quinta-feira, 24 de junho de 2010

A violência que une o Carnaval à Páscoa

Publicado em 6/4/2010 - Qualquer Instante

Além de serem duas datas móveis no calendário, separadas por 46 dias, o carnaval e a páscoa também tem em comum, surpreendentemente, a violência. Pelo menos é o que apontam os dados colhidos no Hospital Geral do Estado Professor Osvaldo Brandão Vilela, o nosso tão sofrido HGE.

Nos quatro dias do carnaval de 2010, o HGE recebeu 91 vítimas de ocorrências delituosas contra a pessoa. Foram quatro por tentativas de suicídio, 51 por lesões corporais, 16 por arma de fogo e 20 por arma branca. Os acidentes de trânsito foram responsáveis por 77 casos de atendimentos, sendo 51 motivado por colisões, 19 por atropelamento e sete por capotamento. O total dos atendidos nos dois tipos de ocorrência é de 168 pessoas.

Os números do feriadão da semana santa também são expressivos e superam os do carnaval. Foram 94 pessoas atendidas por ocorrência delituosa contra a pessoa, assim distribuídas: três por tentativa de suicídio, 43 por lesão corporal, 20 por arma de fogo e 28 por arma branca. As vítimas em acidente de trânsito somaram 121 atendimentos. Foram 19 por atropelamento, duas por capotamento, 47 por colisão e 53 por acidente de moto. Somadas as duas ocorrências temos 215 pessoas.

Que durante o carnaval aconteçam excessos que resultem em violência, até que é compreensível, já que o carnaval é uma festa que se caracteriza pela negação da ordem e é predominantemente movida a álcool. A surpresa fica com os números da semana santa, pois era de se esperar um clima de retiro, já que o período reverencia o sofrimento, morte e ressurreição de Cristo. Então, como se explica que 215 vítimas da violência foram atendidas na semana santa, enquanto que, no carnaval, esse número foi inferior?

Uma análise mais acurada vai mostrar que os acidentes de trânsito na semana santa são os responsáveis pelo maior número de vítimas. Aí está a diferença entre os dois feriadões: no carnaval há um planejamento especial dos órgãos do trânsito e de segurança, enquanto que na semana santa não há sequer campanhas educativas. Não há jejum de bebidas e nem cuidados especiais ao dirigir somente porque o feriado é cristão. É preciso atuar nesses períodos com a força máxima para impedir os excessos, mesmo que isso implique em retirar milhares de policiais da convivência com as suas famílias em um feriadão.

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