quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O guerreiro Venâncio nos deixou

Soube, hoje ao meio-dia, pelo Ricardo Mota da morte do Mestre Venâncio. Mestre de Guerreiro e do pandeiro. Tive o prazer de conviver alguns momentos com o Venâncio, na época em que ocupei o cargo de secretário de estado da cultura. Sempre alegre, mesmo enfrentando as dificuldades de uma vida sem recursos financeiros. Procurava-nos e pedia ajuda para recuperar uma sanfona; sabíamos que buscava mesmo era recuperar o telhado da sua casa que havia cedido. Fazíamos imediatamente uma “vaquinha” para ajudar ao Mestre. Assim levou a vida com dificuldades, mas sem deixar de exibir um sorriso.
Foi por causa dele e do Fernando da Ilha do Ferro, em Pão de Açúcar, que propus ao governador Ronaldo Lessa a criação da Lei dos Mestres. Era o reconhecimento do Estado da necessidade de amparar os mestres da cultura alagoana. Uma ajuda mensal e vitalícia de R$ 500,00 para aqueles que o Conselho Estadual de Cultura classifica como mestre, além de outros enquadramentos em critérios sociais. Sei que ainda hoje essa lei protege os que se destacaram como patrimônio do saber da nossa terra.
Guardarei para sempre uma das últimas conversas que tive com ele, durante o café da manhã que promovíamos para artistas e funcionários da secretaria. Desafiei, em tom de brincadeira, a “embolar” com o seguinte mote: “topei no paralelepípedo e cai no purgatório”. Ele riu e disse: Isso aí é mote, homem! Você quer me enrolar! Como diabos alguém consegue dizer um negócio desses? Ele tinha razão; não era mote. Era somente uma desculpa para vê-lo dar um grande sorriso.
Vai o seu corpo e fica a história e os ensinamentos do Mestre.

Foto do Site Tudo na Hora

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