quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

História do Bar do Duda

Edberto Ticianeli

O Bar do Duda já fazia história no final dos anos 70 em Maceió. Era um dos bares mais frequentados do Centro da capital. O tira-gosto de primeira atraia a boemia da cidade, principalmente jornalistas e políticos. O bar funcionava ao lado da Delegacia do 1º Distrito, na Rua Cincinato Pinto. Hoje, Duda continua com no mesmo ramo, mas agora na Jatiúca - onde administra um restaurante bem mais amplo - mantendo a mesma qualidade de sempre e a fidelidade dos seus frequentadores históricos, pelo menos dos que sobreviveram.

Certa noite, quando o bar ainda funcionava no Centro da cidade, Duda já arrumava as prateleiras e geladeiras para fechar o estabelecimento, quando entra um freguês e pede uma cerveja. Duda notou que ele já estava razoavelmente embriagado, mas o atendeu mesmo assim e continuou na arrumação e limpeza.

Depois de alguns minutos, já querendo fechar o bar, Duda procura o freguês e só encontra a cerveja e o copo sobre o balcão. Com raiva, achando que tinha sido enganado pelo cliente fujão, Duda apaga as luzes, fecha as portas e vai embora.

Passava das duas da manhã, quando o telefone toca na casa do Duda. Ele acorda e atende. Do outro lado da linha, uma voz embargada pergunta:

– Duda...   porra...   quando é que você vai abrir o bar?

Duda não acredita no que ouve. Como é possível que alguém ligue tão tarde querendo saber a que hora ele iria abrir o bar. Mesmo irritado, pacientemente explica que o bar só iria abrir às 10 horas da manhã, e desliga.

Não deu meia hora e o telefone volta a tocar. Ele atende e ouve novamente a voz de um bêbado:

– Porra, Duda! Que hora mesmo você vai abrir essa merda de bar?

Era demais. Duda perdeu o controle e esculhambou com o chato. Aos gritos, disse a ele para procurar outro bar, que ele não ia sair de casa àquela hora para atender um bêbado inconveniente.

– Meu amigo, vá procurar outro bar. Me deixe em paz se não eu vou chamar a polícia  – ameaçou Duda.

– Mas Duda, eu até que quero ir para outro bar, mas não posso – explicou o bêbado.

– Por que não?

– Eu estou trancado no seu bar, Duda. Eu fui mijar e quando voltei estava tudo escuro e as portas trancadas. Deu trabalho para achar o telefone e o número da sua casa, mas encontrei. Agora, venha abrir a porra dessa porta que eu quero ir embora.

Até hoje o Duda dá uma olhada no banheiro antes de fechar o bar.

Um comentário:

Chico Elpídio disse...

Tomei umas e outras no Bar do Duda. Lembro-me que no bar ainda existiam garrafas de Serra Grande e Pitu com as tampas enferrujadas e com cortiças, eram mais valorizadas de qualquer outra bebida. Hoje o Duda atende no Stella Maris e oferece dentre outros pratos, uma feijoada de prima, tive o prazer de almoçar com meu filho, conversei um pouco com ele, fiz menção ao antigo bar, depois retirou-se e foi visitar outras mesas. Bons tempos, inesquecíveis.