Edberto Ticianeli
O último embate na OAB em Alagoas vai deixar marcas na história de uma instituição que era referência, quando se pensava na garantia dos direitos humanos e na denúncia de corruptos e ladrões do dinheiro público. A Ordem também cumpriu um papel de destaque na luta contra a Ditadura, organizando e participando das mobilizações pela anistia.
A divulgação de uma gravação, contendo as conversas entre o atual presidente da entidade e os componentes da chapa apoiada por ele, foi o estopim de uma crise. Na fatídica reunião, há uma discussão sobre a possibilidade de se pagar as mensalidades atrasadas, habilitando irregularmente alguns causídicos eleitores.
A situação ficou mais séria com a tentativa frustrada de diminuir os danos com a explicação de que tal prática era comum nas eleições da OAB, e que todos utilizavam essa modalidade de compra de votos. O efeito foi pior do que o desejado. O discurso admitia que a chapa utilizava essa forma de conseguir eleitores, mas não fazia isso sozinha.
Imagine, nas eleições de 2014 - quando elegeremos presidente, governadores, senadores e deputados federais e estaduais -, uma conversa entre dois eleitores sobre a necessidade de denunciar os candidatos que compram votos. Certamente, nenhum deles vai indicar a OAB/AL como a instituição que deveria receber a denúncia.
Outra campanha importante - a que orienta a não se votar em candidatos fichas sujas -, também perde a participação destacada da OAB/AL. Fica complicado para o presidente eleito, Thiago Bomfim, explicar porque não cobrou de forma mais incisiva a apuração das denúncias, uma atitude que deixa transparecer que o espírito de corpo foi mais forte que o desejo de punir.
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