segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Um outro 11 de setembro

Victor Jara

Antes do 11 de setembro de 2001, quando as torres gêmeas foram atingidas, já havia um 11 de setembro muito famoso, o de 1973. É a data do golpe militar no Chile,comandado pelo general Augusto Pinochet, que atacou o Palácio da Moneda e derrubou Salvador Allende, presidente eleito democraticamente pelo povo chileno. Caiu um governo de esquerda e assumiu uma das mais violentas ditaduras da história da humanidade.

Quem ainda não viu, vale a pena procurar o curta metragem 11 de setembro, do inglês Ken Loach. Seu personagem, um exilado chileno, ao escrever uma carta de solidariedade ao povo norte-americano, revela que também sofre com o 11 de setembro do seu país, ocorrido coincidentemente numa terça-feira, 11 de setembro de 1973.

Cenas do presidente Bush, clamando por vingança e se declarando o defensor das liberdades, são caladas pela contundente denúncia das imagens do envolvimento de Nixon e seu secretário Henry Kissinger no massacre de mais de 30 mil chilenos. Ken Loach não tergiversa e alerta aos norte-americanos para as violências que eles já cometeram mundo afora, quase que como dizendo: vocês estão colhendo o que plantaram.

Ao final, o personagem expõe o dilema do exilado, que sonha em voltar com sua família para o Chile, sabendo que isso transformaria seus filhos em exilados, já que nasceram em Londres. O filme tem um discurso triste das lembranças da democracia chilena usurpada pela violência, que nos remete ao canto Vientos del pueblo, do chileno Victor Jara, que teve os pulsos amputados e morreu no Estádio do Chile.

De nuevo quieren manchar
mi tierra con sangre obrera,
los que hablan de libertad
y tienen las manos negras,
los que quieren dividir
a la madre du sus hijos
y quieren reconstruir
la cruz que arrastrara Cristo.

Quieren ocultar la infamia
que legaron desde siglos
pero el color de asesinos
no borrarán de su cara.
Ya fueron miles y miles
los que entregaron su sangre
y en caudales generosos
multiplicaron los panes.

Ahora quiero vivir,
junto a mi hijo y mi hermano,
la primavera que todos
vamos construyendo a diario.
No me asusta la amenaza,
patrones de la miseria.
La estrella de la esperanza
continuará siendo nuestra.

Vientos del pueblo me llaman,
vientos del pueblo me llevan.
Me esparcen el corazón
y me avientan la garganta.
Así cantará el poeta
mientras el alma me suene
por los caminos del pueblo
desde ahora y para siempre.

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