quinta-feira, 24 de junho de 2010

Homenagem a José Saramago

O poeta alagoano Maurício de Macedo é o autor da poesia abaixo publicada. É uma homenagem ao escritpr português que faleceu ontem. Saramago nos deixou pensamentos brilhantes, como esse: "Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é so um dia mais".

José Saramago
Deixai que as palavras respirem eupnéicas
com o hálito de hortelã do povo.
Deixai que pousem na memória dos sonhos
dos carregadores de pedras das loucuras dos reis.
Deixai que possam recolher as vontades
e sua ânsia de vôo.
Deixai que empurrem os continentes
feito Hércules afastando as colunas.
Deixai que façam navegar a terra
por mares nunca dantes navegados.
Deixai que penetrem nos olhos dos cegos
e que sejam tochas na epidemia da escuridão.
Deixai que inventem os poetas
e as metamorfoses de seus rostos de esfinge.
Deixai que possam percorrer o caminho do coração
do homem perplexo entre o Bem e o Mal.
Alvas,amarelas,avermelhadas,
beleza singela e primitiva dos campos da Ibéria,
deixai que floresçam os saramagos
na língua portuguesa.

O Pasquim e a banca de revistas do Gesivan

Maceió, no início dos anos 70, ainda guardava as características de uma cidade provinciana. Havia os tradicionais pontos de encontro, como o Café Central ou a porta da Lobrás (para os mais antigos, Quatro e Quatrocentos). Os mais envolvidos com a política frequentavam as bancas de revistas, como a Nacional, do Gesivan Rodrigues, que distribuia os jornais do Rio e de São Paulo.

O semanário Pasquim era um dos mais aguardados no início da semana. As reservas eram disputadas, já que ninguém queria ficar sem o famoso “hebdomadário” carioca. Mas o que atraia mesmo os interessados para a banca do Gesivan era a incerteza sobre se o Pasquim seria apreendido ou não pela polícia federal.

O Pasquim, lançado em 1969, transformou-se no mais importante canal de protesto contra o regime militar. Nasceu para ser um tablóide que retrataria os costumes e comportamentos da classe média do Rio de Janeiro, mas a sua irreverência na denúncia da censura o levou a ser lido no país inteiro, chegando a uma tiragem de mais de 200 mil exemplares.

Nomes como Jaguar, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Ziraldo, Millôr, Prósperi, Claudius, Fortuna, Ruy Castro e Fausto Wolff eram citados nos batepapos de qualquer roda de estudantes universitários. Suas entrevistas provocavam polêmicas nas mesas do Bar do Chopp e nos encontros organizados pelo anarquista/comunista/revolucionário Nô Pedroza. Foi assim que Leila Diniz, estrela de telenovela, foi revelada musa da esquerda tupiniquim.

Quando prendeu a redação do Pasquim, em novembro de 1970, a ditadura não calculou que provocaria uma onda de solidariedade, projetando ainda mais a imagem do semanário como contestador e adversário dos militares golpistas. Mesmo sem os seus editores, o Pasquim conseguiu continuar sendo publicado, graças a Millôr Fernandes (o único que não foi preso) e as colaborações de Chico Buarque, Antônio Callado, Rubem Fonseca, Odete Lara, Gláuber Rocha e de outros intelectuais e artistas.

No início dos anos 80, a ditadura, mesmo já cambaleante, continuava a tratar os jornais da chamada imprensa alternativa como inimigos. Bancas de revistas passaram a sofrer atentados em todo o país. Os seus proprietários, temendo os danos, deixaram de vender esses jornais, o que decretou o fim do Pasquim. Em Maceió, o combativo Gesivan teve a sua banca danificada com uma tentativa de incêndio. Ele continuou expondo os tablóides de oposição e, graças ao apoio das organizações que lutavam contra a ditadura, manteve-se como um dos poucos que vendeu do primeiro ao último exemplar do Pasquim. Gesivan está perto de completar 50 anos de atividades à frente da Banca Nacional, na Praça do Montepio ao lado do velho casarão do antigo Hotel Lopes. Ele e sua banca já fazem parte da história e da cena urbana de Maceió.

A violência que une o Carnaval à Páscoa

Publicado em 6/4/2010 - Qualquer Instante

Além de serem duas datas móveis no calendário, separadas por 46 dias, o carnaval e a páscoa também tem em comum, surpreendentemente, a violência. Pelo menos é o que apontam os dados colhidos no Hospital Geral do Estado Professor Osvaldo Brandão Vilela, o nosso tão sofrido HGE.

Nos quatro dias do carnaval de 2010, o HGE recebeu 91 vítimas de ocorrências delituosas contra a pessoa. Foram quatro por tentativas de suicídio, 51 por lesões corporais, 16 por arma de fogo e 20 por arma branca. Os acidentes de trânsito foram responsáveis por 77 casos de atendimentos, sendo 51 motivado por colisões, 19 por atropelamento e sete por capotamento. O total dos atendidos nos dois tipos de ocorrência é de 168 pessoas.

Os números do feriadão da semana santa também são expressivos e superam os do carnaval. Foram 94 pessoas atendidas por ocorrência delituosa contra a pessoa, assim distribuídas: três por tentativa de suicídio, 43 por lesão corporal, 20 por arma de fogo e 28 por arma branca. As vítimas em acidente de trânsito somaram 121 atendimentos. Foram 19 por atropelamento, duas por capotamento, 47 por colisão e 53 por acidente de moto. Somadas as duas ocorrências temos 215 pessoas.

Que durante o carnaval aconteçam excessos que resultem em violência, até que é compreensível, já que o carnaval é uma festa que se caracteriza pela negação da ordem e é predominantemente movida a álcool. A surpresa fica com os números da semana santa, pois era de se esperar um clima de retiro, já que o período reverencia o sofrimento, morte e ressurreição de Cristo. Então, como se explica que 215 vítimas da violência foram atendidas na semana santa, enquanto que, no carnaval, esse número foi inferior?

Uma análise mais acurada vai mostrar que os acidentes de trânsito na semana santa são os responsáveis pelo maior número de vítimas. Aí está a diferença entre os dois feriadões: no carnaval há um planejamento especial dos órgãos do trânsito e de segurança, enquanto que na semana santa não há sequer campanhas educativas. Não há jejum de bebidas e nem cuidados especiais ao dirigir somente porque o feriado é cristão. É preciso atuar nesses períodos com a força máxima para impedir os excessos, mesmo que isso implique em retirar milhares de policiais da convivência com as suas famílias em um feriadão.

Tucanos da Globo querem separar Dilma de Lula

Publicado em 29/03/2010  - Qualquer Instante

A imprensa tucana parece que mudou de tática para enfrentar o projeto Lula/Dilma. Perceberam que não adianta atacar o governo Lula para enfraquecer a candidatura de Dilma Roussef: Lula teimosamente permanece crescendo nos seus índices de aceitação popular. O pior para eles, é que o eleitor continua a declarar que vai votar no candidato indicado pelo presidente. Então, qual é a opção que sobra para a militância da Folha, Estadão, Globo e outros coligados? A resposta já pode ser percebida na última pesquisa Datafolha, que coloca Lula como uma quase unanimidade - o seu governo é avaliado como regular, bom e ótimo por 96% dos entrevistados -, mas aponta o crescimento de José Serra em relação à Dilma. Os números divulgados aparecem como um alento para a declinante candidatura de Serra, porque interrompe a tendência das outras pesquisas, que era de diminuição da vantagem do tucano sobre a candidatura que tem o apoio de Lula. No telejornalismo da Globo, durante o domingo (28/03), era incontida a alegria dos seus apresentadores e analistas ao divulgarem os dados da pesquisa Datafolha.


A tática adotada a partir de agora será a de separar Dilma de Lula. Como não conseguiram atingir Lula, vão aceitar a derrota que lhes foi imposta pelas ruas e redirecionar suas baterias para o lado mais fraco da dupla, que é a ministra Dilma Roussef. A imprensa demotucana vai trabalhar a ideia de que Dilma é diferente de Lula. Ela passará a ter ressaltada as características que mais a diferenciam do presidente: não é nordestina, tem formação superior e, principalmente, vem de uma militância mais ideológica e radicalizada na esquerda. O objetivo é reacender na elite conservadora os temores diante das incertezas sobre um possível governo Dilma Roussef. Outro aspecto dessa campanha partidária da grande imprensa é que ela corre contra o tempo, pois se não conseguir resultados até julho, terá que enfrentar a candidata Dilma já com acesso aos programas eleitorais gratuitos no rádio e na televisão. Aí teremos um pouco de “liberdade de imprensa” e poderemos medir se os profissionais da Globo cumpriram bem o seu papel partidário ou se, do outro lado da tela, o eleitor/telespectador está sabendo identificar que a vida real não é um Jornal Nacional nem uma Globo News.

Uma homenagem a Mãinha

Publicado no dia 23/03/2010 - Qualquer Instante

A Assembleia Legislativa de Alagoas realizou, na tarde desta segunda-feira (22), sessão pública para comemorar o Dia da Água, por proposta do deputado Judson Cabral. Estive lá por algum tempo para ouvir opiniões de técnicos, lideranças populares e políticas sobre a qualidade das nossas águas e o que precisa ser feito para que os nossos recursos hídricos sejam utilizados adequadamente. O ponto em comum entre os debatedores foi a constatação que muito precisa ser feito, principalmente na capital, para que não soframos brevemente um colapso no abastecimento d’água.



A pesar da importância do tema, terminei tendo a atenção desviada para os estudantes da Escola Estadual Maria Ivone, que lá estavam em grande número. Os jovens demonstravam que estavam acompanhando a discussão e entendendo os problemas do tema, apesar do tecnicismo de algumas intervenções. Fiquei a pensar como ficaria orgulhosa, se ali estivesse, a mulher que emprestou o seu nome àquela escola, Maria Ivone Santos de Oliveira, ou Mãinha, como nós a chamávamos carinhosamente. Fui companheiro de militância da Mãinha no PCdoB durante muitos anos e acompanhei de perto o seu esforço e dedicação à juventude, principalmente por trabalhar profissionalmente na área da educação. Uma batalhadora, até quando teve que enfrentar, nos seus últimos dias, uma doença traiçoeira.


Pois, na tarde desta segunda-feira, lá estavam os jovens estudantes do Conjunto Inocoop, sentados nas poltronas dos deputados ouvindo atentamente o debate sobre o futuro das nossas águas, ostentando orgulhosamente no peito o brasão da escola da Mãinha. São momentos como estes que nos fazem manter vivo o compromisso com a luta por um mundo melhor, também como forma de homenagear os que dedicaram uma vida inteira a uma causa tão nobre.

Igreja, pedofilia e perdão

Publicado em 15/03/2010 - Qualquer Instante

Após o escândalo envolvendo a Igreja Católica em mais um caso de pedofilia, o bispo da diocese de Penedo (AL), Dom Valério Brêda, suspendeu das atividades religiosas os três padres denunciados: monsenhor Luiz Marques, monsenhor Raimundo e Edílson Duarte. Vamos aguardar, agora, qual será a atitude da cúpula da Igreja em Alagoas diante desse novo caso de abuso sexual de crianças. Independente da posição que a igreja católica venha a tomar, cabe questionar o porquê de tanta reincidência desse tipo de crime. Para se ter uma ideia da relação entre padres e crimes de abuso sexual, hoje existem dez padres na cadeia e 40 fugindo para não serem atingidos pelos mandatos de prisão.

Na reportagem da revista Istoé, de novembro do ano passado, há uma pista de como agem os religiosos para abusarem das crianças. Em Agudos, São Paulo,o padre Tarcísio Tadeu Sprícigo - que cumpre pena de 15 anos por violentar um menor de cinco anos - deixou anotado em um diário o modo como agia: “Apresentar-se sempre como dominador. Ser carinhoso e não ser apressado. Nunca fazer perguntas, mas ter certezas. Conseguir garotos seguros e carentes, que não tenham pai e que sejam pobres. Jamais se envolver com garotos riquinhos”.

Se servir de consolo para alguém, esse problema não atinge somente à Igreja no Brasil. Na sexta-feira passada (12/03), segundo a agência Reuters, o chefe da Igreja Católica da Alemanha, arcebispo Robert Zollitsch, pediu desculpas às vítimas de abuso infantil cometido por padres. Surgiram no país mais de 100 relatos de abusos em instituições católicas, incluindo uma ligada ao prestigioso coral de Regensburg, regido pelo irmão do papa entre 1964 e 1994.

Em 2003, em Boston, o promotor-geral do Estado americano de Massachusetts, Tom Reilly, denunciou o cardeal John Geoghan por ter estuprado mais de 130 crianças em trinta anos. Ele foi sentenciado a dez anos de cadeia. Mas ele não estava só: a própria arquidiocese reconheceu o testemunho das 789 vítimas, que acusavam 237 sacerdotes da região.

Na Austrália, em 2008, o grupo Broken Rites, que representa as vítimas de abuso, divulgou uma relação de 107 condenações de abuso sexual na Igreja, mas diz que o número verdadeiro de casos é ainda maior, já que poucos levam a questão ao tribunal. A Igreja Católica na Austrália pediu desculpas pelo último caso e ofereceu compensação.

Pedir desculpas e perdão tem sido, aliás, uma marca da Igreja Católica. Por ocasião das comemorações dos 500 anos do descobrimento, em 2000, a cúpula da Igreja no Brasil pediu perdão aos índios e negros, vítimas do violento processo de colonização do país, e que contou com a participação ou silêncio da Igreja.

O papa João Paulo II também pediu perdão aos judeus pelos erros da Igreja durante a Segunda Guerra Mundial, que calou diante do massacre nazista. Pediu perdão também pelas agressões das Cruzadas e torturas da Inquisição durante a Idade Média. Os índios americanos também foram alvos do pedido de perdão do Papa, que reconheceu os massacres no processo de expansão da fé católica no continente.

Uma história, antiga e recente, recheada de pedidos de perdão, não é o melhor cartão de visitas de quem se propõe a liderar a vida espiritual de milhões. Está na hora de abordar o problema com mais profundidade para se evitar que essa sequência de crimes atinja ainda mais a imagem da Igreja.

Carteirada: a autoridade acima da lei

Publicado no dia 12/03/2010 - Qualquer Instante

Confesso que não esperava a repercussão que teve essa história da carteirada no Centerplex. Talvez o fato tenha ganho essa dimensão nacional porque envolveu a prisão de uma gerente do empreendimento. Outra possibilidade a ser levada em consideração pode ser atribuida a atitude da cúpula da Polícia Civil, que tratou afobadamente de encontrar uma “autorização” legal do Gecoc para o uso indevido da autoridade policial, provocando desmentidos do Ministério Público. Por qualquer das razões, Alagoas está de volta ao noticiário nacional por motivos policiais.


O pior é ter que ouvir a justificativa dos policiais, que estavam no cinema em missão secreta para prender traficantes. Imagine quatro agentes, procurando esconder suas identidades dos bandidos; chegam à portaria do Centerplex e exibem as carteiras de... POLICIAIS!

Pelo menos, podemos extrair alguma coisa de positivo no episódio: está aberta a discussão sobre a prática da “carteirada”, uma aberração que tem provocado situações vexatórias. Quem trabalha com eventos em Maceió, sabe o que é ter que suportar, dependendo do show, uma verdadeira invasão de autoridades e familiares, todos no exercício da profissão. Já foram várias as tentativas de impedir que isso ocorra. Em meados dos anos 90, no auge dos shows de axé no Ginásio do Sesi, um empresário procurou o Comando da Polícia Militar para denunciar o expressivo número de “carteiradas” que a tropa praticava em seus eventos. O coronel achou que o empresário estava exagerando e não deu ouvidos. A solução foi filmar o movimento na catraca, que comprovou a denúncia: 15% dos presentes ao espetáculo escolhido para ser observado, ali estavam por força de uma “carteirada”.

Sei que há uma reunião marcada entre produtores de eventos e deputados para discutir o assunto. Tomara que a mobilização dos empresários conte com o apoio do Ministério Público e da Assembleia para que o exercício da autoridade tenha limites e que sejam normatizados em lei.

Quem vai “casar” com Heloisa Helena?

Publicado em 8/3/2010 - Qualquer Instante

A indicação de Ronaldo Lessa para disputar o governo de Alagoas, vai confirmando que a oposição se articula priorizando a reeleição do senador Renan Calheiros. É o projeto nacional falando mais alto: em Brasília Renan é peça chave na aliança PMDB/PT. Assim sendo, a candidatura de Lessa cumpre bem esse papel, pois - além de limpar o caminho do senado para Renan - tem um discurso mais afinado com a candidatura de Dilma Roussef à presidência da república. Para alguns analistas, o lançamento de Lessa também serviria para neutralizar possíveis interesses de Fernando Collor em disputar o governo estadual.


Mesmo considerando que na disputa para o governo o jogo ainda não acabou, Renan deverá, agora, direcionar suas articulações políticas para resolver outro obstáculo na sua caminhada à reeleição. A questão é que a disputa para o senado oferece duas vagas, e o eleitor votará duas vezes. Como as pesquisas têm apontado que a vereadora Heloisa Helena se elegerá com votação expressiva, Renan Calheiros dorme e acorda imaginando para onde irá o segundo voto do eleitor de HH. Um candidato que construa um discurso identificado com o da candidata do PSOL, poderá se habilitar à segunda vaga, ou, no mínimo, criar dificuldades para a reeleição de Renan. Para o senador do PMDB, não interessa que Heloisa Helena encontre um bom parceiro para casar os votos, como, por exemplo, o delegado federal Pinto de Luna (PT), que é hoje um dos “noivos” mais atirado. Se não conseguir impedir a “dobradinha”, Renan pode adotar outro caminho, que seria o de incentivar vários candidatos com o mesmo perfil, pulverizando o segundo voto de HH.

Outro problema que Renan tem para resolver é o do seu parceiro de chapa, Benedito de Lira (PP), que vem olhando com bons olhos a possibilidade de trocar a sua candidatura de senador pela de vice-governador de Theo Vilela. Se isso acontecer, até o segundo voto de Renan Calheiros vai embora. Aí, abre-se outra vaga para noivado.

Ufal e presídios: uma longa convivência

Publicado em 06 de março de 2010 no site Qualquer Instante

Nem tudo numa cidade pode ser pensado ou planejado para que se evite totalmente a convivência de equipamentos urbanos conflitantes. É só ver os problemas dos lixões, que não podem ser tão longe - para que não encareçam os seus custos -, e nem tão perto que incomode com o mau cheiro e moscas. Assim aconteceu com a Maceió dos anos 60, enfrentando os primeiros problemas de um crescimento mais acelerado, entretanto administrada por gestores com pouca experiência e domínio técnico para pensar a cidade a longo prazo. Foi essa visão limitada que determinou o deslocamento das casas de prostituição de Jaraguá para o “distante” bairro do Canaã. Em 1965, fecharam o velho presídio da Praça da Cadeia, no Centro de Maceió, e transferiram os seus ocupantes para o recém inaugurado presídio São Leonardo, situado na então Zona Rural de Maceió, quase em Rio Largo. A Universidade Federal de Alagoas, criada em1961, cobrava o seu campus e o reitor Aristóteles Calazans Simões, após muita insistência, conseguiu iniciar, em 1966, a construção da Cidade Universitária, coincidentemente, em terreno vizinho ao presídio São Leonardo.


Não acredito que, na década de 60, alguém tenha previsto os problemas das superlotações e fugas dos presídios, a ponto de ter chamado a atenção para a diferença existente entre educar alunos e reeducar presos. Independente das limitações do passado, esse problema afeta hoje seriamente o cotidiano da Cidade Universitária.

Pois é, hoje, já há conhecimento e experiência suficientemente acumulados para se evitar que erros como esses aconteçam. No entanto, em Arapiraca, a situação se repetiu. Em 2002 foi inaugurado o presídio de Segurança Média "Desembargador Luis de Oliveira Sousa", e em 2006, a Ufal, inaugura, ao lado do presídio, o seu campus. O primeiro problema já aconteceu esta semana, com a fuga de cinco presos e muito pânico entre os estudantes, professores e funcionários da Ufal. A pergunta que fica é: por quê errar duas vezes?

O vice de Theo

Publicado no dia 05 de março de 2010 no site Qualquer Instante

O governador de Alagoas, Theo Vilela (PSDB), está prestes a colher os primeiros frutos da sua paciente estratégia eleitoral. Com a retirada da candidatura de Cícero Almeida - o candidato mais temido pelo governador por sua boa situação nas pesquisas -, crescem as possibilidades de reeleição do tucano. Essa situação gera um enorme potencial de atração de novas forças políticas em direção as hostes governamentais, que observam com olhares de gula o espaço vago de vice-governador de Vilela.
O que há de tão atrativo em um cargo, que muitas vezes é menosprezado nas composições políticas? Essa jóia da coroa tucana tem maior valor, porque Vilela, caso eleito, cumprirá o seu último mandato e deverá ser candidato ao senado em 2014, sendo forçado a se afastar do governo em abril daquele ano. O vice terá, então, seis meses para governar e preparar a sua própria reeleição.
O deputado federal Benedito de Lira (PP), percebendo que se reduzem a cada dia mais as suas chances de ocupar uma das cadeiras do senado, vê com bons olhos a possibilidade de dividir espaços no projeto tucano. O primeiro sinal de fumaça de que um acordo pode estar em andamento é a anunciada ausência do parlamentar no ato de confirmação da candidatura de Ronaldo Lessa (PDT). A dúvida é se prefeito de Maceió, Cícero Almeida (PP), segue o líder do seu partido ou fica com Lessa a pedido de João Lira, seu amigo do peito. Tomara que Deus não seja chamado para ajudar a resolver problemas dessa ordem.