quarta-feira, 15 de maio de 2013

Venezuela: Globovisión foi vendida para grupo simpatizante do chavismo


Edberto Ticianeli


Ainda não há informações detalhadas dos bastidores da negociação, mas já se pode afirmar que Guillermo Zuloaga não aguentou o tranco e vendeu a Globovisón. O ex-proprietário do canal de televisão, que fazia oposição cerrada ao chavismo, não escondeu que perdeu a quebra de braço com o governo do país. Em carta, ele acusa o autoritarismo de Hugo Chávez como responsável pela inviabilização do empreendimento de sua família.

Na maior cara de pau, Zuloaga tenta se passar como vítima, afirmando que o ex-presidente Chávez “não gostou do nosso compromisso de informar a verdade e, por isso, desde 2001, nos declarou inimigos da revolução. Como consequência, inimigos do Estado, o que, depois de 14 anos, fez a Globovisión inviável sob minha direção”. Para bom entendedor fica claro que Zuloaga, que mora nos Estados Unidos, perdeu os recursos da publicidade do governo venezuelano e jogou a toalha. Hugo Chávez não viveu para ver a derrota de Zuloaga.

Os novos proprietários da Globovisón têm à frente, como acionista principal, o economista Juan Domingo Cordeiro. Ele é identificado como simpatizante do chavismo, ainda que negue ter relações mais próximas com o governo. Mesmo tendo ainda inimigos do chavismo em cargos importantes, a expectativa dos analistas é que a linha editorial da empresa migre lentamente para uma posição de centro.

O processo de partidarização da Globovisión e a sua insolvência tem importância fundamental para quem acompanha, no Brasil, as atividades políticas da grande imprensa. Por aqui, já tem empresa enxugando custos. É bom lembrar que a Globovisión se envolveu abertamente em campanhas políticas contra Chávez, chegando ao cúmulo de incitar a população para que derrubasse o presidente constitucionalmente eleito. Desesperadamente, Zuloaga queria impor um governo capaz de garantir vastos recursos para a sua empresa. Afinal, morar nos Estados Unidos é caro.

Nenhum comentário: