Edberto Ticianeli
As praças de Maceió já foram locais aprazíveis de reuniões e encontros. Durante o dia era palco para os negócios e a política, e à noite, o domínio era da convivência social. Nada disso mais acontece nas nossas praças. É verdade que no período noturno nem as ruas são mais seguras. Mas, isso não justifica a situação de abandono da maioria delas.
As praças de Maceió já foram locais aprazíveis de reuniões e encontros. Durante o dia era palco para os negócios e a política, e à noite, o domínio era da convivência social. Nada disso mais acontece nas nossas praças. É verdade que no período noturno nem as ruas são mais seguras. Mas, isso não justifica a situação de abandono da maioria delas.
Como define a engenheira florestal Alessandra Teixeira Silva, “As praças são unidades urbanísticas fundamentais para a vida urbana e o seu modo de tratamento e uso indicam o nível de civilidade de seus usuários e o exercício dos direitos e deveres de cidadania nela vivenciados”.
Conclusão: pelas nossas praças, vivemos na barbárie. A que mais chama a atenção é a Praça Sinimbu. Cercada de importantes equipamentos urbanos, principalmente os culturais (Espaço Cultural da UFAL, Casa Jorge de Lima e Museu Theo Brandão), foi lentamente transformada em acampamento permanente dos Sem Terra, da feira de carros usados e, ultimamente, de barracas de artesanato. Sempre adornada por matagais e lixo.
Mas nem sempre foi assim. Antes do prédio construído pela UFAL, quem dominava a arquitetura local eram os prédios da extinta Companhia Força e Luz Nordeste do Brasil e do Liceu de Artes e Ofícios. O coreto e seus jardins iluminados eram atrações para todos.
A Praça Deodoro também já teve seus dias de glória. Cercada por prédios históricos, era o principal ponto de encontro das famílias de Maceió. Ainda na década de 60, podia-se ver os casais circularem a praça de braços dados, antes de tomarem um sorvete na Gut-Gut.
Praça Deodoro na década de 1950 |
O quase já esquecido Parque Rodolfo Lins, na Levada, foi reduzido a um terminal de ônibus que teima em ser chamado de Praça do Pirulito. A sua parte mais larga foi transformada, nos anos 60, na Feira dos Camelôs. Antes disso, a praça fazia parte de uma das mais importantes áreas da cidade, por sua importância econômica. Ficava próxima ao Porto da Levada, na Lagoa Mundaú, que também funcionava como aeroporto (hidroaviões), e era o ponto de entrada e saída de todo o comércio com a Grande Maceió lacustre.
O Parque Rodolfo Lins era cercado por bons restaurantes e por um cinema. Também abrigava as festas natalinas e os grandes comícios políticos da cidade. Hoje, só tem seu nome lembrado quando se discute a interminável novela do VLT (Veículo Leve sobre Trilho).
Parque Rodolfo Lins nos anos 40, ainda com o Restaurante Gracy |
A Praça dos Martírios, mesmo tendo o privilégio de conviver com a segurança do palácio que até recentemente foi sede do governo estadual, também hospeda, durante a noite, várias famílias dos chamados Sem Teto. Sua arquitetura sofreu muitas alterações, mas sempre mantendo a sua fonte luminosa, que não funciona há muito tempo.
Praça dos Martírios nos anos 50, ainda sem a fonte luminosa |
Outras praças centrais da cidade, como a Rosa da Fonseca e a da Cadeia, deram lugar a novos equipamentos. A primeira foi incorporada ao Bar do Chopp e a segunda divide um estacionamento com barracas de camelôs.
Praça Dona Rosa da Fonseca em 1921, antes de ser engolida pelo Bar do Chopp |
Praça da Cadeia em 1960, com sua quadra de esportes e a cadeia |
A Praça do Montepio dos Artistas, antiga Bráulio Cavalcante, foi reduzida a um banheiro público e ao comércio de lanches. A Praça Zumbi dos Palmares, que hoje não passa de um amontoado de barracas, já foi conhecida como a Boca da Cidade e dividia o cartão postal de Maceió com o Hotel Bela Vista.
Praça do Montepio nos anos 50 |
Praça dos Palmares nos anos 50, ainda com o Hotel Bela Vista |
Por último, a Praça Dom Pedro II, que guarda um dos mais ricos sítios arquitetônicos da capital, também cede seus espaços para o estacionamento da Assembleia Legislativa, barracas e grades que isolam o poder do povo. Mas, em outras épocas, acreditem, já recebeu um tratamento de praça.
Praça D. Pedro II nos anos 50 |
Mesmo que as fotos nos remetam a momentos nostálgicos, temos que lembrar que a Maceió de antigamente, ficou no antigamente. A questão que se coloca é: que tipo de praça deve ter a Maceió dos nossos dias. Não tenho respostas, mas o que não pode acontecer é a naturalização do abandono.
4 comentários:
Muito bom, parabéns pela idéia!
Ótimo, parabéns, sem palavras.
O povo está abandonado, quem dirá às praças.
Que postagem fantástica Ticianele! Parabéns, ótimo trabalho!
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