sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Projeto nacional decide candidaturas em Alagoas


As articulações para a formação dos campos políticos que se enfrentarão em outubro na disputa pelo poder em Alagoas permitem, ao observador mais atento, compreender quanto é complexa a política. Uma verdadeira partida de xadrez está sendo jogada com o abusivo recurso da paciência. Senão vejamos:

O Chapão - articulação que envolve a base aliada do governo Lula em Alagoas - tem um dilema shakesperareano a resolver: ou se forma para priorizar a reeleição do senador Renan Calheiros ou se volta para a disputa do governo estadual. No primeiro caso o melhor candidato ao governo seria Ronaldo Lessa, que assim limparia a área para Renan disputar uma das vagas com Heloísa Helena, além de permitir que Benedito de Lira - que também pretende chegar ao senado - vislumbrar uma chance de eleição em dobradinha com Calheiros. Caso a prioridade seja derrotar Teo Vilela na disputa pelo governo, o nome que desponta com mais densidade nas pesquisas é o do prefeito Cícero Almeida. O problema é que se a solução for a candidatura de Ronaldo Lessa, ela não pode prescindir do apoio do prefeito da capital, da mesma forma que Cícero Almeida precisa do beneplácito de Collor - em parceria com a vice prefeita Lourdinha Lyra -, além de ter que convencer a Benedito de Lyra, que controla o seu partido, o PP. Nesse impasse, a solução pode vir de fora, lá de Brasília.

Avalio que a política nacional vai impor seus interesses aos da província. Lula sabe que Renan é um aliado importante na costura política para eleger Dilma Roussef. Calheiros tem sido uma figura fundamental tanto na articulação do apoio do poder legislativo ao governo Lula, quanto na condução do vacilante PMDB em direção a aliança com o PT. Se a prioridade é eleger Dilma, vai ficando claro que Renan e a sua candidatura à reeleição adquirem um peso nacional. Assim, a candidatura de Ronaldo Lessa vai se firmando como a solução para os interesses da maioria dos partidos do Chapão. Ao prefeito Cícero Almeida cabe tentar convencer Benedito de Lira a deixar o PP lançá-lo de qualquer jeito numa arriscada disputa pelo governo, ou optar por apoiar Lessa em troca de “juros e dividendos” políticos no futuro.

Teo Vilela, friamente, aguarda do outro lado que aconteçam rupturas, ou mesmo fissuras, no Chapão para iniciar uma operação rescaldo. Ele acredita que ainda pode contar com apoios explícitos ou velados ao seu projeto.

Como se vê, é um intrigante jogo de xadrez em andamento. Mas como até paciência tem limite, o prazo para desincompatibilização do prefeito é três de abril, data em que saberemos que jogo Cícero Almeida vai jogar.