quinta-feira, 31 de maio de 2012

Um destino cultural para a Praça Sinimbu


Edberto Ticianeli
Casa do poeta Jorge de Lima em 1930

Depois de mais de um ano ocupando a Praça Sinimbu, um grupo de trabalhadores sem terra desocupa o espaço. Tenho dúvidas se a ocupação da praça rendeu algum dividendo positivo para a justa luta por terra. Acredito mais que houve um desgaste e, numa análise rápida, posso afirmar que algumas formas de luta destes trabalhadores têm que ser repensadas.

A praça, que naturalmente já sofre com outras ocupações, precisa urgentemente ser reapropiada pelos maceioenses para fins mais nobres que uma feira de carros usados ou boxes para o comércio de artesanato.

Qualquer que seja a proposta de redefinição do uso da praça, terá que levar em conta os novos aspectos urbanísticos do seu entorno, que vem passando por alterações profundas nos últimos anos. As residências quase que não existem mais, predominando o surgimento de repartições públicas.

Três equipamentos se destacam para definição do futuro da praça: o Espaço Cultural da Ufal, o Museu Theo Brandão e a Casa Jorge de Lima. Os dois primeiros pertencem à Ufal e o último à Prefeitura, mas cedido à Academia Alagoana de Letras. Como se percebe, a praça pode e deve ser utilizada como um espaço para as manifestações culturais.
Praça Sinimbu na década de 1920

Não se pode deixar de pensar também na Praça Sinimbu como um dos polos de um futuro eixo cultural que se estenderia dela até à Praça Dois Leões em Jaraguá, envolvendo o Coreto, o Museu da República, a Associação Comercial e o Misa.

O Jaraguá Folia, evento que coordeno há 12 anos, tem discutido isso devido ao aumento da quantidade de blocos e a necessidade de ampliar o percurso dos desfiles. A ideia seria transformar a Praça Sinimbu na área de concentração dos blocos – coisa que já faz o bloco Filhinhos da Mamãe no Museu Teo Brandão.

São ideias que precisam passar pelos estudos dos profissionais em urbanismo. Mas é preciso começar a discutir isso com urgência, antes que as “invasões” terminem por desvirtuar este possível destino para a praça.

Para estimular o debate e valorizar a história da Praça Sinimbu, posto algumas fotos da praça nos seus melhores momentos.
Garagem da CATU (bondes) em 1920
A praça em 1930

Praça Sinimbu em 1869, em foto de Abílio Coutinho

4 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom,Ticianeli.
Me doia muito aquela situação. Espero que sua opinião seja ouvida e ...conte comigo.
Abraço,
Antonio Carlos

Os Anos que vivemos cantando Rock disse...

As fotos são maravilhosas, a discussão proposta pra lá de pertinente, valeu Ticianneli!

Ricardo Cabús disse...

Muito bem, Edberto. Também defendo essa ideia. Agora é uma boa oportunidade.

lena disse...

Boa discussão Ticianelli, pensei que ali poderia abrigar um espaço dedicado a ciência e a cultura com equipamentos que tratam temas de ciência de forma lúdica. Era um bom destino para aquela praça. Abração Lenilda Austrilino