sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

FELIZ ANO VELHO!

Jorge Vieira*

Parafraseando o presidente Lula, entre tsunami e marola, o Brasil vive um período de turbulência econômica e social, sem sobressalto político. Apesar das dificuldades que enfrenta, a maioria da população brasileira conseguiu um leve patamar de bem-estar e estabilidade na organização familiar. Mas, pelo cenário que se avizinha, põe em risco a permanência dessas pequenas conquistas.
No campo macro-econômico se ressalta os pontos positivos da atual política implantada pelo governo brasileiro. Visto que, na onda neoliberal internacional, os gestores mesclaram a política smithiana com a keynesiana, utilizando o discurso do clássico liberalismo econômico com o bem-estar social. Por um lado, incentivando e apoiando financeiramente o mercado; por outro, com mitigada distribuição de renda para as classes excluídas.
As políticas compensatórias conseguiram criar um ambiente positivo na renda familiar, facilitando o amortecimento das demandas e reivindicações históricas dos movimentos sociais. O que não seria possível sem o auxílio e conivência da grande mídia, sempre de plantão para acolitar os grandes interesses do capital internacional.
A chave de leitura da alta popularidade presidencial está na articulação dessa política econômica com uma base política conservadora, corroborada pela desmobilização das organizações e movimentos populares. A sociedade, envolta no consumismo imediatista, encontra-se amortecida e apática diante dos acontecimentos, incapaz de pensar um projeto a médio e longo prazo.
Como conseqüência direta da política interna e em nível internacional, percebe-se uma sinalização de mutação do bem-estar social para o mal-estar social, afetando o tecido social, econômico e psicologicamente. É possível que, assim, a população se dê conta da crise que já está batendo os mares tropicais.
Em nível imediato, percebe-se um comércio ainda aquecido, impulsionado pelo 13º salário, mas a economia sinaliza com férias coletivas e demissão de operários no setor industrial. Mas, do ponto de vista estrutural, o desemprego, a falta de assistência à saúde e educação continuam assolando parte significativa da população. Neste contexto, destaca-se a violência que impera nas ruas e favelas das cidades.
Uma seqüência de marolas pode gerar um tsunami. E aí, a sociedade pode ter saudade de 2008. Feliz ano velho!

* é jornalista e professor do CESMAC

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