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Victor Jara |
Antes do 11 de setembro de 2001, quando as torres gêmeas foram atingidas, já havia um 11 de setembro muito famoso, o de 1973. É a data do golpe militar no Chile,comandado pelo general Augusto Pinochet, que atacou o Palácio da Moneda e derrubou Salvador Allende, presidente eleito democraticamente pelo povo chileno. Caiu um governo de esquerda e assumiu uma das mais violentas ditaduras da história da humanidade.
Quem ainda não viu, vale a pena procurar o curta metragem 11 de setembro, do inglês Ken Loach. Seu personagem, um exilado chileno, ao escrever uma carta de solidariedade ao povo norte-americano, revela que também sofre com o 11 de setembro do seu país, ocorrido coincidentemente numa terça-feira, 11 de setembro de 1973.
Cenas do presidente Bush, clamando por vingança e se declarando o defensor das liberdades, são caladas pela contundente denúncia das imagens do envolvimento de Nixon e seu secretário Henry Kissinger no massacre de mais de 30 mil chilenos. Ken Loach não tergiversa e alerta aos norte-americanos para as violências que eles já cometeram mundo afora, quase que como dizendo: vocês estão colhendo o que plantaram.
Ao final, o personagem expõe o dilema do exilado, que sonha em voltar com sua família para o Chile, sabendo que isso transformaria seus filhos em exilados, já que nasceram em Londres. O filme tem um discurso triste das lembranças da democracia chilena usurpada pela violência, que nos remete ao canto Vientos del pueblo, do chileno Victor Jara, que teve os pulsos amputados e morreu no Estádio do Chile.
De nuevo quieren manchar
mi tierra con sangre obrera,
los que hablan de libertad
y tienen las manos negras,
los que quieren dividir
a la madre du sus hijos
y quieren reconstruir
la cruz que arrastrara Cristo.
Quieren ocultar la infamia
que legaron desde siglos
pero el color de asesinos
no borrarán de su cara.
Ya fueron miles y miles
los que entregaron su sangre
y en caudales generosos
multiplicaron los panes.
Ahora quiero vivir,
junto a mi hijo y mi hermano,
la primavera que todos
vamos construyendo a diario.
No me asusta la amenaza,
patrones de la miseria.
La estrella de la esperanza
continuará siendo nuestra.
Vientos del pueblo me llaman,
vientos del pueblo me llevan.
Me esparcen el corazón
y me avientan la garganta.
Así cantará el poeta
mientras el alma me suene
por los caminos del pueblo
desde ahora y para siempre.
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