quinta-feira, 24 de junho de 2010

Ufal e presídios: uma longa convivência

Publicado em 06 de março de 2010 no site Qualquer Instante

Nem tudo numa cidade pode ser pensado ou planejado para que se evite totalmente a convivência de equipamentos urbanos conflitantes. É só ver os problemas dos lixões, que não podem ser tão longe - para que não encareçam os seus custos -, e nem tão perto que incomode com o mau cheiro e moscas. Assim aconteceu com a Maceió dos anos 60, enfrentando os primeiros problemas de um crescimento mais acelerado, entretanto administrada por gestores com pouca experiência e domínio técnico para pensar a cidade a longo prazo. Foi essa visão limitada que determinou o deslocamento das casas de prostituição de Jaraguá para o “distante” bairro do Canaã. Em 1965, fecharam o velho presídio da Praça da Cadeia, no Centro de Maceió, e transferiram os seus ocupantes para o recém inaugurado presídio São Leonardo, situado na então Zona Rural de Maceió, quase em Rio Largo. A Universidade Federal de Alagoas, criada em1961, cobrava o seu campus e o reitor Aristóteles Calazans Simões, após muita insistência, conseguiu iniciar, em 1966, a construção da Cidade Universitária, coincidentemente, em terreno vizinho ao presídio São Leonardo.


Não acredito que, na década de 60, alguém tenha previsto os problemas das superlotações e fugas dos presídios, a ponto de ter chamado a atenção para a diferença existente entre educar alunos e reeducar presos. Independente das limitações do passado, esse problema afeta hoje seriamente o cotidiano da Cidade Universitária.

Pois é, hoje, já há conhecimento e experiência suficientemente acumulados para se evitar que erros como esses aconteçam. No entanto, em Arapiraca, a situação se repetiu. Em 2002 foi inaugurado o presídio de Segurança Média "Desembargador Luis de Oliveira Sousa", e em 2006, a Ufal, inaugura, ao lado do presídio, o seu campus. O primeiro problema já aconteceu esta semana, com a fuga de cinco presos e muito pânico entre os estudantes, professores e funcionários da Ufal. A pergunta que fica é: por quê errar duas vezes?

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