segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Rebeldes do Futebol


Edberto Ticianeli
Eric Cantona no Cosmos de Nova York (Foto: Reprodução / Site Oficial)
 Eric Cantona

Não sei como a Globo permitiu, mas o SporTV deste domingo exibiu o documentário Rebeldes do Futebol, do ex-jogador francês Eric Cantona. Acredito que a programação carregada do final de ano tenha baixado a vigilância da empresa.

O documentário, que havia sido lançado em julho no Festival de Cinema de Sarajevo, na Bósnia e Herzegovina, mostra a trajetória política de cinco jogadores famosos: o bósnio Predrag Pasic, o marfinense Didier Drogba, o chileno Carlos Caszely, o argelino Rachild Mekhloufi e o nosso Sócrates.

Todos eles tiveram militância política em seus países contra ditadores ou guerras, numa prática que não é muito comum entre os desportistas. O próprio Cantona, no documentário, cita que essa politização acontece mais entre os artistas.

O estranhamento com a permissão da Globo para a exibição do documentário se dá porque a emissora tinha noticiado o lançamento, em julho, tomando o cuidado de esvaziá-lo da sua conotação política (leia aqui). Rebelde do Futebol foi reduzido a uma mostra da “história de vida de cinco jogadores, entre eles Sócrates, dentro e fora das campos”.

Assisti ao documentário e me emocionei com as histórias de coragem desses atletas e com as suas posturas lúcidas. É comovente ver a trajetória do chileno Carlos Caszely, que se negou a apertar a mão do ditador Pinochet e teve a sua mãe presa e torturada. São histórias muito diferentes da relação da Globo com a Ditadura Militar no Brasil, que foi de cumplicidade e até de acobertamento das atrocidades praticadas.

Mundaú & Manguaba: ALAGOAS TEM PRESSA


domingo, 16 de dezembro de 2012

Collor dá “munhecada no espinhaço” de Teotônio Vilela Filho


Edberto Ticianeli
 
A Gazeta de Alagoas, deste domingo (16/12), anuncia qual vai ser o tom utilizado pelo senador Fernando Collor (PTB) na disputa da vaga para o Senado com Teotônio Vilela Filho (PSDB) em 2014.

O jornal de propriedade de Collor não esconde que vai bater pesado nos usineiros para atingir o governador Teotônio Vilela. É a reedição da luta do bem contra o mal, que já deu certo antes e pode voltar a trazer dividendos eleitorais para o senador petebista.

A manchete da Gazeta afirma que os usineiros formam uma oligarquia e que dominam a economia e a política do nosso estado. O destaque da matéria é para o fato de que isso agora é feito sem intermediários, com os donos das usinas assumindo diretamente o comando.

A bem produzida reportagem da jornalista Carla Serqueira não é a única peça do jornal a atingir os usineiros. Ela tem o luxuoso apoio de um longo artigo assinado pelo próprio senador Fernando Collor. Com o intuito aparente de explicar a utilização indevida da sua expressão “munhecada no espinhaço”, o senador investe contra Teotônio Vilela e a sua forma morosa de administrar o estado.

Independente das motivações do senador Collor - que já usou esta mesma estratégia num passado recente -, esse desnudar das classes dominantes em Alagoas pode contribuir para reacender as discussões sobre quais os caminhos a serem trilhados para retirarmos o nosso estado do ranking vergonhoso em que se encontra.

Collor tem dado demonstrações que pretende reafirmar a sua imagem como a de um político que tem coragem. As suas posições na CPI do Cachoeira e essa estocada nos usineiros alagoanos anunciam que as eleições de 2014 poderão acontecer num clima de radicalidade política acima do comum. O roxo pode voltar a ser a cor da moda. 

sábado, 1 de dezembro de 2012

Compra de votos coloca OAB/AL como ficha suja

Edberto Ticianeli

O último embate na OAB em Alagoas vai deixar marcas na história de uma instituição que era referência, quando se pensava na garantia dos direitos humanos e na denúncia de corruptos e ladrões do dinheiro público. A Ordem também cumpriu um papel de destaque na luta contra a Ditadura, organizando e participando das mobilizações pela anistia.

A divulgação de uma gravação, contendo as conversas entre o atual presidente da entidade e os componentes da chapa apoiada por ele, foi o estopim de uma crise. Na fatídica reunião, há uma discussão sobre a possibilidade de se pagar as mensalidades atrasadas, habilitando irregularmente alguns causídicos eleitores.

A situação ficou mais séria com a tentativa frustrada de diminuir os danos com a explicação de que tal prática era comum nas eleições da OAB, e que todos utilizavam essa modalidade de compra de votos. O efeito foi pior do que o desejado. O discurso admitia que a chapa utilizava essa forma de conseguir eleitores, mas não fazia isso sozinha.

Imagine, nas eleições de 2014 - quando elegeremos presidente, governadores, senadores e deputados federais e estaduais -, uma conversa entre dois eleitores sobre a necessidade de denunciar os candidatos que compram votos. Certamente, nenhum deles vai indicar a OAB/AL como a instituição que deveria receber a denúncia.

Outra campanha importante - a que orienta a não se votar em candidatos fichas sujas -, também perde a participação destacada da OAB/AL. Fica complicado para o presidente eleito, Thiago Bomfim, explicar porque não cobrou de forma mais incisiva a apuração das denúncias, uma atitude que deixa transparecer que o espírito de corpo foi mais forte que o desejo de punir.