Edberto Ticianeli
A televisão mostrou neste sábado (26/11) a épica batalha naval – embaixo de muita chuva – entre o time do Sport e o do Vila Nova, lá em Goiânia. Jogo que decidia a ascensão do Sport para a Série A do futebol brasileiro. Em Maceió, na mesma hora, o CRB jogava contra o Joinville a primeira partida para saber quem será o campeão da Série C. Uma partida mais tranquila, já que os dois times já estavam classificados para a Série B do próximo ano.
Os dois tradicionais times nordestinos conseguiram os seus objetivos e suas torcidas estão alegres com o feito dos jogadores, que são tratados como heróis. Tudo é festa e sentimento de gratidão. Dá para imaginar, por exemplo, o tamanho da recepção que a torcida pernambucana oferecerá aos leões da Ilha. O torcedor do CRB já vem comemorando o acesso à Série B desde a semana passada.
Mas, com tanta festa, onde está a ingratidão anunciada no título? Está na cabeça dos torcedores e cartolas. Não há um deles que já não esteja pensando no campeonato do próximo ano e no time que deverá ser montado para um certame mais difícil. Todos são gratos aos jogadores vitoriosos, mas sabem que a maioria deles não está à altura das novas exigências e terão que ser dispensados.
É a cruel lógica do esporte competitivo, arena dos melhores. Imagine os técnicos e cartolas nas preleções antes dos jogos, motivando os atletas para se superarem pelo clube. O apelo é quase sempre no sentido de fortalecer o espírito de grupo, de equipe: um por todos e todos por um. E lá vão eles para o campo de jogo dispostos a darem o melhor pelo clube. Contraditoriamente, também sabem que, se conseguirem os seus objetivos, terão poucas chances de continuarem no time e usufruírem da glória que é disputar o campeonato brasileiro numa Série superior.
Poderia ser diferente? Os estudiosos dos esportes identificam que o caráter competitivo sempre estará presente, mesmo quando há cooperação. Entretanto, reconhecem que o aspecto opressor, de uma sociedade que cobra êxito e somente valoriza a vitória, tem ofuscado as características lúdicas do esporte, que priorizam o prazer e a festa: a prática do esporte para se sentir bem.
É um problema complexo, mas que merece a atenção de quem se preocupa com o esporte e o seu papel integrador na sociedade. Uma coisa é certa: enquanto o futebol brasileiro for tratado como produto para a televisão, o seu aspecto de espetáculo competitivo predominará. Os campeonatos de futebol não obedecem a nenhuma política pública que fortaleçam os clubes, principalmente nas regiões mais pobres do país. Cartolas e redes de televisão são quem escolhem os clubes que vão crescer e os que vão desaparecer. Em Alagoas, por exemplo, já é maior o número de torcedores que vestem as camisas de times cariocas e paulistas. Mas vai melhorar. A bola está com o ASA e o CRB.
Um comentário:
É assim no futebol, ou em qualquer outro espotrte profissional. Os melhores jogadores tem a chance de irem para uma equipe maior e ganhar melhores salários.Outros ficam e muitos são disspensados. Quando um time faz uma boa campanha todo o grupo se valoriza. O que é nefasto é o monopólio e a interferência da Globo na tabela e nos horários...e a CBF ter preferência por clubes! Aí... fazemos todos papel de bobos.
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