quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Do Cangote Ao Coração

O texto abaixo é do Máclein. Como sempre, verdadeiro e polêmico. Uma bela homenagem ao Edécio Lopes.

A primeira vez em que trocamos um abraço cordial e amigável foi também à primeira vez que percebi a fragrância de uma colônia suave, bem leve, daquelas que as mães usam nos bebês. Senti-me seguro para ousar, pois o alvo da ousadia era de uma sensibilidade humana que me transmitia confiança e tranqüilidade, apesar de ser um ícone. Tal ousadia me permitiu o primeiro cheiro no Edécio. A partir de então, sempre que renovávamos o nosso afetuoso e respeitoso abraço, eu cheirava o seu cangote, comentava sobre sua colônia, e dizia que ele era o único homem que eu gostava de cheirar. Ele ria e respondia que eu era engraçado.
Não sou eu quem vai dizer, afirmar, ratificar, o quanto Edécio Lopes significou para a construção dos alicerces e posteriores acabamentos da estrutura do rádio alagoano. Não tenho vivência histórica para isso. Porém, muito ficou registrado e resistirá. Os fatos não morrem, as lembranças devem ser refratárias e atemporais, mesmo num país de memória curta e num Estado onde o segmento comunicação - no qual ele atuou - é monopólio político e, portanto, utilizado pelos tais como ferramenta de manobra e extensão dos seus domínios privados e relações patronais. Dessa forma, dificilmente poderia ser visto e respeitado como veículo capaz de transformações culturais, sobretudo, feitas a partir dos profissionais que nele atuam e com o respeito que eles merecem. Não, na nossa latitude.
Vai ver que por isso, travestido do ponto de vista acima exposto, atropelando a lógica e o ícone Edécio Lopes, o ex-presidente do IZP, munido de uma servil frieza jurídica e absoluta falta de sensibilidade, respeito e sabedoria, agiu da maneira que agem os ditadores de plantão, retirando grosseiramente o Manhãs Brasileiras do ar e da programação da Rádio Educativa FM. Foi um grande baque para o mestre. Diferente de mim, que também tive o programa Revista Educativa censurado e retirado do ar - pelo mesmo dendêrizado gestor -, no meu caso, o cerne da questão era ideológico. De um lado, retrograda censura. Do outro, a irredutível convicção da mais absoluta necessidade de liberdade de expressão em um veículo público de comunicação. Já o Manhãs Brasileiras, não. Estava acima disso tudo. O programa era o Edécio e o Edécio era o Manhãs Brasileiras.
Evito hospitais e mais ainda cemitérios. Apesar de já ter tirado uma soneca maravilhosa no gramado do cemitério de Kriens. O fato é que eu costumo dizer que, na minha hora, só irei se me levarem. E mais, na lápide vai estar escrito: "não estou aqui". Por isso, não tive coragem de visitar o Edécio durante sua convalescença, pois sabia que não poderia abraçá-lo, dar um cheiro e comentar sobre sua colônia. Queria reter, e agora tenho, a imagem que sempre tive dele. Porém, submetendo-me ao inexorável, compareci ao seu sepultamento na vã tentativa de, com um silencioso adeus, prestar uma singela e particular homenagem ao grande mestre e amigo. Lá, ficou evidente - quando os Seresteiros da Pitanguinha cantaram Cidade Sorriso - que, mais do que qualquer coisa, a arte eterniza o homem.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Edécio Lopes: uma vida que se conta

Estou chegando do Cemitério Parque das Flores onde fui me despedir do Edécio. Pensei em escrever algumas linhas em sua homenagem, mas lembrei-me do texto que o Dinho publicou na Gazeta de Alagoas há pouco tempo. Sinto-me contemplado em reproduzi-lo como homenagem a quem fez tanto pelo rádio e carnaval alagoano. Com a palavra o Ednaldo Vasconcelos, seu filho.

O gosto e o aprendizado pelo rádio começaram muito cedo. Sendo um dos filhos do radialista Edécio Lopes, vivi o rádio de perto, dentro da minha casa. Convivi com a maioria dos grandes radialistas deste Estado, como Reinaldo Cavalcante, Jalon Cabral, Floracy Cavalcante, Arivaldo Maia, Antonio Torres, Sabino Romariz, Luiz Tojal, Arnaldo Costa, Ailton Vilanova, Romildo Freitas, dentre outros nomes significativos da comunicação alagoana. Acompanhei meu pai em vários dos seus programas, e ficava depois assistindo, admirando e me divertindo com os seus colegas de trabalho.
Esse legado me trouxe muitos benefícios. Conheci músicas de boa qualidade e presenciei entrevistas realizadas com seriedade sobre diferentes temas, principalmente, àqueles do âmbito político e cultural. Durante os programas, conheci artistas com destaque local, regional, nacional e internacional, bem como intelectuais e políticos desde os candidatos a cargos eletivos e depois os eleitos vereadores, prefeitos, deputados estaduais, federais, governadores, senadores e até presidentes da República.
Sem sombra de dúvida, o comunicador de rádio é o verdadeiro formador de opinião, principalmente os que interagem nas ondas da rádio AM. Com a prestação de serviços, a veiculação de notícias de última hora, os comentários e os debates, os radialistas informam e alimentam toda a sociedade sobre os rumos de seu bairro, cidade, estado, região e do país como um todo.
Quem não se lembra dos debates riquíssimos travados no Programa Manhãs Brasileiras em meio às campanhas para governo do Estado, quando o então candidato Divaldo Suruagy e José Costa eram sabatinados por Edécio Lopes? Aquela discussão tão acirrada entre dois adversários políticos fez com que o programa extrapolasse o horário, alterando toda a programação da emissora. Tamanha audiência teve como causa o interesse da população em conhecer as propostas dos pretendentes a esse alto cargo no Palácio dos Martírios. A mesma empolgação do público voltaria a acontecer em outro episódio, quando o advogado José Moura Rocha expôs, durante uma entrevista, suas idéias no campo político.
Muitos foram os fatos relevantes vividos, narrados e transmitidos pelo rádio e por mim presenciados. Fiz algumas participações, inclusive na prisão do então cabo Henrique. Quando a polícia Militar fazia o cerco das ruas no centro da cidade e a imprensa (seja de rádio e jornal, pois naquela época não dispúnhamos de jornalismo local) cobria o episódio, eu, defronte a "nossa agência", escritório de publicidade de meu pai, avistei em cima do telhado um homem que se escondia enquanto policiais estavam em seu encalço. Não sabia ainda que ele já havia concordado em se entregar, porém só o fazia mediante a presença de um militar de patente superior. Mesmo assim, liguei para a rádio Gazeta e fui informado de que não poderia falar com meu pai, já que as linhas estavam todas reservadas para receber informações sobre a verdadeira caçada ao cabo Henrique. Sem perder tempo, falei: "passe então a ligação que eu estou na frente do homem". A partir daí dei um furo de reportagem, com o anúncio de que o cabo Henrique acabara de se entregar. Ao chegar depois na rádio Gazeta, levei o apelido de Waldomiro Pena, um jornalista policial intrigante que fazia parte de um seriado da Rede Globo. Rádio AM é isso: notícia, informação, prestação de serviço e entrevistas que engrandecem e enriquecem o conhecimento de todos.
Mas também vivi de perto a rádio FM. Meu pai fundou a rádio Gazeta FM, onde trabalhou também, como discotecário, meu irmão mais velho. As emissoras FM têm uma qualidade de transmissão superior, e difere das AM, principalmente na programação musical, que chega a abrangência de quase 90% de sua transmissão. Daí uma inigualável arte do Edécio Lopes: o conhecimento musical. O homem que era capaz de, diante de qualquer pedido musical, informar o nome da música, dos compositores, do disco ou CD e até a faixa. Some-se a isso o extravagante bom gosto pela música nacional.
No seu programa Edécio Lopes em FM, líder de audiência todas as tardes na Educativa FM, era impossível ouvir música de baixa qualidade. Os destaques eram dados aos compositores e cantores renomados, bem como mais antigos, trazidos da sua discoteca e arquivo pessoal composta por mais de 10 mil LP´S e 8 mil CD´S. Detalhe: todos catalogados. Não tinha como falar da importância do rádio, sem incluir exemplos da vida e do trabalho de Edécio Lopes, justamente porque são assuntos que se confundem e se compõem de forma natural.
Um dos episódios que não esqueço foi a raiva que tive do rádio quando morávamos em Recife, nos idos de 1974, em um único intervalo na trajetória profissional de meu pai. Ele, sem comentar com ninguém, principalmente com sua esposa, D. Dina, veio a Maceió e acertou com a rádio Gazeta o seu retorno para Alagoas. Viciado como era em rádio, da varanda do seu apartamento em Boa Viagem, sintonizava mesmo com dificuldade a programação de Maceió. E justamente em uma dessas noites, a família reunida ouviu a inesquecível introdução do seu programa Manhãs Brasileiras e o anúncio da sua volta programada para o próximo mês. Foi uma decepção geral, afinal não gostaríamos de ir embora. Mas com o tempo, entenderíamos a importância do rádio de Alagoas para Edécio Lopes bem como sua importância para a história do rádio alagoano.
Os grandes eventos do rádio alagoano foram criados ou passaram pelo crivo de Edécio Lopes. A caravana da felicidade, que presenteava as mães alagoanas no seu dia, e a Caravana Junina que escolhia as quadrilhas de maior animação e premiava os bairros da capital nas festas juninas, viraram tradição e ainda hoje repercutem em todo o Estado. Porém, o maior espetáculo musical produzido por ele foi o festival de frevos Alafrevo - 78 que lançou diversos compositores e divulgou para o Brasil o seu frevo Cidade Sorriso que canta as belezas da nossa terra e encanta os turistas de todo o país.
Para que esses momentos inusitados sejam sempre lembrados, surge agora o filme "Estrelas Radiosas", dirigido pelo Pedro da Rocha, como um dos esforços para manter viva a história de Edécio e de outros ícones do rádio em Alagoas. Além da homenagem recebida na área do audiovisual, é pensamento da família preservar todo o seu acervo de lps e CD´s catalogados, bem como todos os seus livros, em uma fundação, com o objetivo de proporcionar o acesso às novas gerações que não tiveram o privilégio de conviver com a riqueza cultural que só o rádio proporcionou.
A gora pelo mesmo rádio que sempre propaga informações e notícias que podem vir a beneficiar ou prejudicar indivíduos ou até mesmo uma coletividade, fico ansiosamente no aguardo de poder transmitir notícias boas sobre a melhora no estado de saúde de meu pai; ou, caso isso não seja possível, de pelo menos ouvir que o seu sofrimento acabou. De qualquer forma, dele sempre se manterá vivo o legado de honradez, dignidade, inteligência, honestidade e trabalho, muito trabalho, pois o rádio sério prescinde de pessoas como ele. E toda a nossa família sempre se orgulhou e sempre se orgulhará de sua história, a mesma família que é imensamente grata pelo bem-querer transmitido por todos os ouvintes e pessoas amigas que conhecem o valor e a honra deste que é um dos maiores comunicadores de Alagoas: Edécio Lopes.

Sobre Cesare Battisti

A cada dia somos instados a embarcar na surrada cantiga das corporações multinacionais que, na prática, exercem dissimulada ingerência sobre os veículos de comunicação brasileiros, uma contrapartida compulsória aos ‘produtos’ que oferecem ‘gratuitamente’ às nossas principais redes midiáticas, do tipo ‘BBC Brasil’ e congêneres. No duro, um processo de ‘neocolonização’ da informação, como sutil controle do pensamento. Sou do tempo em que a ‘Voz da América’ oferecia rolos de fita e discos LP, magnificamente produzidos nos ‘States’, na voz de locutores de cá, regiamente contratados em ‘verdinhas’, entre eles, Correia de Araújo, Luís Jatobá, Guilherme de Souza e outras vozes mercantes de nosso rádio. Em português, brasileiros narravam as delícias do paraíso ‘americano’. E, de certa forma, fizeram a cabeça de muita gente boa que, anos depois, abençoaria o golpe de 1964, para proteger o Brasil dos que pretendiam (que horror!) instaurar no país uma ‘república comuno-sindicalista’. Agora, o pepino do ‘paraíso’ terá que ser heroicamente descascado por um ‘afrodescendente’, Barack Obama.
Na Itália, governos reconhecidamente corruptos, de inspiração neofacista, revezaram-se no poder com a chamada ‘democracia cristã’, braço político controlado pelos tradicionalistas do Vaticano. O bilionário Berlusconi, cruzamento de ‘cappo’ da ‘cosanostra’ com genética do ‘ducce’ Mussolini, amealhou fortuna brotada no submundo da bota itálica. Como ele, prosperaram ‘similares’ na Rússia ‘pós-glasnost’ e outros países europeus e asiáticos, todos, coincidentemente, ‘investidores’ em grandes clubes de futebol(Milan, Chelsea e outros), além de controladores de poderosos grupos de comunicação, bancos e toda a parafernália destinada a produzir dinheiro fácil e abundante, com a leniência subvencionada de governantes de plantão.
Ocorre que a Itália, além das perigosas ‘famiglias’, sempre teve seus condestáveis na luta contra opressores de variada linhagem. Garibaldi, que lutou por aqui, no Rio Grande, foi um deles. No curso dos tempos, correntes indignadas do pensamento humano têm-se negado a coexistir com as relações promíscuas entre o Estado e setores excludentes, não raras vezes ambos aspergidos com a água benta clerical. Reprimidos, foram à forra e, consequentemente, criminalizados.
Mundo afora, as manifestações de rebeldia contra exploradores de toda ordem assumiram diversificadas nuances, desde a mobilização nos ‘limites’ do sistema, recurso geralmente sufocado por conhecidos recursos da fraude eleitoral, até a extrema insurgência armada. Os ‘rebeldes’ foram ‘batizados’, invariavelmente, como ‘terroristas’ pela contra-propaganda dos ‘donos’ do poder’ contestado. Daí para desenfreada radicalização foi um passo, certamente, em algumas circunstâncias, um grave equívoco estratégico, sagazmente explorado pelo ‘marketing’ avassalador dos chamados ‘legalistas’.
Até meados dos anos 80, os italianos viveram crises institucionais por conta da inconsistência de seus arranjos político-partidários. O poder central era uma colcha de retalhos, numa progressão autofágica alimentada pela multifacetada identificação nacional. Afinal, o processo de unificação, de base republicana, havia surgido há pouco menos de 70 anos. Interesses díspares regionalizados, agora, em pleno século XXI, mesmo subjacentes, ainda persistem por lá.
CESARE BATTISTI foi um desses tantos personagens de ‘vendetas’ políticas italianas, que teve a má-sorte de perder a parada e acabou dando com os costados no Brasil, depois de uma desilusão francesa. Berlusconi, dono do Milan de Kaká, exigiu sua extradição, para, obviamente, exibi-lo como troféu de suposta ‘luta sem tréguas contra o terrorismo’. Nos bastidores, comenta-se que o governo italiano teria feito ‘corpo mole’ em defesa do compatriota ‘banqueiro’ Cacciola, fraudador de nossa economia, apanhado em Mônaco, para ‘facilitar’ a desejada troca por Battisti, já preso entre nós. Condenado em Roma à revelia, pela ‘delação premiada’ de ex-chefe de seu grupo ‘Proletários Armados para o Comunismo’(que tirou o ‘fiofó’ da reta, acusando o antigo subordinado), Battisti requereu asilo em nosso país, por razões de precedentes políticos historicamente (re)conhecidos. Competia, dessa forma, ao governo brasileiro, a quem Cesare recorreu, o arbítrio de decidir soberanamente sobre eventual exequibilidade do apelo.
Aceito o pedido, segundo a Lei, sob alçada decisiva do Ministério da Justiça, não é lícito que se promova insultuosa chicana contra o país, tendo em vista a martelada legal de seu governo em favor de Battisti. O pior: promove-se uma cruzada, com propósitos desqualificadamente dissuasórios junto à opinião pública. Aqui entra o condimento político interno: a ‘oposição’ ao governo Lula acha que finalmente descobriu o ‘caminho das Índias’. Ficará, certamente, na rota da ficção, a exemplo da novela homônima da Globo.
Em tempo: aos preocupados com o açodamento das ‘pressões apaixonadas’, vale a pena revirar o farto material nos ‘sites’ de busca e portais noticiosos. Digite ‘Cesare Battisti’ , pesquise e conclua, livremente. Acesse a opinião de eminentes juristas,tais como Dalmo Dallari, Eduardo Tessi Filho, Durval de Noronha e outros especialistas. Entretanto, por favor: não repasse sofismas emocionados, a título de ‘verdade estabelecida’. Estamos combinados???
Em tempo 2 – Apesar de recentes ‘peripécias’ de seu presidente, o STF não dispõe de prerrogativa para ‘desfazer’ decisão estritamente constitucional do Poder Executivo. Salvo se o doutor Gilmar arquiteta encampar o Planalto, com auxílio da tropa-de-choque do DEM/PSDB e ‘subsidiários’ do baixo clero, ‘disponíveis’ conforme o ágio.

Um abraço.
Antônio Manoel Góes – Rio de Janeiro.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Pedido de desculpas à jogadora Marta

Cara Marta,

Não tenho procuração dos alagoanos, mas acredito que estou, no mínimo, sendo porta-voz da maioria de nós, pobres torcedores, quando faço esse pedido de desculpas. Você não pediu para ser homenageada e, no entanto, teve o seu nome colocado numa disputa sem sentido com o Pelé e o Trapichão, para ver quem apareceria na placa de entrada do nosso maior estádio. Felizmente o assunto entrou por uma perna de pato e saiu do noticiário. O que ficou mesmo na mídia mundial foi a sua escolha, novamente, como a melhor do mundo. Até que entendo o afã homenageador da nossa taturanizada Assembléia Legislativa: são tão poucos os alagoanos que se destacam positivamente que logo nos apressamos em eternizá-los, principalmente quando esse alguém vitorioso veio das nossas camadas mais sofridas.
Mas o pedido de desculpas não é somente pelo imbróglio em que os deputados envolveram o seu nome. Nos desculpamos agora, também, porque o tal estádio, o Trapichão, não tem condições de receber partidas de futebol do campeonato alagoano. Pois é: o objeto da quase homenagem à maior jogadora de futebol do mundo não presta para o futebol. Imagine se você, Marta, fosse homenageada com uma bela placa e no dia da inauguração não haveria nenhum “racha” porque o nosso velho Trapichão está necessitando de reparos, mais uma vez. Escapamos desse vexame por pouco. Aliás, há uma verdadeira epidemia de pouco zelo incapacitando os nossos estádios para o futebol. O início do campeonato alagoano praticamente foi adiado por falta de condições nos estádios.
Cara Marta, esperamos que o futebol alagoano recupere logo os seus melhores dias para podermos lhe fazer uma homenagem mais apropriada. Por enquanto o que assistimos é a nossa imprensa esportiva se esforçando para encontrar futebol no meio de tanta “Feijóada”. Desculpe-nos.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O poder da Hidra

Quando o revolucionário russo Lenin escreveu que a política é economia concentrada, é óbvio que não se referia à política no seu sentido menor, das disputas partidárias. Mesmo tendo a compreensão da verdade conceitual da expressão, vamos lançar mão da essência do ensinamento para nos ajudar a discutir alguns processos políticos em Alagoas.
Depois de largo período de domínio absoluto, a cana-de-açúcar vai deixando de ser o carro chefe da economia alagoana. Essa situação ficou mais exposta durante o governo Lula com o aumento das injeções de recursos federais na economia do estado. Para se ter uma idéia desse montante basta comparar os R$ 100 milhões pagos aos trabalhadores da cana com os R$ 136 milhões distribuídos com o seguro-desemprego. O Bolsa Família deixa anualmente em Alagoas a expressiva ajuda de R$ 370 milhões. Mas a crise do setor é mais antiga: ela começa quando os famosos subsídios e empréstimos caridosos (que faliram o Produban) deixaram de chegar. Acrescente a este quadro a defasagem tecnológica e relevo impróprio para colheitas mecanizadas, o que vem tirando competitividade da cana-de-açúcar plantada em Alagoas. Essa perda de poder econômico vem encontrando correspondência na influência política do setor. Mas é com o afastamento do governador Divaldo Suruagy, em 1997, que há uma evidente pulverização do poder emanado das usinas.
É exatamente nesse período que os segmentos políticos do “médio clero”, que intermediavam os interesses políticos – e às vezes até os econômicos - do açúcar em cada região do estado, começam a colocar a cabeça para fora. A sede do poder em ascensão é a Assembléia Legislativa. E é de lá que partem os acordos que garantem um orçamento para o legislativo do tamanho da fome de sua Mesa Diretora e deputados associados. O poder eleitoral desse segmento é tal, que os seus componentes se reúnem para decidirem quem vai ser o governador do estado. O pressuposto é que o escolhido tem que garantir os gordos repasses no duodécimo do legislativo. É, portanto, no espaço político vazio que as usinas vão deixando, que florescem esses segmentos que querem o poder para continuarem no poder: não defendem nenhum projeto elaborado a partir de uma visão sobre a economia de Alagoas.
O velho poder do açúcar não governa como antes e não há um novo projeto de poder em construção. É no meio tempo das indefinições políticas maiores que “triunfam as nulidades”, mesmo com o fustigamento das diversas operações da Polícia Federal enfraquecendo algumas das suas “cabeças”. O desafio não é somente prender ou punir taturanas: é preciso construir um novo projeto de poder em Alagoas que ocupe os vazios políticos. Sem isso a Hidra de Lerna perderá cabeças, mas continuará Hidra, com, pelo menos, uma cabeça imortal.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Doze regras de redação da mídia internacional quando o assunto é o Oriente Médio

1. No Oriente Médio são sempre os árabes que atacam primeiro e sempre Israel é que se defende. Esta defesa chama-se represália.
2. Os árabes, palestinos ou libaneses não têm o direito de matar civis. Isso se chama "terrorismo".
3. Israel tem o direito de matar civis. Isso se chama "legítima defesa".
4. Quando Israel mata civis em massa, as potências ocidentais pedem que seja mais comedida. Isso se chama "Reação da Comunidade Internacional".
5. Os palestinos e os libaneses não têm o direito de capturar soldados de Israel dentro de instalações militares com sentinelas e postos de combate. Isto se chama "Seqüestro de pessoas indefesas."
6. Israel tem o direito de seqüestrar a qualquer hora e em qualquer lugar quantos palestinos e libaneses desejar. Atualmente são mais de 10 mil, 300 dos quais são crianças e mil são mulheres. Não é necessária qualquer prova de culpabilidade. Israel tem o direito de manter seqüestrados presos indefinidamente, mesmo que sejam autoridades eleitas democraticamente pelos palestinos. Isto se chama "Prisão de terroristas".
7. Quando se menciona a palavra "Hezbollah", é obrigatória a mesma frase conter a expressão "apoiado e financiado pela Síria e pelo Irã".
8. Quando se menciona "Israel", é proibida qualquer menção à expressão "apoiada e financiada pelos EUA". Isto pode dar a impressão de que o conflito é desigual e que Israel não está em perigo de existência..
9. Quando se referir a Israel, são proibidas as expressões "Territórios ocupados", "Resoluções da ONU", "Violações dos Direitos Humanos" ou "Convenção de Genebra".
10. Tanto os palestinos quanto os libaneses são sempre "covardes", que se escondem entre a população civil, que "não os quer". Se eles dormem em suas casas, com suas famílias, a isso se dá o nome de "Covardia". Israel tem o direito de aniquilar com bombas e mísseis os bairros onde eles estão dormindo. Isso se chama "Ação Cirúrgica de Alta Precisão".
11. Os israelenses falam melhor o inglês, o francês, o espanhol e o português que os árabes. Por isso eles e os que os apóiam devem ser mais entrevistados e ter mais oportunidades do que os árabes para explicar as presentes "Regras de Redação" (de 1 a 10) ao grande público. Isso se chama "Neutralidade jornalística".
12. Todas as pessoas que não estão de acordo com as Regras de Redação acima expostas são "Terroristas anti-semitas de Alta Periculosidade".

* Texto da jornalista inglesa Mona Baker, do The Translator

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

PT condena terrorismo de Estado do governo de Israel contra o povo palestino

Leia abaixo nota do Partido dos Trabalhadores sobre os ataques israelenses ao territótio palestino


PT condena ataques criminosos
Os ataques do exército de Israel contra o território palestino, que já causaram milhares de vítimas e centenas de mortes, além de danos materiais, só podem ser caracterizados como terrorismo de Estado.
Não aceitamos a "justificativa" apresentada pelo governo israelense, de que estaria agindo em defesa própria e reagindo a ataques.
Atentados não podem ser respondidos através de ações contra civis. A retaliação contra civis é uma prática típica do exército nazista: Lídice e Guernica são dois exemplos disso.
O governo de Israel ocupa territórios palestinos, ao arrepio de seguidas resoluções da ONU. Até agora, conta com apoio do governo dos Estados Unidos, que se realmente quiser tem os meios para deter os ataques.
Feitos sob pretexto de "combater o terrorismo", os ataques de Israel terão como resultado alimentar o ódio popular e as fileiras de todas as organizações que lutam contra os EUA e seus aliados no Oriente Médio, aumentando a tensão mundial.
O Partido dos Trabalhadores soma sua voz à condenação dos ataques que estão sendo perpetrados pelas forças armadas de Israel contra o território palestino e convoca seus militantes a engrossarem as manifestações contra a guerra e pela paz que estão sendo organizadas em todo o Brasil e no mundo.
O PT reafirma, finalmente, seu integral apoio à causa palestina.

Ricardo Berzoini
Presidente nacional do PT

Valter Pomar
Secretário de Relações Internacionais do Partido dos Trabalhadores