domingo, 30 de novembro de 2008

FHC e Lula na mídia: dois pesos, duas medidas

Pesquisador diz que imprensa isentou o tucano dos escândalos de seu governo, enquanto associa o petista diretamente às denúncias que recaem sobre sua gestão
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Uma análise sobre a cobertura da imprensa revela que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi tratado com condescendência pela mídia brasileira, ao longo de seus oito anos de mandato, e passou incólume mesmo quando os escândalos batiam à sua porta. A mesma sorte não tem o presidente Lula, sempre retratado com desconfiança pelos principais jornais do país e associado diretamente às denúncias de irregularidade de seu governo.

Essa avaliação é feita pelo professor da Universidade de Brasília (UnB), David Renault da Silva, autor da tese de doutorado Nunca foi tão fácil fazer uma cruz numa cédula? A Era FHC nas representações da mídia impressa.

“Mesmo quando se fala mal do governo do Fernando Henrique, tenta-se preservar sua figura do presidente”, diz o diretor da Faculdade de Comunicação (FAC) da UnB. “O presidente Lula não adianta dizer que ‘não sabe’. Mas o FHC podia dizer, porque ele era um intelectual. O raciocínio é que ele não se metia nessas coisas menores. O Lula, o PT, não é um candidato da imprensa nacional. A grande imprensa nacional não é petista, não tem interesse que o PT se mantenha no poder”, acrescenta.

Jornalista com passagem por cargos de chefia nas principais redações da capital federal e professor universitário há 15 anos, David atribui a “boa vontade” da imprensa brasileira com o tucano a uma espécie de “pacto de elites”. Esse acordo, segundo ele, foi tacitamente construído em 1994 para tentar barrar o favoritismo eleitoral de Lula naquele ano e frear o eventual retrocesso do então recém-lançado Plano Real.

Pai do Real

“Do ponto de vista nacional, as chamadas elites nacionais, as classes econômicas sociais dominantes, não tinham candidato que pudesse fazer frente ao Lula. O Fernando Henrique surgiu um pouco como esse candidato”, analisa David. “E houve um claro apoio da mídia a FHC. Ele foi apontado como o ‘pai do Real’ e sempre ocupou mais espaço no noticiário do que Lula”, observa.

Para concluir seu doutorado, David se debruçou sobre três mil notícias de jornais e revistas publicadas entre 1995 e 2002. Ao observar o noticiário político do período, constatou que o presidente não teve sua imagem diretamente associada a escândalos mesmo quando as denúncias resvalavam em seu gabinete.

Como exemplo, ele cita o caso da denúncia de compra de votos para a aprovação da emenda da reeleição e o do envolvimento de autoridades do governo com lobistas para favorecer determinados grupos no leilão das teles. Um grampo telefônico mostrava, inclusive, que o presidente foi consultado sobre o assunto.

Restrições

“Se você pega o balanço final dos dois governos de Fernando Henrique, você percebe que na Era FHC tenta-se preservar a figura do presidente, no sentido de ‘o presidente está fora de escândalos, ele é um homem íntegro’. A Folha de S. Paulo, por exemplo, teve um editorial de primeira página muito significativo que dizia: ‘presidente bom, governo nem tanto’”, lembra David.

Para o pesquisador, FHC só teve sua imagem abalada quando, em 1999, em meio a uma crise internacional, alterou a política cambial e afetou os negócios dos grandes veículos de comunicação. “Nessa época, as empresas, inclusive de comunicação, perderam muito dinheiro, pois tinham dívidas e projetos de investimentos em dólar. Todos os jornais que tinham apoio bastante significativo ao presidente parecem romper.”

Mas esse rompimento, segundo ele, não chegou a se concretizar. Em parte, avalia, por causa da resistência da mídia ao PT. “Eu não vejo, digamos assim, essa condescendência da mídia com Lula que você via com o governo passado. Há sempre uma desconfiança de que pode mudar a qualquer momento. Sempre alerta”, afirma.

Embora critique o tratamento dispensado pela mídia ao governo petista, David Renault também não poupa o Partido dos Trabalhadores. “Ele está pagando e tem que pagar mesmo. O PT tinha todo aquele discurso de ‘éticos somos nós’. Aquele discurso ético existiu na retórica, mas na prática não foi isso que se viu”, critica.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Da rainha Marta ao Papa do Conjunto João Sampaio


De uma hora para outra saiu de pauta, da Assembléia Legislativa de Alagoas, a polêmica sobre os mandatos dos deputados taturânicos, e entrou na ordem do dia a discussão sobre uma homenagem à “rainha” Marta, que passaria a ter o seu nome associado ao nosso maior estádio de futebol, o Trapichão. É bom lembrar que o projeto de lei aprovado, de autoria do deputado Temóteo Correia, cassa o “mandato” do rei Pelé, uma homenagem que nunca foi reconhecida pelo povo alagoano. Para o torcedor é Trapichão. Infelizmente essas homenagens são pródigas nessa característica: não ouvir a voz das ruas.
Mas nem sempre a voz do povo é a voz de Deus, mesmo quando alguns se esforçam para usar o poder divino. Em meados dos anos 80, eu exercia o mandato de vereador em Maceió, quando fui procurado por diretores da Associação dos Moradores do Conjunto João Sampaio, recém inaugurado, para que apresentasse projeto denominando as ruas daquele loteamento. Devolvi a bola para eles, pedindo que encontrassem nomes de pessoas ou datas que tivessem alguma relação com o bairro ou com a cidade. Uma semana depois eles voltaram e trouxeram uma relação de nomes. Li com cuidado e percebi que eles tinham relacionado para as homenagens eles mesmos, diretores da associação. Ponderei que aquilo não era permitido: pessoas vivas não poderiam ser homenageadas. Indiquei a possibilidade de escolherem nomes de santos católicos, já que eles estavam encontrando dificuldades em identificar alagoanos ilustres. Dias depois retornaram com uma relação de santos totalmente desconhecidos: eles simplesmente colocaram o “São” antes dos seus nomes. Todos os diretores tinham sido canonizados. Não aceitei ouvir a “voz de Deus” e, até hoje, o endereçamento do Conjunto João Sampaio é feito por indicação de quadras e ruas em projeto.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Moacyr Luz na Roda de Samba

O amigo Felipe Olegário convida para as comemorações do Dia Nacional do Samba em Maceió. A data é lembrada pela primeira vez e a agenda de eventos é a seguinte:

- Dia 05 de dezembro às 19h, no Cine Sesi Pajuçara - Conversa com Moacyr Luz, sambista carioca, parceiro de Beth Carvalho, Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro, Zeca Pagodinho, Hermínio Bello Carvalho, João Nogueira, Guinga... conhecedor profundo da obra de Cartola, Nelson Cavaquinho, Noel Rosa, Pixinguinha, Carlos Cachaça e tantos outros. Ingresso 1kg de alimento não perecível.

- Dia 06 de dezembro às 21:00h - Roda de Samba com Moacyr Luz no Jurerê (antigo Bar do Alípio, no Pontal da Barra), mesa p/4 pessoas, R$ 80,00.

Bom programa! Mais informações no 9921-0323.

Me engane mais que eu pago o seu lanche!

Não deixa de ser inteligente a forma como a Câmara de Maceió tem enfrentado o debate sobre a Lei Orçamentária Anual para 2009. De uma hora para outra os nossos edis resolveram travar o bom combate em defesa de uma melhor utilização dos recursos públicos no âmbito do município de Maceió. Cobram do prefeito Cícero Almeida relatórios da execução orçamentária e detalhamentos da gestão fiscal. Seria uma boa iniciativa do poder legislativo, se não estivesse associada a esta ação fiscalizadora a tentativa de manter a Câmara recebendo anualmente seus quase R$ 36 milhões. O problema dos senhores vereadores é que a Lei Orçamentária para 2009 estabelece uma redução de mais de R$ 6 milhões na fatia da Câmara.
Como o objetivo é desviar a atenção para a discussão somente do Orçamento Municipal, um vereador conclamou a sociedade a exercer os seus direitos na aprovação da lei: “O orçamento é uma peça fundamental para o crescimento de uma cidade, nele o Poder Executivo apresenta um pré-retrato de como vai administrar, suas ações e prioridades. Por isso é preciso a presença da população e de toda sociedade civil organizada”. E a pergunta que não quer calar é: como a população faz para discutir os gastos da própria Câmara? Como são gastos os R$ 36 milhões? A caixa preta continua fechada, embora tentem aparecer como arautos da transparência, no que diz respeito ao orçamento municipal. Diante de tais situações, a malandragem diria: me engane mais que eu pago o seu lanche!