sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Episódio Galba Novaes: um desgaste desnecessário

Edberto Ticianeli

As últimas eleições consolidam uma tendência política identificada por vários analistas: o eleitor vota diferente para escolher seus representantes em eleições proporcionais e majoritárias.

O voto nos proporcionais é mais volúvel, sujeito a alterações e influências menores. É como se a atividade legislativa dos proporcionais não tivesse muita importância.

O voto majoritário, não: esse vai decidir quem serão os governantes. O eleitor ouve os argumentos dos candidatos, procura conhecer a sua história e pode até receber um incentivo monetário para ajudar na escolha, mas, na hora H, ele mesmo é quem está decidindo para onde vai o seu voto.  

É por essa razão, que a construção de uma candidatura a prefeito – principalmente das capitais e nos grandes municípios -, a governador e a presidente passa por um cuidadoso processo de posicionamento político do candidato.

De alguém que se propõe chegar ao poder é de se esperar que saiba construir consensos em torno do seu projeto político. Uma tarefa dificílima diante da heterogeneidade dos programas partidários e das disputas entre as correntes internas, existentes em todas as siglas.

Cobra-se de alguém que vai liderar um bloco de forças o mínimo de capacidade de diálogo e de habilidade para superar, com diplomacia, os possíveis obstáculos e desentendimentos políticos.

Se esses pressupostos são verdadeiros, não dá para entender o comportamento político do vereador Galba Novaes (PRB) no episódio da sua quase filiação ao Partido dos Trabalhadores para disputar a prefeitura de Maceió em 2012.

O primeiro problema foi a exposição desnecessária em um debate público sobre se o PT aceitaria ou não a sua filiação. A experiência de um velho político mineiro, como foi Tancredo Neves, pode ajudar a entender a importância de se fugir do desgaste que é receber um não. É atribuída a ele a frase: “Eu só convoco uma reunião quando já sei qual vai ser o resultado dela”.

Não é a melhor situação ter o nome como objeto de especulação pública sem se saber o resultado. Galba Novaes poderia ter sondado anteriormente quais as posições dos grupos petistas sobre a sua filiação e a do seu filho. Entrar num partido com reações ao seu nome como filiado, não é um bom começo para quem quer ganhar uma eleição.  

O inesperado mesmo ficou por conta da postura pública que o vereador teve diante da negativa da maioria do PT à sua filiação. Em um discurso indignado, na tribuna da Câmara, Galba apontou como culpados os “escorpiões” e os traidores petistas.

A pergunta que não quer calar é: cometendo erros primários e reagindo de forma agressiva diante do primeiro obstáculo, Galba Novaes está pronto para disputar um mandato de prefeito de Maceió? Suas reações ajudam ou atrapalham na consolidação da sua imagem como a de uma líder capaz de aglutinar forças para uma eleição difícil como é a de Maceió?

Conheço o Galba Novaes há muito tempo e sei que ele é capaz de assimilar o que aconteceu e superar esse episódio. Espero que isso aconteça logo para que o debate sobre as candidaturas de 2012 volte a acontecer num patamar mais elevado, onde o vereador e presidente da Câmara joga um papel importante. Ficar comprando briga secundária com fulano ou sicrano do PT, ou das forças ocultas, não constrói nada. Agora é hora de se ter cabeça fria.

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