terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Tribunal de Contas foi desmoralizado pela PF

A lagarta-de-fogo (taturana) tem essa denominação popular porque queima a pele dos outros, mas não agüenta fogo. Assim também se comportam seus homônimos os deputados alagoanos envolvidos. Bastou elevar a temperatura, expondo as provas dos crimes, afastando a Mesa Diretora e mobilizando a indignação da sociedade, que o desespero começa a tomar conta dos indiciados. O primeiro sinal foi a tentativa de envolver o deputado Paulão (PT) nos empréstimos fraudulentos. A segunda tenta arrastar o procurador-geral de Justiça de Alagoas, Coaracy Fonseca, para o mar de lama, digo, de fogo. O objetivo é estabelecer a lógica de que “se todos agem do mesmo jeito que eu, então isso é o certo”. Mas o tiro saiu pela culatra. O Ministério Público radicalizou e agora investe pesado na solicitação de intervenção federal na Assembléia. Argumentos não faltam: “Os poderes estão impedidos de realizar suas funções. Estão reféns de deputados estaduais indiciados, que estão com o orçamento do Estado. Além disso, é visível que o clima de horror instaurado na Assembléia impede que outros deputados se apresentem para assumir o comando da Casa”, denuncia Coaracy Fonseca. Para ele não basta afastar a Mesa. É preciso afastar também os deputados envolvidos: “o maior partido da Assembléia é o partido da organização criminosa”, reafirma Coaracy.
Para completar o cerco, o superintendente da Polícia Federal em Alagoas, José Pinto de Luna mandou um recado desmoralizante para o Tribunal de Contas, que pretende fazer uma investigação tardia na Assembléia: “Temos informações sobre quem é quem no Tribunal de Contas e estamos avisando para que as pessoas viciadas neste processo de corrupção tomem cuidado, e não tentem ir de encontro às provas que juntamos". O TC está tão desacreditado, que chegou ao ponto de ser “orientado” a realizar a auditoria com a definição de ter que chegar a resultados compatíveis com o inquérito policial já em andamento na PF, como estabeleceu José Pinto Luna: "Estamos de olho. Não vamos deixar a Taturana ser desmoralizada. Temos provas fartas demais comprovando as irregularidades".
O poder judiciário também não escapou das ações do MP. Coaracy Fonseca entrou com um pedido de exceção de suspeição do desembargador Juarez Marques Luz, além da pressão sobre os desembargadores para que aceitem o agravo regimental que mantém afastados os deputados indiciados da Mesa Diretora, e, principalmente, esperando que quatro dos 11 desembargadores, se coloquem em suspeição por terem vínculos com os envolvidos.
Percebe-se que o fogo, assoprado pelo MP e pela sociedade civil indignada, começa a se alastrar entre os poderes, comprovando as diversas ramificações do grupo. Tentar envolver o MP e Paulão (PT) no mesmo saco de gatos não foi uma boa idéia.
Foto do superintendente da Polícia Federal em Alagoas, José Pinto de Luna

Um comentário:

Anônimo disse...

Ticianele, parabéns pelo blog e ainda mais pelo artigo, que aproveitei algumas informações contidas nele para concluir um texto em que falo do descrédito do TC/AL.
No final do texto cito os endereços que me ajudaram a escrever o texto.
Endeço do meu blog, sergioscampos.blogspot.com
Estou a disposição.