segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Insultos raciais podem provocar boicote à Copa do Mundo na Rússia

Edberto Ticianeli
Yaya Touré reclama com o árbitro O. Hategan

O tratamento racista dado a alguns jogadores de futebol pelas torcidas parece que está com os dias contados. Pelo menos é o que espera Yaya Touré, jogador do Manchester City e natural da Costa do Marfim.

A gota d’água aconteceu na partida entre a equipe russa do CSKA e Manchester City, da Inglaterra, em partida válida pela Champions League e realizada na Arena Khimki, em Moscou, no dia 23 de outubro.

Ele parou a partida e pediu que o árbitro, O. Hațegan‎, encerrasse o jogo, reclamando que quando tinha a bola alguns torcedores passavam a imitar macacos na arquibancada. Não foi atendido.

Touré, então resolveu chutar o pau da barraca e mandou um recado para FIFA: “Esse tipo de situação tem de acabar até o Mundial de 2018. Se não acabar, vou ajudar a organizar um boicote dos negros. Não teremos tranquilidade para jogar. Não iremos para a Rússia. Nem nós e nem os torcedores dos países que jogamos”.

Roberto Carlos é vítima de preconceito
Em 2011, também na Rússia, o lateral Roberto Carlos foi vítima da mesma atitude preconceituosa durante um jogo do campeonato russo. O seu time, o Anzhi, estava se preparando para jogar contra o Zenit quando um torcedor exibiu uma banana descascada para Roberto Carlos. Meses depois, durante uma partida, uma banana foi jogada em direção ao jogador brasileiro. Em protesto, ele se retirou da partida.

O atacante Neymar foi outra vítima recente do mesmo comportamento racista. Durante o amistoso do Brasil com a Escócia, no Emirates Stadium, uma banana foi jogada pela torcida.

No episódio com Touré, a UEFA de Platini recebeu o recado do jogador e puniu, mesmo que de forma branda, o CSKA Moscou, que terá que jogar a próxima partida — contra o Bayern de Munique no dia 27 de novembro — com o estádio parcialmente ocupado por torcedores.
Neymar também é provocado
no jogo contra a Escócia

A passividade da FIFA é uma das culpadas por ainda existir essa postura de alguns torcedores nos estádios. Essa letargia da FIFA era esperada, afinal, o todo poderoso Joseph Blatter tem a maior parte do seu tempo tomada para se explicar pelos casos envolvendo corrupção na sua entidade.

Quero ver a FIFA realizar uma Copa do Mundo de Futebol sem jogadores negros. Parabéns ao Yaya Touré e aos outros jogadores de futebol que se manifestam contra o racismo, essa vergonhosa aberração do comportamento humano.

Para a Copa de 2014, no Brasil, o governo brasileiro poderia dar exemplo e iniciar uma campanha para acabar com atitudes preconceituosas no futebol. Se necessário, criando mecanismos rigorosos de punição.