segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A fotografia de Guevara

Edberto Ticianeli
Olhar de tristeza e indignação com as mortes
no ato de terrorismo

No dia 4 de março de 1960, às 8 horas, o navio francês La Coubre atracou no porto de Havana com um carregamento de armas comprado na Bélgica. O governo de Washington havia tentado impedir de todo jeito que a carga chegasse a Cuba, país agora governado por Fidel Castro. No meio da tarde do mesmo dia, duas explosões destruíram o navio e a carga, além de matar 136 pessoas.

Já no dia seguinte, 5 de março, o governo revolucionário organizou um ato em homenagem às vítimas. O jornal cubano Revolución enviou o fotografo Alberto Korda para cobrir o evento. Entre as várias fotografias, ele fez duas tomadas de Che Guevara, uma na vertical e outra na horizontal. Assim nascia a mais famosa foto do mundo: Guerrillero Heroico.

O sucesso da foto não foi imediato. Com a morte de Guevara em 1967, na Bolívia, o italiano Giangiacomo Feltrinelli utilizou a parte central da foto horizontal e imprimiu vários pôsteres em homenagem a Che Guevara.

Filme original
A imagem se espalhou e se transformou na fotografia mais famosa do mundo de acordo com o Instituto-Faculdade de Arte de Maryland (Maryland Institute College of Art). Já o Victoria and Albert Museum declarou ser a foto de Kapra "a imagem mais reproduzida da história da fotografia".

A foto de Kapra também foi utilizada numa pintura, em monotipia, pelo artista plástico irlandês radicado nos EUA, James "Jim" Fitzpatrick, que liberou a imagem para reprodução.

O próprio Alberto Korda nunca recebeu nada por suas fotos. Ele, como Guevara, também era comunista e dizia que a divulgação da foto ajudava a espalhar os ideais revolucionários de Guevara.

Monotipia de Jim Fitzpatrick
Essa preocupação de Korda com a utilização correta da imagem de Guevara fez com que ele impedisse que a foto fosse utilizada num anúncio de vodka. Em 2007, em entrevista ao New York Times, a filha de Che Guevara, Aleida Guevara, denunciou a utilização comercial abusiva da imagem do seu pai.

Em todo o mundo, além dos militantes de esquerda, é comum ver a imagem de Che Guevara em bandeiras de times de futebol e shows de rock, num fenômeno que tem merecido o estudo e o desenvolvimento de várias teses acadêmicas.

Em homenagem aos 44 anos da morte de Guevara, lembramos da foto que fez manter a sua imagem viva, ou que o transformou no morto mais vivo da história. Hasta siempre, comandante.

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