Edberto
Ticianeli
Eric Cantona |
Não sei como
a Globo permitiu, mas o SporTV deste domingo exibiu o documentário Rebeldes do
Futebol, do ex-jogador francês Eric Cantona. Acredito que a programação
carregada do final de ano tenha baixado a vigilância da empresa.
O
documentário, que havia sido lançado em julho no Festival de Cinema de
Sarajevo, na Bósnia e Herzegovina, mostra a trajetória política de cinco
jogadores famosos: o bósnio Predrag Pasic, o marfinense Didier Drogba, o
chileno Carlos Caszely, o argelino Rachild Mekhloufi e o nosso Sócrates.
Todos eles
tiveram militância política em seus países contra ditadores ou guerras, numa prática que
não é muito comum entre os desportistas. O próprio Cantona, no documentário,
cita que essa politização acontece mais entre os artistas.
O
estranhamento com a permissão da Globo para a exibição do documentário se dá
porque a emissora tinha noticiado o lançamento, em julho, tomando o cuidado de
esvaziá-lo da sua conotação política (leia aqui).
Rebelde do Futebol foi reduzido a uma mostra da “história de vida de cinco
jogadores, entre eles Sócrates, dentro e fora das campos”.
Assisti ao
documentário e me emocionei com as histórias de coragem desses atletas e com as
suas posturas lúcidas. É comovente ver a trajetória do chileno Carlos Caszely,
que se negou a apertar a mão do ditador Pinochet e teve a sua mãe presa e
torturada. São histórias muito diferentes da relação da Globo com a Ditadura
Militar no Brasil, que foi de cumplicidade e até de acobertamento das
atrocidades praticadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário