Gregório Fortunato e Bejo Vargas |
A grande
imprensa golpista tem a prática corriqueira de atacar adversários políticos com
mentiras com o intuito claro de destruir a sua imagem pública.
Ela sabe que
depois, mesmo que não se comprove nada, a vítima jamais se recuperará do
desgaste.
Essa
prática é antiga, mas nem sempre terminou bem para os detratores.
No terceiro
volume do livro Getúlio, de Lira Neto, há a narrativa de um episódio que mostra
como a Globo já fazia canalhices em 1946.
Roberto
Marinho, apoiou Getúlio em 1930, mas depois aderiu ao golpe militar que
derrubou Vargas em 1945.
Com Getúlio Vargas
fora do poder, o ataque a ele era violento por parte dos udenistas, que contavam
com o apoio da grande imprensa da época.
Aproveitando-se
da queda de um prédio em obras, que matou mais de 10 operários, o jornal O
Globo encontrou uma forma de atacar Getúlio atingindo seu irmão, Benjamin
Vargas.
Na cobertura
jornalística do desastre, O Globo informou que “segundo dados obtidos no local
pela nossa reportagem, o prédio era de propriedade do sr. Benjamin Vargas”.
Lira Neto
revela que mais tarde ficou comprovada que esta informação não tinha fundamento
algum.
Benjamin
Vargas, o Bejo, não apelou para a Justiça, como se faz hoje.
Procurou
Roberto Marinho, e na noite de 11 de fevereiro de 1946 encontrou-o no Restaurante
Quitandinha.
O proprietário
e editor de O Globo jantava com amigos da fina flor da sociedade fluminense
quando recebeu um bofetão no rosto.
Após a
agressão, Bejo recuou três passos, gritou “Canalha!”, apontou o revólver para
Roberto Marinho e ficou aguardando a reação, que não veio.
Com a
intervenção dos funcionários do restaurante, Bejo foi contido e retirado do local.
A partir daí
a perseguição aos Vargas tomou outra dimensão, com os resultados que a história
já registrou.
É bom lembrar
que nessa escola do ataque mentiroso, Roberto Marinho não estava sozinho. Assis
Chateaubriand e Carlos Lacerda eram mestres e parceiros nesta arte.
A grande imprensa
brasileira, infelizmente, ainda carrega esse DNA.
Na ânsia de
atingir objetivos políticos, não tem escrúpulos e nem compromisso com a
verdade.
Talvez seja
por isso que, com o surgimento da internet, jornais fecham e canais de televisão perdem audiência.
Um comentário:
Parabéns, Edberto, pela lucidez do texto. Excelente. Olívia
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