quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Cidadão da Anistia


O texto a seguir é da Nice Vilela. Rende homenagem ao menestrel Teotônio Vilela, já que amanhã, 28/08, comemoramos 30 anos da votação da lei da anistia.




Em 28 de agosto de 1979 o Brasil avançava na sua redemocratização, graças à aprovação da reivindicada, discutida e, de certa forma, até frustrada Lei da Anistia Política. Mas o povo brasileiro sabia que embora não houvesse a anistia ampla e irrestrita, tão esperada à época, era, de fato, o primeiro e importante passo para uma nova fase na política nacional.E não se pode pensar, falar e debater anistia, sem se pensar, falar e debater o decisivo papel que Teotônio Brandão Vilela teve em todo esse processo.
A liberdade sempre esteve na pauta de sua vida e, no exercício da política, em momento algum, ele deixou de defender a causa da democracia como fundamento para um Brasil desenvolvido e socialmente justo, de gente forte e livre através do pensamento, da fala e da escrita. Era assim Teotônio. Teotônio das Diretas Já, da Anistia Política; Teotônio da Viçosa, das Alagoas, da Cidadania.Não foi à toa que se imortalizou como o Guerreiro da Paz e como o Peregrino da Liberdade, sábio nos ensinamentos e corajoso na defesa de cada um de seus ideais.
A história nos mostra hoje, 30 anos depois, que Teotônio Vilela não foi apenas um bravo presidente da Comissão Mista da Anistia no Congresso Nacional. Foi mais além. Levou a anistia à sociedade civil, e a sociedade civil à anistia.E mesmo tendo subido nos palanques da anistia ampla, geral e irrestrita, tendo feito uma campanha, essa sim, ampla e irrestrita, dentro efora do Congresso Nacional contra a proposta de anistia do governo, Teotônio consolidou-se como o “Comandante da Anistia”. Era, também e, sobretudo, dele a comemoração de tantos e tantos brasileiros com essa lei.
De lá para cá, houve avanços positivos e embora saibamos que nenhuma lei e nenhum ato, em favor das vítimas da ditadura possam apagar o terror, as mortes, as dores e o medo daqueles anos, a caminhada de Teotônio Vilela nos deixa o alento de que a coragem cívica dele foi preponderante para as transformações políticas deste país.
E, a cada 28 de agosto se faz necessário lembrar essa data para que a história não se perca no tempo. A história de um alagoano que ganhou notoriedade pelas ações em favor da liberdade de cada brasileiro, seja ele o que estava lutando contra a ditadura militar ou não, orgulha Alagoas e os alagoanos e, certamente, estimula a todos os brasileiros que querem fazer da política um trabalho sério em defesa da democracia e do desenvolvimento.O empenho com que Teotônio se dedicou ao Brasil da Cidadania fica na história como exemplo imutável de civismo e de brasilidade.


Janice Vilela - Superintendente da Fundação Teotônio Vilela

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