segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Joaquim Barbosa e a pré-campanha do Mensalão

Edberto Ticianeli

Aos poucos o vaidoso presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, vai revelando suas verdadeiras intenções ao criar o circo em torno do julgamento da AP 470 (Mensalão).

Ao dizer a jornalistas que não tinha pretensões de se candidatar em 2014, JB deixou vazar quais são seus reais intuitos: "Eu não tenho no momento nenhuma intenção de me lançar candidato à Presidência da República. Pode ser que no futuro surja o interesse".

No futuro? Será que dá para acreditar que ele até agora foi um magistrado, mas, no futuro, será um político? Depois do pronunciamento, não tem mais como separar as suas atitudes como ministro presidente de uma corte de justiça do pré-candidato à Presidência da República.

De agora em diante, se o seu voto prejudicar politicamente um determinado partido, isso será interpretado como uma ação de enfraquecimento de um futuro adversário eleitoral. Ou será que isso já vinha acontecendo?

Resumindo: o pré-candidato Joaquim Barbosa coloca sob suspeita todas as suas atitudes anteriores e futuras.

Barbosa ficou tão entusiasmado com o sucesso da sua atuação no palco midiático que esqueceu os limites e a necessária ponderação que deve ter quem preside um dos três poderes da República.

Passou da conta e vai pagar por isso.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Quem queria derrubar Marina da Rede?

Edberto Ticianeli

Alguns analistas do PIG insinuam que a não regularização da Rede Sustentabilidade, partido/organização liderada por Marina Silva, se deve a atuação do PT e da presidenta Dilma Roussef. Será que o PT, de uma hora para outra, conseguiu influir nas instâncias superiores da Justiça?

Os números da última pesquisa Ibope (26/09) permitem uma leitura diferente. Dilma, que em junho tinha 30 % das intenções de votos, cresceu para 38%. Marina, a segunda com mais intenção de voto, caiu de 22% para 16%. Isso não incomoda a Dilma.

Aécio Neves e Eduardo Campos estavam fora do páreo para um possível segundo turno. O tucano mineiro caiu de 13% para 11%, e o socialista Eduardo Campos ganhou um ponto percentual, saindo de 4% para 5%.

Fica claro que Aécio Neves e Eduardo Campos, se quisessem chegar ao segundo turno, teriam que tirar Marina Silva da corrida eleitoral. Principalmente porque a outra opção — tirar a Dilma — ficou muito difícil, mesmo com a imensa campanha do PIG contra ela.

A verde Marina Silva sabe disso. Essa é a explicação para o discurso amarelo que pronunciou na festa vermelha que o PSB fez para ela. Aceitou ser coadjuvante para não desaparecer. Marina aposta que ainda vai conseguir montar sua Rede para o pleito de 2018.

Agora, a disputa para ver quem vai polarizar com a Dilma fica entre Aécio Neves e Eduardo Campos. Bem mais ao gosto do PIG, que não consegue deixar de arrastar asas para os tucanos.

domingo, 6 de outubro de 2013

Deu zebra na loteria esportiva da quarta-feira: histórias do Rádio

Edberto Ticianeli

Meio-dia de uma quarta-feira de 1979. Adelmo dos Santos e MG saem do Jornal de Alagoas. Param na porta e discutem se vão para a esquerda (Bar da Nete) ou para direita (Bar do Chopp). Em crise ideológica, optam pelo o Bar do Chopp.

O objetivo era somente preparar o estômago para o almoço, mas Adelmo insistia em tomar só mais uma e assim, somente no início da noite é que fecharam a conta, afinal, MG ainda tinha que trabalhar na equipe esportiva da Rádio Difusora, o Escrete de Ouro do Rádio Alagoano, que naquela noite transmitiria um clássico no Trapichão.  

MG sai do Bar do Chopp direto para os estúdios, onde responderia pelas informações sobre os jogos nos outros estados. Enquanto espera o início da transmissão, tira um cochilo para tentar diminuir os efeitos do álcool. Não demorou muito e o controlista acorda-o dizendo que o jogo já tinha começado e que a equipe do estádio ia chamá-lo em breve.

Ainda zonzo e sem ter colhido os resultados das partidas em andamento pelo país, MG liga o microfone, pega o primeiro papel da pasta de esportes e começa a informar sobre os jogos da Loteria Esportiva com os resultados do domingo anterior. Os torcedores no Trapichão, de ouvido colado nos radinhos de pilha, estranharam a divulgação de resultados da Loteria Esportiva numa quarta-feira.

Não demorou e as vaias começaram a acontecer. O narrador Adilson Couto, percebendo que as informações eram descabidas e a voz embargada do locutor denunciava a influência etílica, retomou o som para o estádio e anunciou:

— Faça como MG. Tome Pitú, o aperitivo do Brasil — e continuou a transmitir o jogo.

MG foi afastado da equipe e, naquela noite, nem transporte da Difusora ele teve para levá-lo em casa.

Em tempo: até hoje MG evita beber com o Adelmo dos Santos.