Edberto Ticianeli

Em 2005, Kátia
Born negou a existência de tal situação. Em 2013, Cícero Almeida também nega. Sem
entrar no mérito das denúncias, pode-se dizer que essa prática — a do discurso
da herança maldita — não é nova no jogo político. Como também não há novidade nas
negativas de responsabilidade.
Entretanto,
no caso do ex-prefeito Cícero Almeida, há um ingrediente novo no discurso de
negação de responsabilidade. “Não sou
técnico e era assessorado e respaldado pelo secretariado. Se alguém desviou
recursos deve responder na Justiça e no Ministério Público. Quem for podre que
se quebre. Não vou responder pelo erro de ninguém, já que nunca mandei que
fizessem errado".
Não sei se
legalmente é possível que um prefeito não tenha responsabilidade sobre os atos
dos seus representantes nas secretarias, mas acredito na possibilidade de que isso
venha a acontecer politicamente. Basta que o candidato a prefeito declare no
seu programa de governo, registrado no TRE, que, se eleito, vai indicar
secretários sem, entretanto, assumir nenhuma responsabilidade pelos seus atos. Isso é honestidade e coerência política. Se vai ser eleito é outra questão.
Outro
aspecto que se destaca nas argumentações do ex-prefeito é o de jogar as
responsabilidades para os seus antigos assessores. Não acredito que ninguém
entre para a história com tamanho ato de grandeza. Essa postura não é a de quem
vai construir muitas amizades. Aliás, a única manifestação de solidariedade
recebida por Almeida, após as denúncias de Rui Palmeira, foi a do deputado federal João Lira (PSD), afinal, quem
for podre que se quebre.