quinta-feira, 8 de julho de 2010

Nada vai mudar meu mundo

Zapeando na Sky encontrei o musical Across the universe sendo exibido em um dos canais telecine.

Sei que a telinha trás alguns prejuízos para filmes produzidos para os telões do cinema, o que pode ter interferido em minha opinião sobre a homenagem aos Beatles. Mas, sobre opinião, o importante é tê-la.

Os anos de 1960 foram pródigos na produção de temas que mobilizaram a juventude. É nessa década que a palavra rebelião entra para o vocabulário dos filhos da classe média e sacode estruturas sociais seculares.

Os super poderes do estado, famílias, escolas e igrejas são postos em discussão. São esses ingredientes que inspiram a trilha sonora dos 60.

The Beatles aparece, na conservadora Inglaterra, como a voz da ruptura, quebrando tabus. A juventude da classe média é convidada a mudar o mundo e, enquanto isso não acontece, vai usufruindo as sensações que um estado de liberdade individual poderia oferecer, mesmo quando, em alguns casos, alcançado com ajuda da química.

Para não ser injusto, é bom lembrar que muitos jovens da época estabeleceram, como ícone, a famosa foto de Che Guevara feita por Alberto Korda. Alguns poucos chegaram mesmo a seguir o exemplo do revolucionário argentino.

A diretora Julie Taymor costura vários clips com um suave drama romântico. A técnica dos vídeos clips musicais, própria das MTVs e facilmente aceita pelos jovens, recebe efeitos digitais que remetem aos devaneios lisérgicos e devolve o filme para o ambiente da contracultura.

Across the universe conta uma história que oscila entre “água com açúcar” e “canto da liberdade”, ou melhor, entre coca-cola e cuba libre.

Como musical, ficou devendo ao outro mais conhecido: Hair – que já não foi lá essas coisas. Como panorama histórico dos anos 60, passou longe do excelente Forrest Gump.

O cinema, enquanto arte, também pode nos ajudar a ver o mundo com outros olhos. Após assistir Across the universe posso concluir que “nada vai mudar meu mundo” (nothing's gonna change my world), se depender do filme.