segunda-feira, 23 de maio de 2011

CARTA DE BRASÍLIA

O Brasil vive momento singular e decisivo de sua história. O que está em jogo é a definição do papel que o país ocupará na ordem global do século XXI.

A presidenta Dilma Rousseff, como fez questão de afirmar em seu discurso de posse, veio para consolidar e aprofundar a obra transformadora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve ao seu lado um homem leal, patriota e corajoso, o saudoso José Alencar.

Nestes últimos anos, milhões de empregos foram e continuam sendo criados. Não dependemos mais do Fundo Monetário Internacional e a nossa taxa de crescimento mais que dobrou. Reduzimos, sobretudo, a nossa histórica dívida social, as desigualdades e a pobreza. Milhões de brasileiros saíram da miséria.

O crescimento econômico do Brasil com inclusão social abre também novas perspectivas e preocupações econômicas, sociais e ambientais. Essas novas emergências, combinadas com históricos problemas da estrutura social brasileira, demandam uma nova agenda para todos os governadores.

O governo da presidenta Dilma Rousseff já traçou claramente as diretrizes de continuidade e consolidação das políticas nacionais de desenvolvimento econômico com inclusão social:

1) O combate à guerra fiscal é um imperativo político que deverá ser uma marca decisiva do governo da presidenta Dilma. Os governadores do PT, comprometidos com o futuro da Federação, com o combate às desigualdades sociais e regionais e com o reforço que o estado deve promover, na melhoria dos níveis de competitividade, tanto internamente ao país, como no cenário global, defendem o diálogo orientado pelo Ministro Mantega, que é o ponto-de-partida de uma reforma tributária processual e profunda no país.

2) Está correta a orientação da Presidenta de combater a inflação, ordenar o crescimento da economia de maneira prudente, sem comprometer os investimentos do PAC e as políticas sociais essenciais para a continuidade do combate à pobreza e à miséria extrema. Os governadores do PT solidarizam-se com a Presidenta Dilma, pelos seus esforços para dar eficácia à gestão pública e promover o controle rigoroso dos gastos públicos.

3) Os governadores sugerem que sejam mantidas, nas preocupações urgentes do governo, a continuidade e o aprofundamento das políticas de segurança do governo Lula, ainda que delimitando os territórios de aplicação das mesmas, pois somos testemunhas que, onde o Pronasci foi aplicado com rigor e seriedade pelos governadores e Prefeitos, ocorreram significativos avanços nos padrões da segurança pública.

4) Sem promover qualquer violação da Lei de Responsabilidade Fiscal, igualmente sugerimos         que é possível, face às mudanças benignas que o país sofreu durante os oito anos do governo Lula, reorganizar o perfil da dívida dos estados com a União, de molde a promover -até mesmo para compensar eventuais perdas decorrentes da reforma tributária- uma redução razoável dos repasses dos juros e amortizações que são feitos mensalmente.

5) Compartilhamos com a presidenta Dilma Rousseff a luta obstinada pela erradicação da pobreza extrema no Brasil. É preciso somar esforços entre os entes da federação para a plena inclusão social, universalizando e qualificando os serviços públicos essenciais. Este compromisso deve ser de toda a sociedade e de suas instituições. É preciso continuar crescendo, distribuindo renda e priorizando as políticas sociais para gerar os empregos necessários e vencer as desigualdades econômicas, sociais e regionais.

Junto com a erradicação da miséria, será prioridade dos nossos governos dar continuidade à luta pela qualidade da educação, da saúde e da segurança. Ao lado da universalização alcançada no ensino fundamental, é preciso ampliar o acesso e melhorar a qualidade no ensino infantil e no ensino médio e profissional, como já vem fazendo o governo. Só assim, o Brasil formará jovens para o presente e o futuro, sintonizados com a sociedade que alicerça o seu desenvolvimento nas novas tecnologias e no conhecimento.

6) Em cooperação com o Governo Federal, vamos colaborar para consolidar e aperfeiçoar o Sistema Único de Saúde. O SUS deve dar resolução aos problemas que afligem a todos que necessitam de atendimento público, tornando os medicamentos cada vez mais acessíveis e fortalecendo as políticas de prevenção e promoção da saúde.

7) Em parceria com o Governo Federal, os nossos governos farão um trabalho permanente para garantir a presença do Estado no combate à criminalidade e às drogas, em especial ao avanço do crack, que infelicitam a juventude e as famílias brasileiras. A continuidade da luta contra a corrupção permanecerá no centro das nossas ações.

8) Ao lado do dinâmico setor exportador, em especial da agropecuária empresarial, precisamos continuar fortalecendo a nossa importante agricultura familiar e dar continuidade à reforma agrária. Somos uma democracia moderna, mas é inadiável a reforma política que promova mudanças na legislação para fortalecer os partidos e aperfeiçoar as instituições, resgatando princípios e garantindo mais transparência à atividade política. Os governadores petistas reconhecem suas responsabilidades e comprometem-se a defender a reforma política com participação popular, tendo por objetivo modernizar nosso sistema político e garantir o pluralismo e as identidades programáticas presentes na sociedade brasileira. Queremos baratear o custo financeiro das campanhas eleitorais, aperfeiçoar e deixar transparente os mecanismos de financiamento da
representação política e fortalecer a participação do cidadão comum no debate político e partidário.

Reunidos em Brasília, nós, governadores do Distrito Federal e dos Estados do Acre, da Bahia, do Rio Grande do Sul e de Sergipe, junto com a presidenta Dilma Rousseff, estendemos as mãos a todos: o Brasil é de todos. Reafirmamos o nosso firme e inabalável compromisso com a liberdade, a democracia e a justiça, a cooperação, a paz e o respeito entre os povos, o desenvolvimento sustentável, a distribuição de renda e o bem-estar do povo brasileiro.


Brasília, 23 de maio de 2011
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Governador do Estado do Acre, Tião Viana
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Governador do Estado da Bahia, Jaques Wagner
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Governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz
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Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Tarso Genro
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Governador do Estado de Sergipe, Marcelo Déda

terça-feira, 10 de maio de 2011

Rafinha Bastos e a república dos canalhas

Por Eduardo Guimarães, 
no Blog da Cidadania:

Mais um degrau foi galgado na escalada de canalhice que começou no fim do ano passado com aquela garota do interior de São Paulo que pregou o assassinato de nordestinos pelo Twitter, passando pelo crime impune de racismo cometido pelo deputado Jair Bolsonaro e que acaba de desembocar na apologia ao estupro pelo integrante do programa CQC Rafinha Bastos.

O “humorista” do programa da TV Bandeirantes faz piadas com estupro, aborto, doenças e deficiência física. Acaba de dizer que toda mulher que reclama de estupro é “feia” e deveria “agradecer” a violência. Segundo os adeptos desse tipo de “humor”, este não pode ser feito sem mau gosto, sem desumanidade e insensibilidade. A “graça” estaria em pisotear os que já foram pisoteados pela vida.

Esse homem, em reportagem do jornal The New York Times, foi considerado a pessoa mais influente do mundo no Twitter. Mas o que isso quer dizer? O que é ser influente nessa rede social que cada vez mais vai abrigando toda sorte de horrores? Significa ser “retuitado”, ou seja, as pessoas que lêem esse tipo de “pensamento” passam para frente, em efeito multiplicador.

Bastos é influente no Twitter porque tem cerca de dois milhões de seguidores na rede social e eles não só compram as aberrações que diz, mas as difundem. Ele os influencia, portanto. Ou seja: faz com que essas pessoas, sobretudo jovens, emulem seu comportamento e suas idéias doentias. E o sucesso que vem fazendo só o estimula a ir cada vez mais longe.

Parece bastante razoável, portanto, dizer que a sociedade brasileira – e, sobretudo, nossos jovens – está moralmente doente. Uma geração em que há tantas pessoas frias, cínicas, empedernidas é a que irá governar o Brasil do futuro. Uma geração diferente de todas as que a terão precedido, capaz de rir das desgraças alheias e de pregar atos criminosos como afogar ou estuprar pessoas.

Como sempre, os adeptos dessa “ideologia” virão dizer que seu ícone não disse o que disse, ou buscarão desculpas para alguém que difunde (com inegável sucesso) um tipo de comportamento que, entre as mentes mais fracas, acabará incentivando a que passem da retórica à ação…

Como não é crime desejar, pregar, incentivar o desprezo pelos valores humanos mais essenciais, e como as autoridades de todos os níveis e instâncias parecem não dar a menor bola para o assunto, essa onda amorfa e repugnante só tende a crescer.

Caberia uma campanha publicitária de iniciativa do Estado exaltando valores humanistas e condenando esse tipo de mentalidade. Contudo, devido à sua crescente popularização a classe política demonstra claramente que não pretende se indispor com contingentes tão amplos de cidadãos. Enquanto isso, a onda vai crescendo.

Está se formando uma geração de bestas-feras, insensíveis, truculentas, perversas, que, um dia, terá poder sobre as vidas de todos os brasileiros. E não há autoridade que faça a menor menção de se opor a esse horror por conta dos interesses mesquinhos e da covardia da classe política. Espero não viver o suficiente para ver esse Brasil que está sendo gestado.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Uma mera coincidência

No filme Mera Coincidência (Wag the Dog - 1997), dirigido por Barry Levinson, o presidente dos EUA é acusado de ter mantido relações com uma bandeirante em pleno salão oval da Casa Branca, quando faltavam onze dias para as eleições.

Para desviar a atenção dos eleitores, a sua assessoria monta um falso conflito com a Albânia, tudo produzido em estúdio por profissional de Hollywood.

Se for possível a vida imitar a arte, como dizia Oscar Wilde, então estamos assistindo algo muito próximo do que foi a comédia de manipulações do citado filme.

Não há dúvidas. O circo montado para a morte de Osama Bin Laden é obra de profissional para tirar o presidente Barack Obama da situação política desconfortável em que vive desde novembro de 2010, quando perdeu a maioria para os republicanos e via ameaçada a sua possibilidade de reeleição em 2012.

Obama vinha em queda livre, como constata pesquisa do dia 19 de abril divulgada pelo jornal “The Washington Post” e pela rede ABC News, que mediram a aprovação do presidente dos EUA na casa dos 47%. A maioria da população (78%) acredita que o desemprego vai aumentar.

O líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, já vinha com seus movimentos monitorados e podia ser preso ou assassinado no momento que mais interessasse aos EUA. A data escolhida para o “show” foi o domingo (1º de maio), quando a audiência das televisões era máxima e permitiu que o presidente Barack Obama fizesse um pronunciamento na TV para os Estados Unidos. O resultado foi que multidões foram às ruas para comemorar a morte do inimigo nº 1 da “terra da liberdade”. Obama, o vingador, conseguiu destruir o responsável pela morte de cerca de 3.000 pessoas.

Missão cumprida? Ainda não. Afinal, as eleições só acontecem em 2012, e até lá o defunto vai ter que continuar cheirando. A solução encontrada, e que mata dois coelhos com uma só cajadada, foi desaparecer com o corpo. Com isso, evita-se o enterro e a peregrinação e adoração dos seguidores por uma referência física, e, por outro lado, cria-se a dúvida sobre se Bin Laden ainda está vivo e preso para dar informações. Aos que acreditam que ele esta morto, fica a discussão sobre se foi uma morte em combate ou um assassinato. Como se vê, ainda teremos durante muito tempo uma boa polêmica sobre o assunto.

E por falar em exposição na mídia, Obama, que vinha em queda nas pesquisas (47%, lembra), de acordo com o jornal The New York Times e a CBS desta quarta-feira (04/05), já está nos 57% de aprovação. Um crescimento de 10% em relação a pesquisas realizadas antes da operação. Mera coincidência com o filme Mera Coincidência.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Edital para anulação de casamento na igreja.

Desculpem a minha santa ignorância, mas como não sou exatamente um cidadão chegado aos trâmites religiosos, gostaria que alguém explicasse o que é isso que foi publicado na Gazeta de Alagoas de hoje (03/05/2011), na página A9.