Edberto Ticianeli
Como os búzios não estão produzindo o que se esperava deles, fica mesmo para os neurônios a tarefa de explorar os possíveis caminhos que a política alagoana terá a partir de 2012. A missão não é das mais fáceis, mas os movimentos dos astros –– da política –– já indicam seus interesses e objetivos.
Renan Calheiros (PMDB), mesmo não assumindo –– como manda o manual ––, trabalha para ser o candidato ao governo do Estado do projeto nacional que articula os interesses do PMDB e do PT. Mesmo ainda não tendo nada definido em relação à sucessão de Dilma Roussef (PT), Calheiros sabe da importância da sua candidatura em Alagoas e vai cobrar investimentos nela.
Foto: Renato Araújo/ABr |
Entrando no jogo com cacife alto, Calheiros terá naturalmente o privilégio de construir as candidaturas às prefeituras que melhor se adéquem aos seus objetivos. O problema maior para ele é em Maceió, onde o campo de oposição ao governador Theo Vilela (PSDB) é formado por estrelas com brilho próprio e com olhares também voltados para 2014.
Ronaldo Lessa (PDT) aparece como o candidato natural da oposição para disputa da prefeitura da capital. O ex-governador ostenta fortíssimos índices de intenção de votos nas pesquisas, mas, não é exatamente uma peça no xadrez de Renan Calheiros. Lessa tem demonstrado que sonha em voltar ao governo, o que pode acontecer se for eleito prefeito de Maceió e fizer um bom trabalho.
O senador Fernando Collor (PTB) também tem interesse nas disputas municipais. Quer acumular forças para, em 2014, tentar a reeleição enfrentando Theo Vilela, que vai contar com o apoio da máquina do governo do Estado. Collor quer um prefeito de Maceió que assuma compromisso com ele. Com esse trunfo na mão, vai poder amarrar a sua candidatura com a do governador da oposição.
O prefeito Cícero Almeida (PP), mesmo não tendo um nome expressivo para a sua sucessão, continua recebendo grande aprovação popular e jogará papel importante nas eleições deste ano. O nome mais trabalhado por ele é o do engenheiro e secretário municipal Mozart Amaral (PMDB). O fato de Mozart está filiado ao PMDB já denuncia que a possibilidade dele entrar em jogo depende diretamente de Renan Calheiros.
No PT, os nomes mais expressivos são Judson Cabral e Paulão. O partido de Lula tem uma legenda forte e muito tempo de televisão. O deputado estadual Judson Cabral tem crescido exponencialmente a sua votação na capital e tem se fortalecido a partir da postura ética e combativa na Assembleia Legislativa. Paulão teve uma boa votação para deputado federal, o que lhe possibilitou ficar na primeira suplência da sua coligação.
Tucanos
Foto: Alagoas 24 horas |
A coligação que envolve o PSDB, DEM, PPS, PSB e PP (a parte de Biu de Lira) parece que já conseguiu resolver seus problemas para 2012. Pelo menos é o que pretende o PSDB com o lançamento da candidatura do deputado federal Rui Palmeira. Dificilmente outro nome surgirá entre os aliados, mesmo reconhecendo que o senador Biu de Lira (PP) tem força política para tanto.
A estratégia tucana é simples porque as opções são poucas. Theo Vilela e a agroindústria da cana-de-açúcar do Estado estão mais preocupados com a sucessão de 2014, quando terão que enfrentar Renan Calheiros. Com Vilela enfrentando Collor, os nomes mais fortes seriam José Thomaz Nonô (DEM) e Biu de Lira (PP). Vilela não avalia que eles possam vencer Calheiros. Mais do que isso: ele teme que essa debilidade possa atingir a sua própria candidatura.
Sem nomes, os tucanos apostam suas fichas em Rui Palmeira para 2014. Avalizado pela agroindústria, o filho do ex-governador Guilherme Palmeira terá que antes vencer e convencer em Maceió na eleição deste ano. O plano do PSDB é, após a vitória, transformar o governo do Estado numa segunda prefeitura da capital, derramando recursos e ações em Maceió para transformar Rui Palmeira num nome habilitado a disputar o governo. É por essa razão que o cargo de vice-prefeito da chapa de Rui Palmeira transformou-se em objeto do desejo de muita gente.
Renan Calheiros sabe que derrotar Rui Palmeira este ano é um passo importante para sua eleição em 2014. O dilema de Calheiros é que o melhor nome para enfrentar os tucanos é o de Ronaldo Lessa. É por isso que política não é para amador.
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