sábado, 14 de janeiro de 2012

Um quase necrologio para Anilda Leão

Ronaldo de Andrade* (Publicado no blog da ATA)

Em nome do Dr. Jayme de Altavilla, nosso Presidente no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas – IHGAL que,  por recomendações médicas, não podendo estar presente me nomeou para lhe representar e ao Instituto Histórico, neste doloroso momento. Atribuição que me exige desenvoltura superior as minhas condições, mas que, da qual não poderia me furtar, em se tratando de situação que nos envolve e a nossa consocia e querida companheira Anilda Leão; também, como Presidente da Associação Teatral das Alagoas, a ATA, grupo de teatro do qual Anilda Leão foi Presidente e no qual Anilda Leão exerceu até hoje a função de Presidente de Honra, e foi atriz, por mais de duas décadas; e na condição de órfão, como integrante do rol de artistas alagoanos que Anilda abraçou como seus afilhados de ofício; venho, portanto, em nome de todos os consócios do Instituto Histórico e da ATA, comunicar a Luciana, Carlinhos Moliterno, a todos os demais familiares, aos amigos e admiradores de Anilda aqui presentes, não apenas as condolências que os sentimentos e a praxe exigem em momentos como estes. 

Momentos que são de extrema importância na vida humana, por se tratarem do início de mais uma etapa, com a realização deste último rito de passagem ao qual, invariavelmente, somos submetidos durante a existência e com o qual nos consternamos e através do qual nos irmanamos uns com os outros, tocados por lembranças de variados matizes. E a partida, dentre todas as lembranças acumuladas é a que é a protagonista do momento.

Anilda parte, mas o respeito, o compartilhamento das alegrias, das indignações, das emoções tão comuns entre nós, seus amigos e familiares, dão lugar ao nobre sentimento da saudade.

Anilda tomou o barco com destino à ilha. E nós lhe acenamos adeuses; e uma nova sensação dá o tom, provoca o ritmo, esculpe a forma, imprime a cor e se apresenta vaga e dramática e plenamente visível, inundando os nossos olhos; e o verbo e o substantivo lhe definem: é a saudade! Esta bela personagem é puro sentimento de querer, de desejo, de ambição! Com todas estas qualificações ela nos ensinará a ser amáveis na renúncia; a ser compreensivos com a vida; a ser generosos com os semelhantes; a entender o que é a espera e  o retorno; a sermos pacientes e com a paciência conviver. E como disse o poeta,eu vos digo sobre esta personagem: Saudade é lição.

Anilda é, a partir de hoje, um “tipo” chamado Saudade, uma dramatis persona. E como todas as personagens ela é mito e, particularmente ela é história de uma época em Maceió! – e uma história da qual fazemos parte.

Vá Anilda ! vá através deste oceano alagoano até a Ilha!

Prossiga, pois a névoa se dissipa e todos os vergeis, manguezais e praias se iluminam e a Saudade com os seus cabelos de ouro já reluz!

Vá Anilda! pois ainda assim, o teu espetáculo continuará sendo representado. Como dizemos em teatro: “o espetáculo tem de continuar!!!”.
                                                                                                          
Maceió, 08 de janeiro de 2012

*Ronaldo de Andrade é membro do IHGAL, Presidente da ATA, professor, ator e pesquisador de teatro em AL.

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