sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Da rainha Marta ao Papa do Conjunto João Sampaio


De uma hora para outra saiu de pauta, da Assembléia Legislativa de Alagoas, a polêmica sobre os mandatos dos deputados taturânicos, e entrou na ordem do dia a discussão sobre uma homenagem à “rainha” Marta, que passaria a ter o seu nome associado ao nosso maior estádio de futebol, o Trapichão. É bom lembrar que o projeto de lei aprovado, de autoria do deputado Temóteo Correia, cassa o “mandato” do rei Pelé, uma homenagem que nunca foi reconhecida pelo povo alagoano. Para o torcedor é Trapichão. Infelizmente essas homenagens são pródigas nessa característica: não ouvir a voz das ruas.
Mas nem sempre a voz do povo é a voz de Deus, mesmo quando alguns se esforçam para usar o poder divino. Em meados dos anos 80, eu exercia o mandato de vereador em Maceió, quando fui procurado por diretores da Associação dos Moradores do Conjunto João Sampaio, recém inaugurado, para que apresentasse projeto denominando as ruas daquele loteamento. Devolvi a bola para eles, pedindo que encontrassem nomes de pessoas ou datas que tivessem alguma relação com o bairro ou com a cidade. Uma semana depois eles voltaram e trouxeram uma relação de nomes. Li com cuidado e percebi que eles tinham relacionado para as homenagens eles mesmos, diretores da associação. Ponderei que aquilo não era permitido: pessoas vivas não poderiam ser homenageadas. Indiquei a possibilidade de escolherem nomes de santos católicos, já que eles estavam encontrando dificuldades em identificar alagoanos ilustres. Dias depois retornaram com uma relação de santos totalmente desconhecidos: eles simplesmente colocaram o “São” antes dos seus nomes. Todos os diretores tinham sido canonizados. Não aceitei ouvir a “voz de Deus” e, até hoje, o endereçamento do Conjunto João Sampaio é feito por indicação de quadras e ruas em projeto.

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