sábado, 12 de janeiro de 2008

Ser ou não ser

O governador Teo Vilela vive um drama shakespeareano em sua relação com a Assembléia Legislativa. Precisa manter a maioria dos deputados satisfeitos com o governo, mesmo sabendo que essa turma não é lá nenhuma Brastemp. Sonha em enxugar os repasses que faz aos outros poderes, mas não quer assumir o ônus de uma medida tão antitaturânica. Esperou o quanto pôde, acreditando que as organizações da sociedade civil cumpririam esse papel. Como isso não aconteceu, Teo resolveu cobrar solução para o "desgaste" do poder legislativo. A outra face da moeda, e que também incomoda o governador, é a decisão que tem que tomar sobre o nome que deverá ser indicado para a vaga de Alfredo Gaspar de Mendonça no Tribunal de Contas. O escolhido por sua base na Assembléia é o deputado Cícero Amélio, que enfrenta inquérito da Polícia Federal pelo envolvimento no desvio dos 200 milhões da Assembléia. Téo quer honrar o compromisso com os deputados, mas não quer indicar o nome de alguém sob suspeita. Assim, o dilema shakespeareano fica mais exposto. Será que os deputados envolvidos conseguirão limpar as suas imagens para facilitar a vida do governador? Teo vai se negar a indicar Amélio e comprar uma briga com a Assembléia?
A cobrança do governador aos deputados, para que esclareçam as denúncias, é mais jogo de cena do que uma ação incisiva de governo que tenha esperança de se concretizar. Afinal de contas, as declarações do superintendente da Polícia Federal em Alagoas apontam para o indiciamento de deputados no inquérito aberto pela Operação Taturana.
Independentemente das vacilações do governo, o movimento popular está devendo uma ação mais firme no caso. O foco foi desviado para uma falsa polêmica: participação ou não em auditorias. A questão a ser decidida é se vamos ou não cobrar punições, além de exigir que o governo esclareça se os orçamentos dos poderes refletem as suas reais necessidades ou estão “inchados”. Percebo que está em andamento uma operação panos mornos.

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