Os fatos policiais recentes, envolvendo várias autoridades públicas em Alagoas, têm levado muita gente a repensar o ato de votar. Alguns eleitores justificavam os seus votos “no amigo Taturana” com o argumento de que “políticos são todos iguais e esse, pelo menos, é meu amigo”, ou ainda ceticamente concluíam: “sempre vai existir isso aí; Alagoas não tem jeito”. Há sinais de que essa postura está mudando. Percebe-se que cada um dos votos registrados nas urnas é decisivo para impedir que amanhã um “taturana” qualquer atire em nossas caras a responsabilidade por eles estarem metendo a mão no dinheiro público. É um momento de reflexões sobre o processo de delegação de poderes e os destinos do nosso estado.
Até há pouco tempo atrás havia, em Alagoas, o poder econômico dos usineiros -- associados aos atrasados currais do sertão --, que estabeleciam um projeto político viabilizador dos seus interesses, normalmente também coincidentes com os interesses do poder central de Brasília. Alterações econômicas sociais e políticas determinaram o enfraquecimento destes segmentos. A política alagoana passou a ter como motor da formação dos seus diversos campos somente os objetivos eleitorais. Há uma fragmentação de pólos de poder que somente se unem para a viabilização dos quocientes eleitorais das chapas de deputados, normalmente já acertadas a partilha da Mesa da Assembléia. As disputas majoritárias podem se associar a esses “chapões”, desde que entrem como “sócios contribuintes”. Esta situação, obviamente, reduz o debate político e faz brotar nulidades detentoras de forte “cari$ma eleitoral”.
Em Alagoas ser honesto na política passou a ser mérito. Punir de acordo com a lei mitifica um desembargador corajoso. Se o prefeito “é bom de obras”, está tudo bem porque é melhor do que o anterior. Não podemos nos satisfazer com essa despolitização. Se temos que respeitar e reconhecer avanços, também temos que cobrar os projetos políticos de cada agrupamento. Quem está propondo caminhos para o desenvolvimento de Alagoas tendo a justiça social como perspectiva? Quem está pensando em enfrentar a violência nas suas raízes sociais e econômicas?
Alagoas pode e deve a ter eleições definidas a partir de propostas políticas. O debate tem que lembrar ao eleitor que um governo pode ser honesto e encher cidades de obras sem, entretanto, respeitar os direitos elementares da cidadania e nem apresentar perspetivas de desenvolvimento econômico e social. O processo “político-policial” em andamento nos cobra que devemos ficar atentos para a possibilidade de que o próximo pleito seja reduzido a um embate simplificado entre honestos e desonestos, ou entre arrojados construtores e pretensos construtores.
No campo da esquerda, o PT mostra amadurecimento e pode cumprir um papel importante nesse processo. Os seus parlamentares cumprem mandatos destacados. É reconhecido como o partido dos deputados Paulão e Judson que, ao lado do deputado
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