quarta-feira, 13 de maio de 2009

Alianças Políticas


Muito oportuna e correta a posição do deputado Judson Cabral ante a polêmica aliança entre o PT de Alagoas e o prefeito Cícero Almeida. Reproduzo artigo publicado na Tribuna Independente desta terça-feira, 12 de maio.


Alianças Políticas

Todas as vezes que ouço eleitores dizerem que mantêm seu voto em mim, mesmo não votando no meu partido, quero entender suas razões. A maioria, além de algumas observações sobre idéias que defendo e minha postura pessoal dentro da política, destaca a coerência partidária. Difícil entender?
Milito desde 1985 no Partido dos Trabalhadores, único partido a que me filiei até hoje. Toda a minha militância e atuação parlamentar sempre tiveram como base a crença na construção de uma sociedade melhor. Vejo os mandatos parlamentares como um instrumento dessa luta, mas eles só conseguem assumir esse caráter coletivo se estiverem vinculados a um projeto político. E esse papel cabe ao partido.
Já ouvi milhares de argumentações afirmando que isso não funciona no Brasil, é coisa da Europa e dos Estados Unidos. Eu reconheço nossa frágil tradição partidária. Mas é pouco para que eu passe a privilegiar o personalismo. Defendo a associação entre os melhores quadros e os melhores programas e práticas partidárias.
Construímos um partido com essas características. O PT cresceu de cidade em cidade, a partir de seu modo de governar. Cresceu na força de seus representantes e, sobretudo, na força da sua militância e da base social que ele representa.
É mais fácil para quem está na vida política, diante de crises e incoerências partidárias, passar a fazer coro aos que priorizam a personalidade em detrimento do coletivo. Não ajo assim.
No entanto, não é possível para quem mantém uma vida de dedicação aos princípios de seu partido se render a decisões pragmáticas que negligenciam o debate em torno de idéias e programas. A esse debate eu não posso fugir. Estou enfrentando de peito aberto, sem agredir pessoalmente ninguém, mas ciente de que minha atitude é uma atitude de respeito ao partido que eu continuo a construir.
Muitas outras alianças já foram feitas pelo PT em Alagoas e no Brasil, em sua maioria tendo como base uma agenda mínima de projetos. Agora, se faz o contrário. Essa incoerência eu combato com atitude. Aquela que me faz entender os eleitores que optam por mim porque defendo minhas idéias partidárias com transparência e de cabeça erguida – mesmo que não votem no meu partido.
Penso que devemos estar prontos para nos sentarmos com qualquer político alagoano para discutir Alagoas. Penso e defendo que, para 2010, há, sim, uma prioridade: manter o projeto nacional que construímos e está dando certo. Só que a construção de qualquer palanque nacional em Alagoas não pode desconsiderar as especificidades locais. O que pensamos e queremos para Alagoas? E o que pensam e querem alguns adversários históricos do PT?
E o debate em torno dessa construção não pode ser apressado, sem respeitar os calendários e os planos de ação construídos pelo próprio partido, seus militantes e dirigentes. Tudo tem seu tempo. E, nesse caso, a pressa não constrói.
Não preciso sair do PT para fazer esse debate – e para discordar. Faço com autoridade, dentro das instâncias partidárias, ao lado de militantes que pensam como eu, de simpatizantes do PT, defensores do nosso governo e incansáveis batalhadores, e, também, ouvindo todos os segmentos do meu eleitorado.
Lula citou em 2002, para defender a aliança que o levou à presidência, uma frase de Apolônio de Carvalho que agora eu repito: “as alianças são legítimas, desde que tenham como base um programa definido de governo”. É nessa linha que estarei sempre pronto para assumir os desafios do PT, como militante e dirigente.

JUDSON CABRAL
Deputado Estadual - PT

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