sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Maceió Cidade Aberta

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Paulo Renault e Chico Elpídio
Fonte: Blog do Geraldo de Majella

Conheci Paulo Renault Braga Villas Boas [1958-2003] quando ainda era criança. Seu avô, Júlio de Almeida Braga, era companheiro de militância do meu pai no velho Partido Comunista Brasileiro – PCB. Na juventude, voltamos a nos encontrar nas lutas políticas. Ele no PCB e eu no PCdoB.

Mesmo tendo passado um período na militância política, Paulo Renault se sentia mais atraído pela poesia, música e, inevitavelmente, os ambientes boêmios. Autor de várias músicas gravadas e livros publicados, Paulo ainda encontrava tempo para a direção teatral e produção cultural.

Graças a essas qualidades, ele produziu uma bela homenagem à cidade onde nasceu: o livro de poesias Maceió Cidade Aberta, que virou espetáculo musical com a participação do Chico Elpídio.

É do livro Maceió Cidade Aberta que retiramos o poema abaixo, como homenagem a Maceió e ao Paulo Renault, que soube amar a cidade sem deixar de cantar seus problemas sociais.

llpp1Cidade encantada

Ah, cidade encantada,
Sempre ausente nesta madrugada incerta,
Vocifera!
Como a que quis sempre antiga,
Ou igual a do futuro,
E aí... mesmo ausente do meu coração tardio,
Embebedo-me de tua alma arruaceira.

Ah, cidade encantada, acolha-me;
E mesmo que não,
Te amarei por mais das vezes,
Cêntrico, ou mesmo perto de si,
Após dizeres que não mais me amas.

(Em segredo,
Nos meus olhos,
Diga que não mais me amas)
Diga! Espalhe pelos bairros,
Pelos becos,
Alardeie aos quatro cantos
Que não mais me quer,
Que trocastes por outro amante,
Mas, que no fundo, saibas bem,
Sempre estarei contigo.

Ah, cidade encantada,
Amei-te, quando ninguém te queria,
E agora, todos disputam a tua madrugada
Serena, tranqüila, os teus seios enormes
E as tuas pernas a passearem sobre mim,
Ternamente sobre mim.

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