A reação dos
proprietários dos grandes meios de comunicação às propostas para a regulação da
mídia demonstra que os detentores deste poder não vão largar facilmente o filé
que o estado brasileiro deixou em suas mãos.
Está em jogo
muito mais do que normas legais para controlar os excessos de marte da mídia. O
que está se definindo é o poder político de parte do capital no país.
Em recente
reunião em São Paulo, o Fórum 21 apresentou argumentos importantes para a
mobilização dos que defendem a democratização dos meios de comunicação.
Um dos
criadores do Fórum 21, Joaquim Palhares, que edita o portal Carta Maior,
acredita que a luta pela regulação da mídia tem um forte componente aglutinador
para as forças democráticas no país.
Para ele, é
preciso “sacudir a coalizão de forças que, atualmente, está pendendo para a
direita”. Palhares vê a possibilidade unir a esquerda num movimento de pressão
crítica junto ao governo.
“Não se trata
de uma trincheira contra o governo, mas de um movimento que atue junto e de
forma crítica a ele, contra a restauração do neoliberalismo”. “Precisamos criar
uma hegemonia progressista, pois nossas vitórias políticas não se sustentarão
sem a disputa de ideias”.
Verbas publicitárias
Outra
referência na comunicação a se posicionar na mesma direção é o jornalista e
professor Venício Lima. Para ele, essa luta é um dever democrático. “Em
primeiro lugar, trata-se de regular e cumprir o que já está na Constituição do
país há 25 anos”.
Venício Lima
explica que a Constituição já define, por exemplo, o direito de resposta, a
implantação do Conselho de Comunicação Social e as restrições a políticos serem
donos de veículos de comunicação.
Ele ainda define
a distribuição de publicidade oficial como uma “tragédia diária”. São milhões
de reais que são entregues a meios que atuam como verdadeiros partidos de
oposição. “O critério técnico, de distribuir dinheiro de acordo com os índices
de audiência, apenas reafirma, na prática, o oligopólio midiático brasileiro”.
Censura do mercado
O recém
empossado ministro da Cultura, Juca Ferreira, também quer radicalizar a
democracia no país e defende um tratamento urgente para a questão da
democratização dos meios de comunicação.
Em
depoimento à Rede Brasil Atual, Juca Ferreira explicou que a formação de uma
sociedade política e culturalmente madura depende da superação da mídia
monopolizada.
"Durante
os longos anos de ditadura, nos acostumamos a ir contra a censura do Estado.
Mas hoje tem a censura do mercado, e outro tipo de censura que a sociedade
brasileira está descobrindo agora, que é a censura a partir dos interesses dos
donos dos grandes meios de comunicação”.
Para o
ministro da Cultura, se a informação é viciada, parcial e não democrática, isso
vai atrasar e dificultar o desenvolvimento cultural da sociedade.
“A grande
mídia tem um poder enorme na formação de opinião da sociedade e quer manter
como está.” Ele propõe uma maior discussão na sociedade para que se avance na compreensão
da necessidade de se regulamentar a atividade. “Não no sentido de cercear a
opinião, mas no de ampliar a possibilidade de que todas as opiniões tenham
presença nos meios de comunicação".
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