santa Cruz do Deserto.

Até a segunda metade da década de 1990, os Kalankó eram confundidos com os sertanejos da região. No cotidiano, trabalham de diarista nas fazendas, cuidam dos animais, usam chapéu de couro e cultivam roças de feijão de cordas, carioca, milho, andu, fava e a palma para alimentar os animais em período de seca. A adaptação à realidade e convivência com o sertanejo, permitiu a não diferenciação da identidade étnica pelos pela sociedade envolvente. Como afirmou o fazendeiro José Roberto quando assumiram que eram Kalankó: “eles sempre trabalharam comigo e nunca disseram que eram índios”.

Descendentes dos Pankararu do Brejo dos Padres, nos municípios de Tacaratu e Petrolândia, migraram no século XIX para o alto Sertão de Alagoas em busca de espaço para viver com suas famílias. Na época, a terra ainda se encontrava livre do domínio dos Barões e “coronéis” do Nordeste. Tempos depois, com o crescimento populacional e o domínio político, os kalankó forma perdendo suas terras e se transformando em mão-de-obra dos fazendeiros e, no período de seca, bóia-fria nas usinas de cana-de-açúcar.

Depois de 10 anos de luta pelo reconhecimento da cultura, os Kalankó fortaleceram suas organizações internas e articulação com os outros povos indígenas e aliados, resolveram começar a retomada do seu território tradicional, exigindo da Funai, com entrega de documento, a imediata criação do Grupo de Trabalho para identificação e demarcação do território tradicional.

domingo, 15 de junho de 2008

Walt Whitman, Marx e a revolução de 1848

Há mais que um paralelismo histórico entre o poema “Resurgemus”, o primeiro publicado por Walt Whitman, que publicamos a seguir na tradução de Rodrigo Garcia Lopes e o “Manifesto Comunista” de Marx e Engels. Marx tinha, então, 30 anos e aquele que, segundo Ezra Pound, “é para a América o que Dante é para a Itália”, 29 anos. Ambas as peças, o poema e o manifesto, têm inspiração direta nas revoluções européias de 1848, que têm como epicentro a França.
Walt Whitman está, então, em New Orleans, cidade sulista povoada de refugiados europeus e que pulsa forte com as notícias do além-mar. “Todo o mundo está em comoção”, escreve Whitman: “em toda parte o povo se levantou contra as tiranias que o oprimem.” O poeta americano, sintonizado com o crescente movimento abolicionista, chega a editar um jornal (“Freeman”, do Brooklin em New York) e chega a participar como delegado na histórica convenção nacional do “Solo Livre”, quando 30 mil delegados de todo o país celebram o movimento que lutava pela aprovação de uma lei de abolição da escravidão em todo o território novo anexado.

Marx, em 1848, exilado na Bélgica, tem a sua entrada agora permitida na França revolucionária e, em abril, desloca-se para Colônia, na Alemanha, onde em junho, com Engels, prepara a criação de um jornal diário, a “Nova Gazeta Renana”, “órgão da democracia”.

Paul Zweig, autor do belíssimo “Walt Whitman. A formação do poeta” (Jorge Zahar Editor, 1988), mostra como “o estilhaçamento do sonho democrático trouxe mudanças ao pensamento de Whitman, que foram definitivas e que, em última instância, fizeram dele um poeta.” Marx termina o ano de 1848, com o luto das revoluções frustradas, afirmando que “na Alemanha uma revolução puramente burguesa (...) é impossível” e que “só é possível a contra-revolução absolutista feudal ou a revolução social-republicana”.
Para Marx, os anos 50 seriam anos penosos de construção da sua obra magna “O Capital”. Para Whitman, seriam os anos mais fecundos da sua vida, resultando na criação de “Folhas da relva”, a mais alta utopia cósmica e erótica democrática da poesia moderna.

Resurgemus

De repente de seu covil urinado e sonolento, covil de escravos
A Europa desperta feito um relâmpago... meio surpresa consigo,
Pés sobre cinzas e farrapos... Suas mãos esganando a garganta dos reis.

Ah, fé e esperança! Ah, doloridos fechos de vidas!” Tantos doentes de coração!
Concentrem-se neste hoje, e se refaçam.

E vocês, pagos para corromper o Povo... prestem atenção, mentirosos:
Não foi por agonias infinitas, assassinatos, luxúrias,
Para a corte roubar em suas miríades de formas mesquinhas,
Parasitando os salários de fome dos pobres;
Promessas demais foram juradas pelos lábios dos reis, E quebradas, por isso motivo de riso

E que estando no poder, não foi por isso que ressoamos golpes de vingança pessoal
...ou rolam as cabeças dos nobres;
O Povo tinha nojo da ferocidade dos reis.

Mas a doçura do perdão destilou uma destruição amarga, e os regentes assustados retornaram:
Cada um paramentado com seu séqüito... carrasco, padre e coletor de impostos... soldado, advogado, carcereiro e delator.

Por trás de tudo, repare, tem uma Forma,
Vaga como a noite, interminavelmente drapejada, testa e forma em dobras Escarlates,
Com face e olhos que ninguém pode ver,
Fora de seu manto apenas isso... os mantos mesmos, vermelhos, erguidos
pelo braço,
Um dedo aponta longe para cima, como cabeça de serpente aparecendo.

Enquanto isso cadáveres jazem em túmulos recentes... cadáveres
ensaguentados de jovens;
A corda da forca baqueia com força... as balas dos príncipes voam... os
Poderosos gargalham,
E todas essas coisas geram frutos... e eles são bons.

Cadáveres de jovens,
Esses mártires pendurados nas forcas... com os corações varados de Chumbo,
Frios e imóveis parecem... viver em algum lugar com um vitalidade
imassacrável.

Eles vivem em outros jovens, oh, reis,
Vivem em seus irmãos, de novo prontos pra desafiar vocês:
Foram purificados pela morte... Foram ensinados e exaltados.

Não há túmulo de alguém assassinado pela liberdade onde não
cresça a semente
da liberdade... que por sua vez gera sementes,
que o vento leva pra longe e re-semeia, sendo nutridas por chuvas
e neves.

Não há espírito capaz de deixar livres as armas dos tiranos,
Mas se impõe invisivelmente sobre a terra... sussurando e aconselhando e
Prevenindo.

Que outros se desesperem com você, liberdade... eu nunca me desespero.

A casa está fechada? O professor saiu?
No entanto fique esperto... e não se canse de esperar,
Ele logo vai voltar...seus mensageiros estão chegando.

Fonte: Portal da Fundação Perseu Abramo

terça-feira, 10 de junho de 2008

A Brasilidade Nordestina

O CESMAC e a família do Dr.Beroaldo Maia Gomes promovem o lançamento póstumo do livro de Carla Nogueira Gomes A Brasilidade Nordestina; a definição de um espaço e de uma cultura nordestina na década de 20. A obra é baseada na Dissertação apresentada por Carla à banca da Universidade Federal de Pernambuco em1989.
O evento vai acontecer no Auditório da Faculdade de Comunicação e Educação do CESMAC - FECOM, na rua Ângelo Neto, Farol (antigo Colégio Guido), às 17 horas do dia 18 de junho (quarta-feira). A apresentação do livro ficará sob a responsabilidade do professor e cientista político Doutor Michel Zaidan, da Universidade de Federal de Pernambuco.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Eleições municipais federalizadas

Qualquer alagoano de bom senso sabe reconhecer a importância para o nosso estado das ações do governo federal. O deputado Judson Cabral (PT), em recente pronunciamento na Assembléia Legislativa, destacou alguns números dos investimentos executados o ano passado em Alagoas. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o programa Bolsa Família recebeu R$ 27,5 milhões para atender cerca de 354 mil famílias. O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) foi atendido com R$ 6,2 milhões, que beneficiaram no ano passado a 35 mil crianças. Ainda no ano de 2007, os recursos destinados a idosos e pessoas com deficiência chegaram a R$ 278,8 milhões. Com o anúncio dos investimentos do PAC, Alagoas passou a ser um dos estados, proporcionalmente, mais beneficiados do Brasil com verbas federais.

Não é difícil compreender que, em um estado pobre como o nosso, interessa muito ao eleitor identificar que projetos políticos estarão em disputa este ano.

O que vai estar em julgamento não são somente aspectos éticos e gerenciais da política -- apesar de que se isso acontecesse, já seria um grande passo para nos livrarmos de entraves importantes para o desenvolvimento do nosso estado --; o eleitor, ao final das contas, estará escolhendo entre o fortalecimento de uma proposta política baseada em um estado fortemente indutor de um desenvolvimento com distribuição de renda, ou mergulhará nas questões paroquiais e correrá o risco de permitir o retorno do projeto neoliberal e seus vendilhões do patrimônio público, devidamente maquiados por uma aparente capacidade realizadora de obras.

São eleições municipais, mas o que está em jogo é o futuro de um país que abriga uma Alagoas pobre e ainda, infelizmente, dependente das ações do governo federal. Enquanto perdurar este quadro, qualquer eleição por aqui é federalizada.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Trânsito: a lógica da incompetência

Simceramente, admito que não consigo acompanhar a lógica que norteia algumas definições do trânsito de Maceió. Vou discutir duas delas, mas sei que existem outras. A primeira delas é entender o porque da permissão para estacionar em alguns trechos perigosos da Av. Humberto Mendes, aquela que margeia o Salgadinho. Quem desce a Ladeira Geraldo Melo, mais conhecida como da Rodoviária, e passa por baixo do elevado, logo na primeira curva se depara com vários automóveis, inclusive caminhões, estacionados no lado direito da via. Ali é permitido estacionar. Mais à frente, nos fundos do CEFET, sem nenhuma curva perigosa, é proibido estacionar. Ultrapassado os trilhos da Buarque de Macedo, o trânsito é maior e, no entanto, é permitido estacionar.
O segundo caso é o do trecho que liga a Praça Montepio dos Artistas, onde está a OAB, à Praça D. Pedro II, da Assembléia Legislativa. Ao lado do antigo Produbam o estacionamento foi liberado nos dois lados da via, deixando uma só faixa de rolamento no centro. Na Rua 2 de dezembro há uma placa proibindo estacionar que ficaria melhor se oficializada como ponto de táxi, já que lá sempre se encontra um ou dois automóveis á espera de passageiros. Não há policiamento algum para impedir o abuso.
Como usuário, verifico que são situações fáceis de resolver e, no entanto, teimam em continuar a testar a nossa paciência.