Lilian Milena
Todos os anos são formados no mundo um milhão de novos médicos e enfermeiros, número que, apesar de chamar atenção, está longe de atender as expectativas da demanda. Segundo o presidente da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, Rubens Belfort Jr., o problema está no direcionamento das vagas de especialização dos cursos ligados à saúde.
Durante o 18º Fórum de Debates Brasilianas.org, realizado em São Paulo, Belfort Jr. destacou que para operar todos os chineses com problemas de catarata hoje, seriam necessários 250 mil oftalmologistas, sendo que existem atualmente, no mundo, apenas 150 mil formados.
Os custos para a formação de profissionais da saúde no mundo também precisam ser reavaliados, considerou o médico. Em média, se gasta US$ 113 mil para formar um médico e cerca de US$ 50 mil para formar uma enfermeira.
“Em 2009, se gastou 55 bilhões de dólares ao ano para todas as atividades de preparo de profissional de saúde, de técnicos ao mais alto nível de formação na área. Entretanto, isso foi apenas 2% do que foi gasto na área de saúde naquele ano. Sendo que o correto deveria ser 12%”, considerou.
Além de aumentar os gastos em até 6 vezes com a formação de profissionais da saúde, as políticas públicas para o setor devem considerar nos próximos anos a interdisciplinaridade, ou seja, o fato de ser cada vez mais importante que profissionais de várias áreas aprendam juntos (médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, etc.).
“Em muitos países se começa a questionar se não é interessante que todo o profissional da saúde receba o mesmo salário quando começa a trabalhar. E, apenas em função das tarefas que estiver desenvolvendo, vá, com o tempo, receber uma remuneração maior ou menor”.
Belfort Jr. apontou não somente esse exemplo, entre os novos paradigmas que estão sendo introduzidos na área da medicina, como a função do hospital que hoje, na maioria das sociedades funciona como a porte de entrada para o tratamento de qualquer doença ou realização de qualquer tipo de exames.
A tendência no mundo são investimentos maiores em técnicos e não em médicos para que o tratamento do paciente ocorra principalmente fora dos hospitais, direto na residência onde poderá ser feito exames e retirada de diagnósticos. Segundo Belfort Jr. esse sistema diminuirá os custos dos hospitais. Ainda, num futuro não tão distante, estimado para 2015, os médicos começarão a receber pelo resultado dos seus procedimentos – se conseguiu curar ou melhorar a qualidade de vida do paciente – e não pelo serviço que executou.
Ao final da palestra, o médico voltou a reiterar que a formação de pessoal da saúde precisa receber maiores investimentos. Com o avanço da tecnologia os exames e acompanhamentos clínicos serão muito mais ágeis e seguros, mas o preparo de um enfermeiro deve ser primordial para que, por exemplo, não confunda leite materno com medicação intravenosa, como ocorreu recentemente num hospital municipal de São Paulo, resultando na morte de um bebê de 12 dias.
“A cada ano o computador vive menos, e o ser humano vive mais. Nós teremos, em 20 anos, excelentes profissionais atuando com 80 anos de idade. Logo, vale à pena mantermos um sistema de upgrade do indivíduo, levando em consideração a necessidade da sociedade”, finalizou.
Um comentário:
Caro amigo Ticianeli, vivemos hoje no que se chama de pos modernidade e mudança, de paradigmas cietíficos e precisamos discutir o quanto fora de realidade está, as formações universitárias em nosso país, onde saímos bem perdidos sem saber objetivamente, onde vamos, colocar em prática aquele turbilhão de teórias esquizofrênicas, que são importadas do exterior do século passado, e não são muitas, vezes adaptadas a nossa realidade. Na área da saúde isso não é diferente, pois eu sou de uma área que é a Psicologia, que é uma intereface entre a área de humanas e de saúde e posso dizer que tive que, buscar conhecimentos,em muitas interfaces tais como a sociologia,a literatura, a arte e até a política para efetivamente,compreender um pouco do universo psiquíco do ser humano.ASS:Eklivann Marcel(crp-15/2444) Psicólogo, que trabalha com arteterapia.
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