sexta-feira, 14 de junho de 2013

Nordeste: Rio Grande do Norte disputa liderança da violência com Alagoas

Edberto Ticianeli
Teotônio Vilela e Rosalba Ciarlini recebem o "Brasil Mais
Seguro" da presidenta Dilma Roussef

Os dados do Ministério da Saúde revelam que Alagoas começa a enfrentar concorrentes de peso na disputa pelo primeiro lugar entre os estados em que ocorrem mais homicídios. Os números se referem aos assassinatos entre 2004 e 2011, e demonstram que na Região Nordeste o aumento de assassinatos foi 68%, enquanto os números do país diminuem na taxa de 0,12%.  

O primeiro lugar na região ficou para o Rio Grande do Norte, com 27,9%. A Paraíba, com 11,1%, ostenta o segundo lugar, enquanto Alagoas tem 8,7%, em terceira posição. O crescimento da violência potiguar provocou a presença em Natal, no início do mês de junho (3), do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para anunciar que está levando o projeto “Brasil Mais Seguro” para aquele estado, iniciativa já implantada em Alagoas e na Paraíba.

O aumento explosivo dos homicídios de jovens em Natal, que já aparecia nas estatísticas sobre o período entre 2000 e 2010, foi o primeiro sinal de que o estado estava perdendo o controle da situação. Em uma década, a taxa de assassinatos de crianças e adolescentes subiu de 2,9 para 30,5 por 100 mil jovens, um salto de 952%. Nesse mesmo estudo, Alagoas aparece com a maior taxa de homicídios (34,8 por 100 mil), e Maceió é a capital mais violenta (com 79,8).

O aumento da violência no Rio Grande do Norte provoca os mesmos debates que acontecem em Alagoas, e com a identificação dos mesmos responsáveis. Para os homicídios de jovens, a culpa fica com os grupos de extermínio ligados ao tráfico de drogas. Para a violência em geral, a falta da estrutura do aparato policial fica evidente, principalmente a ausência do serviço de inteligência e capacidade de investigar os crimes. Segundo o delegado Roberto Andrade, da Delegacia Especializada em Homicídios, mais de 300 inquéritos estão parados por falta de estrutura. Ele considera que 15 agentes da Polícia Civil e dois escrivães, além dos quatro bacharéis são insuficientes.

Lamentando o assassinato de 13 policiais militares e mais 10 feridos, o presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar no RN, Roberto Campos, disse que a morte de policiais estava banalizada no seu estado, principalmente pela impunidade. O resultado da insegurança que atinge a própria força militar é o crescimento dos policiais que desistem da profissão. A Associação dos Praças da Polícia Militar do Rio Grande do Norte informou que, entre 2001 e 2012, o número de pedidos de baixa cresceu mais de 700%.

Lá como cá, o que preocupa é a postura do governo do estado em relação às necessidades de investimentos. Em Alagoas, o governo tucano teima em não cuidar da estrutura policial, além de tratar a saúde e a educação com descaso. No Rio Grande do Norte, a governadora do DEM, Rosalba Ciarlini, já disse que não foram os índices de violência do estado que provocaram a presença do projeto “Brasil Mais Segur. Ela diminui o problema afirmando que os números da violência do RN crescem menos que o percentual nacional. Conclusão: se não é um problema, não será tratado como tal.

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