sexta-feira, 13 de março de 2009

O desmaio do bandeirinha


Tonho Lima, atacante do CSA
Do Antônio Manoel, que agora também assina um blog (http://amgoes.blogspot.com/), peguei esse trecho em uma das suas observações sobre o futebol brasileiro.

Lembro-me de um registro curioso, em Maceió, quarenta e poucos anos atrás. João Batista Cortez era um 'bandeirinha' da Federação Alagoana, desabridamente apaixonado pelo CSA. Esforçado cumpridor das regras, dizia-se 'especialista' em impedimentos. Respeitado e correto, jamais foi pilhado, pela vigilante torcida do desafeto CRB, em qualquer fortuita bandeirada para favorecer o time de seu coração.

Certo domingo, Batista Cortez auxiliava a arbitragem na partida entre CRB e Ferroviário, no estádio da Pajuçara, enquanto, à mesma hora, em Arapiraca, o CSA jogava pelo empate com o ASA, local, resultado que lhe garantiria o campeonato.

Tonho Lima, atacante do CSA
As rádios transmitiam cada ataque, lá e cá, pois, vencendo, os regatianos levariam o caneco. Desde, claro, que o ASA, em seu próprio campo, derrotasse o adversário (e já vencia por 1 a 0, placar do primeiro tempo). A dois minutos do fim (ambos os jogos iniciados britanicamente às quatro da tarde), Tonho Lima empatou para o CSA, que ficou com o título estadual.

Detalhe: Batista Cortez bandeirava lateralmente à arquibancada do CRB e, ouvido atento ao radinho de pilha de torcedor azulino, grudado no alambrado, vez por outra indagava, entre-dentes, de passagem: "Psiu! Como 'estamos' em Arapiraca?" Inquieto com o gol do ASA, que ecoou na Pajuçara e levou a massa regatiana à loucura, sofreu estoicamente até que seu idolatrado 'azulão' empatou em cima da hora, calando a então celebrada euforia alvirrubra, àquela altura diante das favas contadas da vitória.

Cortez, com o apito final, em Maceió e Arapiraca, ali mesmo à beira do gramado, embora contido e circunspecto, como sempre foi, simplesmente desmaiou, tragado pela emoção.

Quinze anos depois, entrevistei-o na TV Alagoas-Canal 5 e ele, à revelia de provas testemunhais, negou peremptoriamente o fato que, embora insólito, jamais o desabonou nas quatro linhas. Poupamo-lo, evidentemente, encerrando ali mesmo a famosa história do desmaio. Afinal, o bom e honrado Batista Cortez, como qualquer torcedor que se preza, não era de ferro.

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