terça-feira, 14 de abril de 2015

A Globo já apanhou na cara por mentir

Gregório Fortunato
e Bejo Vargas
A grande imprensa golpista tem a prática corriqueira de atacar adversários políticos com mentiras com o intuito claro de destruir a sua imagem pública.

Ela sabe que depois, mesmo que não se comprove nada, a vítima jamais se recuperará do desgaste.

Essa prática é antiga, mas nem sempre terminou bem para os detratores.

No terceiro volume do livro Getúlio, de Lira Neto, há a narrativa de um episódio que mostra como a Globo já fazia canalhices em 1946.

Roberto Marinho, apoiou Getúlio em 1930, mas depois aderiu ao golpe militar que derrubou Vargas em 1945.

Com Getúlio Vargas fora do poder, o ataque a ele era violento por parte dos udenistas, que contavam com o apoio da grande imprensa da época.

Aproveitando-se da queda de um prédio em obras, que matou mais de 10 operários, o jornal O Globo encontrou uma forma de atacar Getúlio atingindo seu irmão, Benjamin Vargas.

Na cobertura jornalística do desastre, O Globo informou que “segundo dados obtidos no local pela nossa reportagem, o prédio era de propriedade do sr. Benjamin Vargas”.

Lira Neto revela que mais tarde ficou comprovada que esta informação não tinha fundamento algum.

Benjamin Vargas, o Bejo, não apelou para a Justiça, como se faz hoje.

Procurou Roberto Marinho, e na noite de 11 de fevereiro de 1946 encontrou-o no Restaurante Quitandinha.

O proprietário e editor de O Globo jantava com amigos da fina flor da sociedade fluminense quando recebeu um bofetão no rosto.
 
Roberto Marinho e Getúlio Vargas em 1940
Após a agressão, Bejo recuou três passos, gritou “Canalha!”, apontou o revólver para Roberto Marinho e ficou aguardando a reação, que não veio.

Com a intervenção dos funcionários do restaurante, Bejo foi contido e retirado do local.

A partir daí a perseguição aos Vargas tomou outra dimensão, com os resultados que a história já registrou.

É bom lembrar que nessa escola do ataque mentiroso, Roberto Marinho não estava sozinho. Assis Chateaubriand e Carlos Lacerda eram mestres e parceiros nesta arte.

A grande imprensa brasileira, infelizmente, ainda carrega esse DNA.

Na ânsia de atingir objetivos políticos, não tem escrúpulos e nem compromisso com a verdade.

Talvez seja por isso que, com o surgimento da internet, jornais fecham e canais de televisão perdem audiência.