quarta-feira, 26 de março de 2008

Maceió e a questão social


Tem muita gente, no mundo da política alagoana, pisando em ovos quando o assunto é a avaliação do desempenho do prefeito da capital, Cícero Almeida. Afinal, as pesquisas apresentadas indicam um alto índice de aprovação da sua administração. 

A cautela de quem tem interesses ensina que não é inteligente brigar com quem está cotado para permanecer no poder. Alguns tentam se diferenciar e ensaiam críticas que mais parecem elogios. Não acho isso correto. 

Independente do reconhecimento de melhores desempenhos numa área ou em outra, ou mesmo das comparações com as administrações passadas, é preciso avaliar a atual prefeitura pelo conjunto de suas políticas públicas

Como identificar os objetivos centrais de uma política de gestão pública? Como estamos nos referenciando em pesquisas, que tal perguntar à população sobre quais são os seus problemas mais graves. Tenho certeza que violência e emprego estarão no topo da lista. Fica então a indagação: como estes problemas estão sendo enfrentados em Maceió?



Vamos deixar o próprio prefeito responder, utilizando suas palavras de avaliação sobre a implantação do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania), ao qual ele aderiu tardiamente: “Assim como prevê o programa, vamos preparar uma equipe capacitada para a elaboração de um planejamento de políticas públicas para o enfrentamento da violência nas suas raízes sociais, trabalhando o lado preventivo da violência”. Mais adiante reafirma que “já está mais do que na hora de darmos uma basta nessa situação”. São declarações publicadas na Gazeta de Alagoas de 26/03/08 em matéria assinada pela jornalista Patrícia Bastos. 

Agora sim! Vamos enfrentar os problemas “nas suas raízes sociais”. Então, como anda a Secretaria de Ação Social de Maceió? O site Alagoas 24 horas nos dá uma pista: “Indícios de irregularidades na execução de programas sociais fizeram com que o Ministério do Desenvolvimento Social de Combate à Fome suspendesse o envio de recursos federais para programas de assistência social em Maceió. Desde o início do ano, os repasses estão suspensos pela falta de prestação de contas – há cerca de quatro anos – e o secretário de Assistência Social, Alan Balbino, estima que o prejuízo chegue a R$ 10 milhões.”. 

E como anda a Indústria e o Comércio? Quantos empregos a Prefeitura ajudou a criar?
Não é possível identificar essas questões como prioritárias para a atual gestão. Isso fica evidente quando se procura descobrir a razão do atraso na adesão ao Pronasci. O programa exigiu que a Prefeitura de Maceió realizasse um curso para os guardas municipais. Como o prefeito sabia que a pressão popular forçaria o governo federal a remover todos os obstáculos para a implantação do programa, esperou até conseguir recursos federais para a formação dos guardas. Não havia dinheiro no município para isso? Havia, mas a prioridade não era essa.

Independente de quem vai ser o próximo prefeito, o eleitor deve começar a cobrar que Maceió deve continuar a ser uma cidade bem cuidada, mas com um povo, também, bem cuidado.

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