Edberto Ticianeli
Ainda não há
informações detalhadas dos bastidores da negociação, mas já se pode
afirmar que Guillermo Zuloaga não aguentou o tranco e vendeu a Globovisón. O ex-proprietário
do canal de televisão, que fazia oposição cerrada ao chavismo, não escondeu que
perdeu a quebra de braço com o governo do país. Em carta, ele acusa o
autoritarismo de Hugo Chávez como responsável pela inviabilização do
empreendimento de sua família.
Na maior
cara de pau, Zuloaga tenta se passar como vítima, afirmando que o ex-presidente
Chávez “não gostou do nosso compromisso de informar a verdade e, por isso,
desde 2001, nos declarou inimigos da revolução. Como consequência, inimigos do
Estado, o que, depois de 14 anos, fez a Globovisión inviável sob minha direção”.
Para bom entendedor fica claro que Zuloaga, que mora nos Estados Unidos, perdeu
os recursos da publicidade do governo venezuelano e jogou a toalha. Hugo Chávez
não viveu para ver a derrota de Zuloaga.
Os novos
proprietários da Globovisón têm à frente, como acionista principal, o
economista Juan Domingo Cordeiro. Ele é identificado como simpatizante do
chavismo, ainda que negue ter relações mais próximas com o governo. Mesmo tendo
ainda inimigos do chavismo em cargos importantes, a expectativa dos analistas é
que a linha editorial da empresa migre lentamente para uma posição de centro.
O processo
de partidarização da Globovisión e a sua insolvência tem importância fundamental
para quem acompanha, no Brasil, as atividades políticas da grande imprensa. Por
aqui, já tem empresa enxugando custos. É bom lembrar que a Globovisión se
envolveu abertamente em campanhas políticas contra Chávez, chegando ao cúmulo
de incitar a população para que derrubasse o presidente constitucionalmente
eleito. Desesperadamente, Zuloaga queria impor um governo capaz de garantir vastos
recursos para a sua empresa. Afinal, morar nos Estados Unidos é caro.
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