sábado, 4 de junho de 2011

Paquistão invadido mais uma vez

O país tem fronteiras muito bem definidas

Novamente os EUA declaram que não respeitam fronteira de ninguém quando está em jogo a tal da segurança nacional deles. No 1º de maio, invadiram o Paquistão e mataram o Osama bin Laden. O mundo não deu muita atenção ao detalhe de que tropas americanas desembarcaram em território paquistanês sem autorização do seu governo. Mas tinha uma “justificativa”: a vítima era um terrorista responsável pelo ataque às Torres Gêmeas, no fatídico 11 de setembro de 2001. Maquiavel ressuscitado para relacionar os fins com os meios.

Hoje, sábado 4 de junho, novamente “as forças do bem” anunciam que atacaram a vila de Laman, no Waziristão do Sul, também no Paquistão, e mataram um alto oficial da Al-Qaeda. Os próprios paquistaneses confirmaram que Ilyas Kashmiri foi morto após o ataque comandado pelos EUA.

Ilyas Kashmiri liderava um grupo de ativistas ligados a Harkatul Jihan al-Islami, uma organização política paquistanesa, e havia a suspeita de que  também fazia parte da cúpula da Al-Qaeda. A casa onde ele estava foi atingida por dois mísseis disparados por aeronaves dirigidas por controle remoto.

No meio das especulações sobre o papel e as ações que Kashmiri executava na organização, salta aos olhos que a mídia, mais uma vez, esquece de perguntar se o Paquistão é um país soberano ou um campo de treinamento de tiro das forças americanas. Qual o papel da ONU nessas questões?

O Estadão.com, por exemplo, nem toca no assunto. Se o cidadão era paquistanês, ligado a Al-Qaeda e ameaçava os EUA, fogo nele. Esse negócio de país e fronteira vai ficando para trás quando o assunto é a segurança do Grande Irmão do Norte. Não cabe, aqui, discutir se as ações de Kashmiri ou de qualquer outro ativista político extremado está certa ou não. Qualquer que seja a resposta, não vai justificar a invasão de um país pelos EUA. Se o Paquistão abriga e protege terroristas, o caso deve ser levado para as instâncias internacionais que regulam as relações entre os países.

No primeiro momento, parece que esse problema não diz respeito a nós, brasileiros. Afinal, não temos nenhum Osama bin Laaden ameaçando o mundo. Mas temos água e uma imensa riqueza natural que desperta a cobiça dos que querem um “mundo sem fronteiras”. Mas qual seria o argumento utilizado para atacar o Brasil? Só por termos riquezas? Pergunte aos afegãos e aos iraquianos se a desculpa dada para invadi-los tinha fundamento. O objetivo era o petróleo e valia a pena inventar qualquer coisa.

Só espero que não nos invadam a pretexto de concluir as obras para a Copa do Mundo de 2014. Seria desmoralizante, mas não duvido que teriam, no mínimo, o apoio do Ricardo Teixeira (CBF) e da Globo.

Nenhum comentário: