quinta-feira, 27 de março de 2008

O poder limitado

Artigo de GERALDINHO GONÇALVES
Bacharel em HISTÓRIA pela UFAL
Comerciante - Buffet Pajuçara.

Já não era sem tempo que os poderosos cariciam de um limite aos seus poderes.
Nós, alagoanos, temos sido vítimas dessa gama de denúncias sobre improbidade imputadas aos nossos políticos; umas, ás vezes improcedentes, mas a grande maioria com provas substanciais, o que nos deixa, como alvo de chacotas por parte dos demais brasileiros. Não, que no resto do Brasil não haja políticos corruptos, claro que há.
Infelizmente em nosso País a irresponsabilidade, a má aplicação do dinheiro público, o abuso de poder são exemplos que vem de cima.
Mas, graças a DEUS, Alagoas, quer queiram, quer não, tem seu valor e sua história na perpetuação do regime democrático no Brasil, e, nesse exato momento, o nosso Ministério Público junto com o Tribunal de Justiça e a Polícia Federal estão dando um banho de medidas moralizadoras sem precedentes.
Quando e em que Estado brasileiro, uma gama de deputados e suplentes sofreram tamanha devassa em suas vidas e mandatos, em qual Estado tantos poderosos tiveram seus poderes e prerrogativas suspensas e vulneráveis.
Espero que essas medidas não sejam apenas um ensaio ou jogo de cena, sejam cada dia maiores e mais concretas, que nós alagoanos possamos passar a ser, de agora em diante, reconhecidos como o povo que resolveu moralizar o BRASIL e colocar os maus políticos no lugar de onde nunca deveriam ter saído, ou seja, no OSTRACISMO.
A Justiça está fazendo a sua parte, cabe ao povo fazer agora o dever de casa, indo às ruas exigir o expurgo do restante da escória política que ainda resta, percorrer cidade por cidade, povoado por povoado denunciando e mostrando a face de cada um desses inimigos da democracia, enfim não permitir a volta desses senhores e nem de seus supostos e futuros seguidores ao poder. Mas, que esse movimento seja feito com consciência e ordem para que não se cometa injustiça atingindo o alvo errado, como o que foi feito em julho de 97, com o senhor Divaldo Suruagy. É mister que seja um movimento ordeiro e bem elaborado, democrático, afinal de contas é uma luta pela DEMOCRACIA, que é igual a ÉTICA, HONESTIDADE, SOLIDARIEDADE e IGUALDADE.
Que políticos como o jovem Rui Palmeira Neto, com postura digna, e não poderia ser diferente, sendo filho e neto de quem é, se multiplique, que Paulões e Judsons dobrem, tripliquem, para que ALAGOAS possa realmente fazer jus a afirmação do saudoso Governador Afrânio Lages: "ALAGOAS É UM FILÉ DO NORDESTE".
A natureza fez a sua parte, dando-nos riquezas naturais, belezas afrodisíacas, as mais belas praias do Brasil, falta-nos a parte dos senhores detentores do poder, na condução do nosso destino através da UNIAO E DO BEM ESTAR COMUM.
QUEM SABE CHEGOU A HORA!

quarta-feira, 26 de março de 2008

Maceió e a questão social


Tem muita gente, no mundo da política alagoana, pisando em ovos quando o assunto é a avaliação do desempenho do prefeito da capital, Cícero Almeida. Afinal, as pesquisas apresentadas indicam um alto índice de aprovação da sua administração. 

A cautela de quem tem interesses ensina que não é inteligente brigar com quem está cotado para permanecer no poder. Alguns tentam se diferenciar e ensaiam críticas que mais parecem elogios. Não acho isso correto. 

Independente do reconhecimento de melhores desempenhos numa área ou em outra, ou mesmo das comparações com as administrações passadas, é preciso avaliar a atual prefeitura pelo conjunto de suas políticas públicas

Como identificar os objetivos centrais de uma política de gestão pública? Como estamos nos referenciando em pesquisas, que tal perguntar à população sobre quais são os seus problemas mais graves. Tenho certeza que violência e emprego estarão no topo da lista. Fica então a indagação: como estes problemas estão sendo enfrentados em Maceió?



Vamos deixar o próprio prefeito responder, utilizando suas palavras de avaliação sobre a implantação do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania), ao qual ele aderiu tardiamente: “Assim como prevê o programa, vamos preparar uma equipe capacitada para a elaboração de um planejamento de políticas públicas para o enfrentamento da violência nas suas raízes sociais, trabalhando o lado preventivo da violência”. Mais adiante reafirma que “já está mais do que na hora de darmos uma basta nessa situação”. São declarações publicadas na Gazeta de Alagoas de 26/03/08 em matéria assinada pela jornalista Patrícia Bastos. 

Agora sim! Vamos enfrentar os problemas “nas suas raízes sociais”. Então, como anda a Secretaria de Ação Social de Maceió? O site Alagoas 24 horas nos dá uma pista: “Indícios de irregularidades na execução de programas sociais fizeram com que o Ministério do Desenvolvimento Social de Combate à Fome suspendesse o envio de recursos federais para programas de assistência social em Maceió. Desde o início do ano, os repasses estão suspensos pela falta de prestação de contas – há cerca de quatro anos – e o secretário de Assistência Social, Alan Balbino, estima que o prejuízo chegue a R$ 10 milhões.”. 

E como anda a Indústria e o Comércio? Quantos empregos a Prefeitura ajudou a criar?
Não é possível identificar essas questões como prioritárias para a atual gestão. Isso fica evidente quando se procura descobrir a razão do atraso na adesão ao Pronasci. O programa exigiu que a Prefeitura de Maceió realizasse um curso para os guardas municipais. Como o prefeito sabia que a pressão popular forçaria o governo federal a remover todos os obstáculos para a implantação do programa, esperou até conseguir recursos federais para a formação dos guardas. Não havia dinheiro no município para isso? Havia, mas a prioridade não era essa.

Independente de quem vai ser o próximo prefeito, o eleitor deve começar a cobrar que Maceió deve continuar a ser uma cidade bem cuidada, mas com um povo, também, bem cuidado.

Ainda acredito em homens de bem

Rencontrei o Brandão (foto) pela rede virtual de computadores depois de muito tempo sem contato algum. Vivemos juntos a aventura de realizarmos o III Festival Universitário de Música em 1981. Eu como presidente do DCE e ele como músico, concorrendo com outros artistas, e, depois, acompanhando a gravação do LP. Arranjador virtuoso, acompanhava com dedicação todas as exaustivas tarefas de gravar um disco, aproveitando os finais de semana, nos estúdios da saudosa Rosemblit em Recife. A partir de hoje, Brandão vai participar desse Blog, ajudando a diversificar as opiniões aqui emitidas.
José Gomes Brandão é natural de União dos Palmares - Alagoas, onde cursou o ginasial no Colégio Santa Maria Madalena. Transferiu-se para Maceió em 1970 para estudar na ETFAL (Escola Técnica Federal de Alagoas) onde concluiu Eletrotécnica. Ingressou, em 1976/2, no curso de Psicologia do CESMAC até o décimo período sem a efetiva conclusão por motivos de trabalho. Admitido na TELASA em 1973 teve ofício exclusivo em função técnica até 1998, o que lhe deu um currículo recheado de cursos com especialização nas áreas de telecomunicações e informática. Em 1970, ainda na ETFAL, sob a orientação do inesquecível Mestre Manuca, teve a oportunidade de estudar HARMONIA BÁSICA e NOTAÇÃO MUSICAL, tendo, posteriormente, aprimorado seus conhecimentos. O trompete foi o seu primeiro instrumento. Compositor, músico, arranjador e professor de notação musical, possui dezenas de músicas em estilos diversos. É apaixonado pelo chorinho e amante inseparável do violão. Atualmente produzindo frevos de rua em série, encontra-se também catalogando e arranjando toda a sua obra.

Mas vamos ao primeiro artigo do Brandão.

Ainda acredito em homens de bem
Nossa memória, decerto fragilizada por razões inumeráveis, facilmente perde informações e imagens de coisas e pessoas importantes em nossas vidas.Não deveríamos esquecer a passagem do CEL. COUTINHO pelo DETRAN, talvez único administrador que formou uma equipe para desagradar, tanto a usuários quanto a funcionários daquele órgão com comportamento duvidoso. Viu-se, entretanto, à luz do dia, uma prestação de serviços invejável em países de primeiríssimo mundo, considere-se a desagradável herança ali encontrada.Eficiência e eficácia, probidade administrativa, integridade de caráter e honestidade nas ações pôde-se presenciar em todos os momentos que se procurasse o DETRAN.
Após sua administração naquele Departamento e de volta às atividades policiais manteve-se em absoluto anonimato para a população. Este cidadão, dando provas incontestes de sua enorme capacidade de administrar, continua, de modo imparcial, com a visão voltada para as necessidades da sociedade alagoana, haja em vista sua recente atuação, neste momento cruel da insegurança geral que nos acomete a todos, à frente do Comando de Policiamento da Capital com um saldo positivo no enfrentamento à banalização do crime em nossa PROVÍNCIA DE ALAGOAS.
As nossas observações têm propósito orientado ao abuso cometido pelas autoridades do trânsito em nossa Capitania-Mor, ressalte-se o absurdo bizarro, impregnado de uma estupidez desmedida e sem precedentes, onde se vê um guarda de trânsito com sua viatura em movimento, aplicando uma multa num veículo também em movimento na avenida Durval de Goes Monteiro, sem sequer orientá-lo a parar, conforme divulgado em programa de TV local.
Será o papel do BPTRAN manter a indústria das multas para aquinhoar a gorda herança mensal entre seus algozes? Com um - minguado? - saldo de mais de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), conforme amplamente divulgado nos meios de comunicação, já não se sabe em que ponto o sol nasce? Essa estrela de quinta grandeza deveria brilhar para todos, mas, infelizmente, ela não passa de um soturno sol.
Pois é. Para combater o engenhoso recurso das Multas&Multas, o CEL. COUTINHO continua, a meu ver e sem desmerecer tantos outros, sendo o homem indicado para a frente de batalha, e assim nos salvar dessa podre excreção, ensinando o caminho das pedras aos seus comandados. Nisso eu apostaria. AINDA ACREDITO EM HOMENS DE BEM.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Duodécimo da Câmara: 50% seria suficiente

A Gazeta de Alagoas de 23 de março (domingo) informa que cada vereador da Câmara Municipal de Maceió custará, este ano, R$ 1.704.523,81 ao cofre público de Maceió. A matéria da jornalista Ana Cláudia Dolores (Agência Nordeste) coloca a nossa capital como a 5ª no ranking Nordeste de gastos com vereadores. Colocada assim, a informação pode conduzir a um debate sobre o que é justo para cada cidadão gastar com os seus representantes. Como a imagem do político não anda lá nenhuma Brastemp, é óbvio que logo se dirá que não se deveria gastar coisa nenhuma com eles. Acho que essa discussão pode ser importante, no entanto há uma outra questão mais na ordem do dia: como está se gastando esse dinheiro na Câmara? Haverá esquemas como o da Assembléia Legislativa? Haverá necessidade de redução do duodécimo?
Com a responsabilidade e a frieza dos números podemos encontrar alguns indicativos que ajudarão a responder a estas perguntas. O orçamento prevê que o poder legislativo municipal receba em 2008 a importância de R$ 35.795 000,00. Isso significa que, mensalmente, a Câmara terá a sua disposição R$ 2.982.916,60. Em entrevista a uma rádio local, um vereador da Mesa Diretora informou que na Câmara trabalham 280 servidores efetivos. Se o salário médio for alguma coisa em torno dos R$ 1.200,00, teremos uma folha de pagamentos de servidores de R$ 336.000,00. Prevendo o 13° (mais 1/12 por mês) a folha seria de R$ 364.000,00.
Cada um dos 21 vereadores custa ao poder municipal algo em torno dos R$ 40.000,00 mensais (salário, ajuda do gabinete e comissionados), o que estabelecerá um gasto total ao mês de R$ 840.000,00. Com isso, servidores e vereadores gastam R$ 1.176.000,00. Comparando com o duodécimo de R$ 2.982.916,60, sobrará R$ 1.806.916,00 para o custeio mensal (aluguel, telefones, energia, água, material de escritório, manutenção, viagens etc). Se supormos um gasto diário de R$ 10.000,00 chegaremos a um custeio mensal de R$ 300.000,00, apontando uma sobra de R$ 1.506,916,00. Se esses números se aproximarem dos reais valores gastos pela Câmara Municipal de Maceió, concluiremos que ela funcionaria bem com 50% do que está recebendo.
Há um movimento de alguns vereadores para dar transparência as contas da Mesa. Esperamos que consigam convencer aos seus pares de que segredos muito bem guardados sobre como se gasta o dinheiro público, denunciam que há algo de irregular a ser escondido. Tomara que esses cálculos acima estejam errados e Alagoas se livre de um novo escândalo.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Paulo Henrique Amorim fora do IG

O jornalista Paulo Henrique Amorim, que hospedava o seu blog no portal IG, foi "convidado' a desembarcar do site na noite desta quarta-feira. Os motivos do rompimento do contrato estão publicados em nota de esclarecimento no novo endereço eletrônico do blog: http://www.paulohenriqueamorim.com.br. Paulo Henrique Amorim, graças ao enfrentamento que faz dos grandes conglomerados da mídia nacional, consegui ser um dos jornalistas mais visitados da internet brasileira.
Leiam a elucidativa nota de esclarecimento.


O Conversa Afiada ficou fora do ar por 08 horas e 58 minutos.Breve, escreverei um Máximas e Mínimas para tentar explicar o que aconteceu.O iG se limitou a enviar uma notificação assinada por Caio Túlio Costa, para avisar que o contrato se rescindia de acordo com clausula que previa um aviso prévio.Não é a primeira vez que me mandam embora de uma empresa jornalística. Só o Daniel Dantas me “tirou do ar” duas vezes: na TV Cultura e no Uol.E ele sabe que não vai me tirar, nunca... Com isso, se encerrou a vida deste blog num portal da internet.Nenhum blog de relevância política nos Estados Unidos, por exemplo, está pendurado num portal.Clique aqui para ver: http://www.huffingtonpost.com ou http://www.talkingpointsmemo.com, para ficar em dois dos melhores exemplos.Essa é a virtude a internet: último reduto do jornalismo independente.Assim, se você acha que o Farol de Alexandria e o presidente eleito são dois impostores; se você gosta do Festival do Tartufo Nativo; se acha que o PIG, além de ilegível, não tem salvação; que os portais da internet brasileira são uma versão – para pior – do PIG; que a Veja é a última flor do Fascio; que o Ministro (?) Marco Aurélio de Mello deveria ser impeached; que Daniel Dantas deveria estar na cadeia;que Carlos Jereissati e Sergio Andrade vão ficar com a “BrOi” sem botar um tusta; que a “BrOi” significa que o Governo Lula vai tirar Dantas da cadeia; que chega de São Paulo, porque está na hora de um presidente não-paulista etc etc etc ... se você acha tudo isso, continue a visitar o Conversa Afiada neste novo e renovado espaço. Em tempo: o Conversa Afiada anuncia publicamente que não é candidato a nada no iBest. Nunca levou isso a sério. Não vai ser agora que vai levar.Muitas novas atrações virão. Até já !

Paulo Henrique Amorim

quarta-feira, 19 de março de 2008

Memória da luta popular

A antiga e sofrida foto, abaixo publicada, é de um ato contra a carestia realizado no Centro de Maceió, em 1978. A informação mais importante da foto, entretanto, é o cartaz do jornalista Enio Lins. Um dos primeiros trabalhos na área da propaganda do hoje consagrado chargista. A foto é de José Feitosa e faz parte da memória da luta popular em Alagoas.

terça-feira, 18 de março de 2008

MÍDIA: manipulação é séria ameaça à democracia

Artigo do jornalista José Luiz Pompe

A descarada manipulação diária exercitada pela grande mídia em prejuízo da opinião pública não tem limites. A recente visita ao Brasil da secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, evidencia muito bem a violação da informação praticada pelos conglomerados da mídia dominante, tendo à frente os Estados Unidos, país que está no comando da globalização da economia.
Na entrevista “exclusiva” à Rede Globo, Rice (que aqui veio a fim de pressionar Lula a se colocar ao lado da Colômbia nas questões sul-americanas) em nenhum momento foi questionada sobre a infeliz e gravíssima defesa que George W. Bush fez da tortura como meio “legítimo” para arrancar “informações” de supostos terroristas em interrogatórios. Para o arrogante presidente, é válido aplicar sobre os suspeitos o chamado método "waterboarding", que consiste em pendurar o prisioneiro de cabeça para baixo e descê-lo até o pescoço em um recipiente com água, causando a sensação de sufocamento.
Para Bush, o horror das Torres Gêmeas veio em boa hora. Oportunidade ímpar para manipular a mídia em favor de seus interesses e promover seguidamente mais mortes que as causadas pelos ataques daquele 11 de setembro; um ótimo pretexto para confundir a opinião pública e ganhar “respaldo” para invadir países e até torturar pessoas.
Coerente com essa orientação manipuladora, a Rede Globo, principal porta-voz dos conglomerados da mídia no Brasil, é incansável em jogar a opinião pública contra quem ousa desafiar o poderio ianque. Um dos alvos preferidos da emissora é o presidente da Venezuela, Hugo Chávez (que condena o neoliberalismo), a quem classifica como louco inconseqüente e de quem omite ações positivas, como sua atuação em prol do fortalecimento da América do Sul e nas negociações que resultaram na libertação de reféns há vários anos prisioneiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Nessa trilha, editou apenas o lado “simpático” de Condoleezza e chegou até a tratar de modo banal o estúpido apoio que ela atribuiu à Colômbia (cujo presidente, Alvaro Uribe, é declarado aliado de Bush) por ter invadido território do Equador para exterminar guerrilheiros das Farc, com isso violando o sagrado direito à soberania de um país.
Outro alvo preferido para os ataques da grande mídia é o ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, considerado “inimigo mortal” dos Estados Unidos por não se submeter aos ditames da nação de Bush. Esses manipuladores da informação deixaram, por exemplo, de registrar o alerta feito por Fidel em 2005 sobre uma suposta conspiração dos Estados Unidos para matar Chávez, que na ocasião firmara um acordo para Cuba adquirir petróleo em troca de serviços médicos e educacionais, aumentando com isso o temor de que um regime ao estilo do cubano possa surgir no país sul-americano, um importante fornecedor de petróleo para os norte-americanos. “Esse alerta vem de um sobrevivente. Eu sobrevivi”, disse então Fidel ao registrar ter sobrevivido a pelo menos cem tentativas de assassinato.
No caso brasileiro, mesmo quando contrariado em sua orientação política, ao contrário do que fez Chávez com a Televisora Venezolana Social, o governo Lula nunca sinalizou no sentido de recorrer à alternativa de cassar a permissão dos grupos que atualmente detém os veículos de informação, embora a concessão caiba ao Ministério das Comunicações. Atualmente, as concessões são renovadas quase que automaticamente.
Porém, motivos para cassação é o que não faltam, já que, ao desrespeitarem muitos dos princípios que regem a conduta das emissoras previstos na Constituição Federal, os cidadãos são privados de um direito fundamental: a liberdade de expressão. Historicamente, as concessões são distribuídas segundo interesses políticos. Não se estabelece o controle público para garantir a pluralidade necessária para a consolidação da democracia.
No mundo “globalizado”, a informação é considerada uma mercadoria como outra qualquer e adquire outros valores que não aqueles como a verdade, a ética, o direito dos cidadãos de serem corretamente informados. O que prevalece é a livre-oferta, e assim, qualquer intervenção do Estado é considerada como “censura”. O papel do Estado como coordenador dos sistemas de informação e de comunicação, no interesse da liberdade de informação cidadã, deixa de existir.
Oitenta por cento do mercado da mídia mundial estão nas mãos dos Estados Unidos e da Europa (40% cada). Essa concentração é crescente e nociva aos interesses da opinião pública mundial. Empresas são engolidas, absorvidas por outras mais poderosas. Formam-se oligopólios que controlam a multimídia e expandem-se cada vez mais. Essa concentração constitui-se numa séria ameaça à democracia .
Muitos são os fatos de relevante importância que foram submetidos à manipulação da mídia para confundir e deturpar a reação da opinião pública. Um forte exemplo foi a cobertura da guerra do Golfo em 1991: as imagens transmitiam ao vivo a “guerra limpa” dos mísseis riscando os céus, mas não mostravam a dor causada pelas bombas com o propósito de não despertar o sentimento de solidariedade às vítimas daquela carnificina que a Rede Globo, traduzindo do inglês para o português, chamava de “intervenção cirúrgica”. A imprensa tratou de ocultar as razões econômicas da guerra forjando justificativas “humanitárias e democráticas”. Não mencionava o verdadeiro motivo do massacre: o controle sobre uma das regiões produtoras de petróleo mais importantes do mundo.

domingo, 16 de março de 2008

O Estado laico entre a cruz e a balança

A Tribuna Independente, em sua edição de domingo 16 de março de 2008, aborda um tema mais do que polêmico: a interferência de argumentos religiosos sobre as decisões éticas e políticas. O jornalista Gilson Monteiro ouviu opiniões de segmentos importantes na formação da dita opinião pública, buscando jogar luz sobre o tema, que veio à tona com mais força devido às decisões judiciais que estão sendo tomadas sobre pesquisas com células-tronco e legalização do aborto.
Alberto Saldanha, conceituado cientista político e professor da UFAL, bota o dedo na ferida já na saída: "Há uma contradição. Diante de temas polêmicos, nossos legisladores, em vez de estimular o debate com a sociedade, evitam se contrapor aos dogmas da igreja, principalmente a Católica, que são compartilhados pela maioria da população. Dessa forma, o debate franco e aberto, o dissenso, é considerado negativo, porque poderá trazer prejuízos eleitorais", avalia Saldanha. "O resultado disso é que o Estado não vai garantir os direitos fundamentais ao homem se submetendo a interesses particulares. Independentemente da fé, existe um conjunto de regras, de direitos imprescindíveis que estão além da Bíblia", analisa o cientista político. A resposta da igreja católica é dura e acusa os cientistas políticos de responsáveis por uma “mentira histórica”. Reclama para si uma autoridade moral e não religiosa, que a faz ter mais credibilidade do que o parlamento, segundo as palavras de dom Antônio Muniz, arcebispo metropolitano de Maceió, “isso acontece porque a Igreja, tem sempre uma postura coerente, não prega mentiras, baseando-se em postulados verdadeiros”.
O juiz Pedro Ivens Granja é quem responde: "Os dogmas católicos sempre criaram obstáculos ao Direito, mas a postura reacionária da Igreja, sobretudo a Católica, já não encontra muito respaldo na sociedade. A igreja está perdendo o “bonde” da história, e já não consegue mais barrar a evolução natural da sociedade". O juiz faz questão de destacar que esses conceitos são defendidos por um segmento da instituição, mas que existe um campo progressista na Igreja.
Como se vê, é tema para muito debate, envolvendo questões filosóficas e políticas, exigindo muito equilíbrio e a clara definição do papel de cada setor, como destaca o deputado Judson Cabral (PT) na matéria publicada na Tribuna Independente: “Na visão de Cabral, quando um parlamentar passa a defender dogmas ou o crescimento do seu grupo religioso no Congresso, ele deixa de atuar para o progresso geral da sociedade”.
Posto o debate, vamos debatê-lo... Ôpa! No mesmo domingo, abro a Gazeta de Alagoas e leio na página D20 que o deputado federal Givaldo Carimbão, através de emenda parlamentar (dinheiro do governo federal), conseguiu R$ 300 mil para ajudar na recuperação da secular igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Penedo. O importante patrimônio cultural vem sofrendo há tempos pelo abandono a que foi submetido e, como está tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional, pode recorrer a verbas públicas, desde que os proprietários argumentem que não tem condições financeiras para mantê-lo em condições de preservação, já que é um patrimônio privado (da igreja católica). Aliás, é bom ressaltar que esta é uma das raras situações em que se permite investimento do dinheiro público em melhorias de bens privados.
Fica a pergunta: a igreja católica é pobre mesmo ou essa contribuição do “laico” dinheiro público é resultado das questões sugeridas na matéria da Tribuna Independente?

quinta-feira, 13 de março de 2008

A revista Superinteressante libera todo o seu arquivo


Para quem gosta, a Superinteressante oferece todo o seu acervo de textos gratuitamente! São mais de 12 mil páginas com as matérias de capa e algumas das seções que construíram a história da revista. Em breve, todos os especiais, o restante das seções e o conteúdo integral das edições em 2005 e 2006 também estarão disponíveis. O endereço é http://super.abril.com.br/super2/superarquivo/. A dica veio do jornalista José Luiz Pompe.

A "euforia comedida" do PIB

A análise a seguir é de Paulo Nogueira Batista Jr, economista e professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, e foi publicada em artigo na Folha de S Paulo.

Um aspecto merece destaque: a forte expansão da demanda interna, particularmente do investimento. A formação bruta de capital fixo, definida como o aumento do estoque de bens duráveis destinados ao uso das unidades produtivas, cresceu 13,4% em 2007, duas vezes e meia o ritmo de crescimento do PIB. Trata-se da maior taxa de expansão anual desde o início da nova série do IBGE, em 1996. Como se sabe, o aumento do investimento amplia ao mesmo tempo a demanda e a oferta agregadas, o que favorece a sustentação do crescimento ao longo do tempo. A expansão da capacidade produtiva facilita a conciliação entre crescimento econômico e controle da inflação.
Já o setor externo da economia teve influência negativa pelo segundo ano consecutivo. A taxa de crescimento das importações de bens e serviços foi mais que o triplo da taxa de crescimento das exportações no ano passado, o que reflete a persistente e problemática valorização do real.
Temos como sustentar esse crescimento ou até aumentá-lo ao longo dos próximos anos? Creio que sim.
O potencial de crescimento do país vinha sendo subestimado por muitos economistas, como parecem comprovar os números recentes.
A experiência começa a revelar como era enganosa aquela idéia, muito difundida entre nós, de que o Brasil só voltaria a crescer depois que implementasse uma série de difíceis reformas estruturais (previdenciária, tributária, trabalhista etc.). As reformas estruturais podem ser importantes, mas não constituíam precondição para a retomada do crescimento econômico. O governo Lula foi seduzido por essa idéia durante a maior parte do seu primeiro mandato, mas depois percebeu que estava marcando passo e deu mais ênfase à aceleração do crescimento.
Quais são os riscos? Destacaria três. Primeiro, há o risco de que um excesso de zelo na condução da política antiinflacionária venha a abortar o crescimento em curso. Segundo, a existência de gargalos na infra-estrutura de transporte e energia pode limitar a expansão da economia nos próximos anos. Por último, não se deve descartar um agravamento do quadro econômico internacional, o que afetaria a nossa capacidade de crescer -especialmente se esse agravamento coincidir com uma deterioração acentuada das nossas contas externas provocada pela valorização cambial.
Mas os riscos são administráveis e podem ser enfrentados com sucesso. Equilíbrio na política de combate à inflação, investimentos em infra-estrutura e reforço da nossa posição externa – esses são os elementos centrais para garantir a continuação do crescimento.

quarta-feira, 12 de março de 2008

TV Brasil aprovada: oposição não engole derrota e faz ameaças

A oposição de direita (PSDB e DEM) mostrou que não sabe perder e nem respeitar as regras do jogo político democrático. Ao ser derrotada na sua tentativa de inviabilizar a criação da TV Brasil, demos e tucanos ameaçaram um ''boicote geral'' às votações do Congresso. Na foto, Virgílio e Agripino, irritados com a derrota.

O Senado Federal aprovou na madrugada desta quarta-feira (12), o projeto de lei que cria a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que vai gerir a TV Brasil - canal de televisão públio, de caráter não comercial. A aprovação se deu sem a presença da oposição, que abandonou o plenário quando percebeu que seria derrotada.
A matéria é proveniente da medida provisória 398/07. A criação da TV Brasil foi o assunto que permeou as discussões desde as 17h30 de ontem (11) até as 3h da madrugada de hoje. Durante a apreciação de outras matérias, os senadores governistas acusaram a oposição de tentar prolongar os debates para dificultar o exame do projeto. Contrários à TV Brasil, pois temem que ela se transforme num contraponto à mídia hegemônica, os oposicionistas queriam ganhar tempo para impedir a votação até a próxima quarta-feira --último dia de trabalhos do Congresso antes da Sexta-feira Santa, quando a medida provisória da TV pública deixaria de vigorar.
Mas a manobra da oposição foi por água abaixo quando o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-PR), orientou a base governista a rejeitar uma medida provisória de menor importância que estava sendo debatida antes da MP da TV pública. A MP rejeitada estendia ao trabalhador rural autônomo enquadrado como contribuinte individual o prazo de dois anos para requerer aposentadoria por idade no valor de um salário mínimo. Já existe projeto semelhante na Câmara.
A oposição foi pega de surpresa com a decisão de Jucá e, vendo que seria derrotada, passou a tumultuar a sessão. A balbúrdia oposicionista foi rechaçada pelo presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMB-RN), e diante disso os senadores do PSDB e do DEM deixaram o Plenário, de modo que não participaram da deliberação da votação da TV Brasil.
Com a decisão do DEM e do PSDB de abandonar o plenário, as votações transcorreram de forma rápida viabilizando a apreciação de duas matérias: a MP 397 e a TV pública. ''Isso foi o troco da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira)'', afirmou o líder do PTB, Epitácio Cafeteira (MA), comentando a iniciativa de Jucá.

Elogios à TV Brasil

Mais tarde, ao final da sessão, logo depois das 3h da madrugada, Garibaldi afirmou que apesar de todas as dificuldades apresentadas ao longo do dia, estava satisfeito porque o debate democrático havia prevalecido. Ele disse acreditar que a TV pública vai efetivamente cumprir seu papel perante a sociedade brasileira.
O relator da matéria, senador Renato Casagrande (PSB-ES), ao proferir parecer favorável à aprovação da matéria, disse que, pela primeira vez, seria feita no Brasil a definição e a regulamentação dos princípios e objetivos da comunicação pública. Ele também sugeriu alterações futuras na legislação, como a ampliação das cotas mínimas de exibição de conteúdo regional e de produtores alternativos.
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) disse que a TV Brasil vai abrir espaço para a produção independente e contará com mecanismos de controle social como uma ouvidoria e um controle gestor composto, inclusive, por representantes do Congresso Nacional.
Também se manifestaram a favor da criação da TV Brasil os senadores Tião Viana (PT-AC), José Sarney (PMDB-AP), Flávio Arns (PT-PR), Marcelo Crivella (PRB-RJ), Eduardo Suplicy (PT-SP), José Nery (PSOL-PA), Inácio Arruda (PCdoB-CE), Delcídio Amaral (PT-MS), João Pedro (PT-AM) e Paulo Paim (PT-RS).

Enfrentar a oposição

Apesar do desfecho favorável à criação da TV Brasil, a sessão de ontem comprometeu o entendimento feito horas antes, entre governo e oposição, para a votação do Orçamento nesta quarta-feira.
A oposição avisou que o acordo estava rompido e, de forma irresponsável, ameaçou boicotar todas as atividades do Congresso. ''Nunca mais haverá um acordo nesta Casa. Amanhã não passa nada nas comissões, vamos pedir vistas de tudo. O comportamento será assim, inclusive no orçamento. A partir de amanhã o Senado vai viver uma situação de confronto entre governo e oposição'', anunciou o irritado líder tucano, Arthur Virgílio (PSDB-AM).
O presidente do Senado, Garibaldi Alves, não gostou do tom ameaçador da oposição e, na manhã desta quarta-feira, afirmou que submeterá à votação, em sessão conjunta do Congresso marcada para as 15h, o projeto de lei do Orçamento para 2008. Questionado pela imprensa a respeito do risco de não haver deliberação por causa do boicote oposicionista, Garibaldi afirmou: ''O Parlamento é a Casa dos representantes do povo. Não é a casa dos representantes do governo, nem a casa dos representantes da oposição. Todos são representantes do povo e eu, como presidente, nem sou representante do governo, nem da oposição'', disse.
Na mesma entrevista, ainda, Garibaldi respondeu a um jornalista que quis saber se ''o clima ficou alterado desde ontem à noite'': ''Esta Casa precisa trabalhar em ordem, e ontem o que se viu em determinado momento foi desordem e desordem não constrói. Vamos votar, sim'', afirmou.
Ontem, o presidente Lula já havia avisado aos aliados, durante reunião do Conselho Político, que gostaria que a base do governo fosse mais incisiva em sua atuação no Congresso e fizesse valer a maioria. Para o presidente Lula, chegou a hora de ''enfrentar a oposição''.
Na avaliação dos aliados, Lula percebe que há corpo mole na base para votar e que apenas a oposição, que é minoria, não conseguiria barrar as votações. ''Nós temos número, mas não temos número (na hora de votar)'', disse Lula, segundo relato do líder do PSB na Câmara, Márcio França (SP), um dos presentes ao encontro.
O presidente disse que não é mais possível esperar o consenso porque a oposição não quer acordo. Além disso, Lula pediu atenção dos aliados para evitar a repetição dos problemas que marcaram a votação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), no ano passado, quando, apesar de ceder, o Planalto foi derrotado pela oposição.
Portal Vermelho
Cláudio Gonzalez,com informações da Agência Senado

segunda-feira, 10 de março de 2008

Tortura em cena

Duas notícias preocupantes ganharam destaques nos meios de comunicação. A primeira informa que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, vetou legislação aprovada pela Câmara dos Deputados que proibiria a CIA de simular afogamento e outras técnicas controversas de interrogatório. Os deputados dos EUA tinha aprovado a medida contrária à tortura, limitando as ações da CIA. O próprio Bush defendeu a sua atitude: “Como o perigo continua, nós temos que assegurar aos nossos funcionários da inteligência todas as ferramentas que eles precisem para conter os terroristas”.
O cidadão teme novos ataques e Bush vai aproveitando para ir minando as garantias democráticas. Em nome do combate ao terrorismo justifica-se a tortura.
No Brasil a ameaça violenta é outra: a bandidagem organizada e desorganizada. A agressão que o brasileiro sofre com os assaltos, seqüestros e todo tipo de violência, tem levado muita gente a achar que a polícia tem que torturar nas investigações policiais. Assim identifica a pesquisa realizada pela agência Nova S/B em parceria com o Ibope. Ela mostra que 26% dos brasileiros admitem, nesses casos, a tortura.
O surpreendente da pesquisa é que ela mostra os segmentos sociais mais esclarecidos e com maior renda, como os que mais cobram essa prática. Os que têm curso superior aparecem com 40%, e os que têm uma renda superior a cinco salários mínimos chegam a 42%.
Sinais de impaciência ou desespero? De qualquer forma é preocupante.

terça-feira, 4 de março de 2008

Capitão Carlito fala sobre Cuba e o comandante Fidel

Visitei Carlito Lima assim que soube da sua volta de Cuba. Mesmo sabendo que o motivo da sua viagem tinha sido participar de um encontro de escritores e de uma feira de livros, não pude deixar de querer saber as suas opiniões sobre a ilha e, particularmente, sobre a renúncia de Fidel Castro, fato ocorrido durante a sua estada naquele país.

Blog do Ticianeli – O que fez Carlito Lima trocar o entardecer da praia da Pajuçara por Cuba?
Carlito Lima – Eu fui convidado pela ABRACE, que é uma associação uruguaia que engloba escritores latinos americanos, para participar do 9º Encontro ABRACE, lá em Cuba. Eles têm uma reunião por ano, a última tinha sido no Uruguai e a 9ª foi agora em Cuba. Além dessa reunião de escritores latinos americanos, que contou com mais de 70 participantes, teve também a 17ª Feira Internacional de Livros de Havana, que é uma das maiores do mundo, uma coisa extraordinária.

BT – O que fez Cuba para se transformar em um pólo importante da literatura mundial?
CL – Cuba é uma referência política do século XX. Existe um respeito muito grande a história cubana. Têm muitos estrangeiros estudando a revolução cubana de 1959. Eu visitei o Museu da Revolução e vi muitos canadenses e principalmente europeus que vão lá conhecer o que foi a revolução cubana. Isso também é contado em livros, faz parte da literatura. Existe também uma literatura cubana repleta de bons escritores.

BT – Como brasileiro e alagoano Carlito Lima tinha muito a contar aos cubanos e aos outros escritores?
CL – A minha conferência era sobre a influência da revolução cubana de 59 no golpe militar de 64 no Brasil. Eu falei sobre o Nordeste brasileiro; que eu era tenente nessa época no Recife. Mostrei uma situação étnica nossa muito parecida com a dos cubanos. Falei sobre a mistura nordestina, dos índios nativos, do branco e do negro e que os negros que vieram aqui para o Nordeste, vieram da mesma região africana que os negros que foram para Cuba. Nós somos povos muito parecidos. Mostrei que a história do Nordeste registra várias revoluções e que o Brasil, ao ser descoberto, foi dividido em capitanias hereditárias e que continua hoje quase que como se fosse no período do seu descobrimento, existindo, na prática, capitanias hereditárias, porque 40% do PIB está nas mãos de meia dúzia de famílias. Relatei que o povo já se rebelou várias vezes. Expliquei o que foi a república de Zumbi: cem anos de liberdade dos negros de Palmares. Falei sobre Canudos e seus líderes, de Lampião, e Padre Cícero. Falei também que logo depois da revolução cubana, em 1959, começaram a aparecer as Ligas Camponesas no Nordeste, comandadas por Francisco Julião, que foi um grande líder e que essas ligas receberam muitas influências da revolução cubana. Foi por aí...

BT – Você estava em Cuba no dia em que Fidel Castro se afastou do governo, como o escritor, sensível a realidade, percebeu a reação dos cubanos?
CL – Os cubanos reagiram de forma discreta. Queira ou não queira, ainda há uma ditadura em Cuba. Só existe lá um canal de televisão e um jornal, o Gramna. Quando estávamos reunidos, eu peguei o Gramna, que tinha publicado a renúncia de Fidel Castro, e disse: minha gente vamos tirar uma fotografia que nós estamos vivendo um momento histórico aqui em Cuba. Um escritor cubano rapidamente me pediu para não tirar a fotografia. Mas o povo cubano assume a revolução cubana, o seu socialismo pobre, mas ele assume... Tem orgulho da revolução cubana. Essa é a grande verdade que eu constatei.

BT – Qual a sua impressão das conquistas do socialismo em cuba?
CL - A conquista do socialismo é total. Tudo é socializado em Cuba. O cubano tem educação de graça; tem saúde – é uma das melhores saúdes do mundo; ele tem direito a um emprego e também a uma moradia. São as quatro coisas básicas do homem, isso aí eles têm. O ensino é obrigatório. Todos os meninos cubanos estão em sala de aula. Não há uma criança fora da sala de aula. Eles fazem o primário, depois o secundário e, quando termina o secundário, eles vão servir ao exército. Passam um, dois anos nas forças armadas. A partir daí é que eles ficam esperando algum emprego. Eles já estão relacionados para serem empregados, então vem o governo e diz: “olha, tem um emprego para você no posto de gasolina tal”, que é tudo estatal, então o camarada vai lá e pega aquele emprego ou, por exemplo, de motorista de táxi. Eu conversei muito com motorista de táxi, com as empregadas do hotel, com garçom, com intelectuais, com artistas, inclusive, me levaram na casa deles. Eu vi que eles têm um orgulho muito grande da revolução cubana, mas, mesmo com essas conquistas sociais, poderia se ter mais conquistas materiais. Eles estão vivendo ainda uma época que lembra os anos 60 ou 70. Não têm acesso ao consumo do resto da humanidade.

BT – O bloqueio econômico dos EUA atrapalha a construção de uma sociedade mais moderna em Cuba?
CL – Mais claro que é isso! O grande respeito que temos pelo povo cubano é justamente pela capacidade de resistir contra esse bloqueio econômico e militar dos Estados Unidos. É um bloqueio cruel. Os EUA não só não comercializam com Cuba, como instigam os outros países aliados a eles a fazerem a mesma coisa. Assim que rebentou a revolução cubana os EUA deixaram de comprar o açúcar deles. A União soviética foi lá e assumiu. O povo cubano, de certa forma, aceita o que tem. Essa é a primeira impressão que temos.

BT – Vale a pena conhecer uma experiência como a cubana?
CL – Acho que vale a pena sim. É uma experiência histórica para o mundo. Agora acho que demorou muito - são 50 anos - a fazer uma abertura como a China. Só que essa situação econômica influenciada pelo império americano é que é cruel. E não só para Cuba, mas para todo o mundo. Posso dizer que fiz boas amizades em Cuba e pretendo voltar lá qualquer dia desses.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Limiar do Tempo, de Júnior Almeida, para download


O Junior Almeida, um expoente da música alagoana, está disponibilizando para download as músicas do seu último trabalho, o disco "Limiar do Tempo". No site divulgado ele também oferece para download fotos e a sua agenda de shows. O endereço é: http://palcomp3.cifraclub.terra.com.br/junioralmeida/. Música de excelente qualidade, na minha suspeita opinião.

Nota do PT defende Paulão

NOTA DE REPÚDIO

Diante dos últimos fatos amplamente noticiados pela imprensa, onde os Deputados Cícero Amélio (PMN) e Dep. João Beltrão (PMN) acusam levianamente o companheiro Deputado Estadual Paulo Fernando dos Santos – Paulão de ter participação em esquema de empréstimo consignado fraudulento na Assembléia Legislativa de Alagoas – ALE e ainda que dirigentes do PT-AL teriam utilizado R$ 700.000,00 (Setecentos Mil Reais) oriundos de Cartões Corporativos do Governo Federal na Campanha Eleitoral/2006, a Direção Estadual do Partido dos Trabalhadores vem a público afirmar e esclarecer que:

1. O Deputado Paulão contraiu empréstimo consignado dentro das normas legais vigentes e das regras estabelecidas pelo Sistema Financeiro Nacional, utilizando as mesmas prerrogativas que qualquer cidadão pode utilizar para essas modalidades de empréstimo bancário; não fraudou documentos ou utilizou indevidamente recursos públicos, e não se encontra no rol de denunciados pela Polícia Federal por empréstimos fraudulentos e/ou desvios de recursos públicos;

2. Sobre a suposta utilização de recursos ilegais oriundos de cartões corporativos do Governo Federal para campanhas do PT em Alagoas, divulgadas na Folha de São Paulo e repercutida por parlamentares alagoanos, trata-se de uma afirmação mentirosa. Nenhum dos candidatos do PT que concorreram às eleições de 2006 utilizava cartões corporativos quando no exercício de cargos públicos. Os candidatos que eram servidores públicos afastaram-se dos respectivos cargos seis meses antes do pleito eleitoral, como determina a lei, portanto, seria impossível fazer saques três semanas antes das eleições como foi levianamente divulgado. Inclusive, os valores citados são absolutamente incompatíveis com o instituto do suprimento de fundos – via cartão corporativo – regulado por legislação que normatiza seu uso para pequenas despesas.

3. Os petistas ocupantes de cargos públicos federais por indicação partidária apresentam relatórios de atividades à Executiva, vêm desempenhando suas funções com competência e dentro da legalidade, e nada consta contra essas pessoas cujas histórias as credenciam para a ocupação de cargos públicos a serviço da cidadania;

4. O Partido dos Trabalhadores de Alagoas solicitou, formalmente, do Jornal Folha de São Paulo, o direito de resposta e divulgação das informações verdadeiras. Caso não seja atendido, o PT irá utilizar os meios jurídicos cabíveis contra o referido meio de comunicação para garantir o exercício do direito de resposta e o restabelecimento da verdade;

5. A disseminação das informações mentirosas contra o PT e seus representantes é mais uma ação desesperada de setores elitistas que - sendo flagrados em ilícitos penais, desvios de recursos públicos e falcatruas com a folha de pagamento da Assembléia Legislativa de Alagoas - tentam plantar denúncias fantasiosas e jogar a todos na vala comum dos que se utilizam de mandatos públicos para favorecimento pessoal. Tais calúnias não atingem àqueles que têm uma história de vida política pautada pela ética, pela decência e pela honestidade no trato das coisas públicas, a exemplo do Deputado Paulão, que foi um dos que apresentou formalmente denúncias contra a caixa-preta e os favorecimentos ilícitos na Casa de Tavares Bastos;

6. Externamos nossa total solidariedade e confiança no Deputado Estadual Paulão e rechaçamos essas versões infundadas e inverídicas levantadas de maneira leviana pelos parlamentares citados, que hoje são réus em processos de improbidade, e, portanto, não têm legitimidade para atacar a história do Partido dos Trabalhadores;

7. Por fim, o Partido dos Trabalhadores solidariza-se com o Procurador Geral de Justiça Dr. Coaracy Fonseca e demais membros do Ministério Público Estadual que estão sofrendo ataques que visam desqualificá-los, para desmoralizar e enfraquecer o MP-AL. Tais ataques são uma mera represália por este estar agindo com firmeza no combate à corrupção e à fraude verificadas na ALE.

8. Estamos convictos que Alagoas vive um novo momento e que a ação decidida dos agentes da lei e da ordem e a manifestação popular crescente promoverão a Justiça para os alagoanos e alagoanas. Continuaremos na tribuna parlamentar e nas ruas com os movimentos sociais, fortalecendo a sociedade alagoana que clama pelo FIM DA IMPUNIDADE, COMBATE À CORRUPÇÃO, COMBATE À CRIMINALIDADE E Á VIOLÊNCIA!

Maceió-AL, 29 de fevereiro de 2008

Direção Estadual do Partido dos Trabalhadores